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Peixe leva nome de fóssil humano mais antigo das Américas

Vandre Dubiela
Vandre Dubiela
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Uma nova espécie de peixe do gênero Ancistrus, conhecido popularmente como cascudo, descoberta por um pesquisador do Laboratório de Ictiologia (LIC) em parceria com pesquisadores de outras instituições, acaba de ser batizada com o nome Ancistrus luzia. O peixe, que habita os rios Xingu e Tapajós, localizados no norte do País, na região da Floresta Amazônica, foi encontrado pelos professores José Luís Birindelli, do Departamento de Biologia Animal e Vegetal e pesquisador do Museu de Zoologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL); Leandro Sousa, da Universidade Federal do Pará (UFPA); e Marcelo Britto, do Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A descrição do peixe consta em um artigo, publicado recentemente na revista Neotropical Ichthyology pelos três pesquisadores e pelo doutorando de Pós-Graduação em Zoologia da UFRJ, Emanuel Neuhaus. A espécie de água doce, embora tenha sido descoberta há 15 anos, foi nomeada recentemente, em homenagem ao fóssil Luzia, considerado o mais antigo fóssil humano encontrado nas Américas.

De acordo com Birindelli, o peixe, de apenas 10 centímetros, é exclusivo das regiões médias do Xingu e Tapajós, próximas à divisa do Pará com o Mato Grosso. Suas principais características – que o distinguem como espécie ímpar – são suas cores únicas de linhas pretas na sutura dos ossos. “Essas características surgiram por mudanças genéticas aleatórias e foram fixadas pela seleção natural, com fins de camuflagem”, explica.

A nova espécie foi descoberta enquanto os professores participavam do projeto All Catfish Species Inventory (ACSI), financiado pela National Science Foundation (NSF), dos Estados Unidos.

 

 

O Ancistrus luzia é uma das 80 espécies do gênero Ancistrus que possui focinho nu e barbelas. Birindelli conta que a espécie já era uma velha conhecida de aquaristas, que, na ausência de um nome para designar o pequeno peixe, batizaram-no de “L159”. “Os aquaristas precisam de formas imediatas de identificação dos peixes. Como a ciência anda em outro ritmo, mais lento, os nomes científicos acabam vindo depois”, diz Birindelli.

No ano de 2010, três anos após a coleta dos primeiros exemplares, os pesquisadores voltaram à região para amostrar mais rios em busca de novos exemplares.

Desde a descoberta do Ancistrus luzia até a descrição da espécie, muita água rolou. As coletas iniciaram na região da Serra do Cachimbo, mas foram se expandindo até próximo de Altamira, no Pará, a 800 km de Belém. Depois, o grupo comparou as coletas com as de outros cascudos da região e, também, de outras regiões, para conferir se não se tratava de outra espécie já catalogada, o que pode ocorrer devido à imensa variedade de espécies na América do Sul.

(AEN)

(Vandre Dubiela/Sou Agro)

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