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Será que a La Niña não vai dar trégua?

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| A La Niña tem sido uma verdadeira pedra no sapato dos agricultores. Afinal o fenômeno tem trazido muitas incertezas e reflexos no clima, resultando em muita instabilidade. Tudo está desregulado, seja com seca demais ou chuvas em excesso, mas sem distribuição uniforme, ou até mesmo geadas precoces mas o que todo mundo quer saber é: Até quando a La Niña fica? Sirlei Benetti, idealizadora do portal Sou Agro, conversou com Ronaldo Coutinho que é engenheiro agrônomo sobre o assunto. Durante uma live muito esclarecedora os dois debateram os reflexos e a permanência do fenômeno.

ASSSISTA A LIVE SOBRE LA NIÑA:

 

Tudo indica que a La Niña vai permanecer por um bom tempo e é importante acompanhar as previsões, pois o cenário está em constante mudança. No Paraná, o começo de março deve ser marcado por chuvas, mas isso não quer dizer que a estiagem foi embora: “A estiagem não acabou, ela foi apenas tomar um café. Então a chuva ela vem nesse momento ajudar quem tem lavoura em andamento para quem ainda pode ser ajudado, porque para alguns já veio tarde. Ajuda para pastagem de inverno, pastagem nativa e alguma coisa de abastecimento. Então é aquele tipo de chuva que ajuda na hora, mas depois quando começa a chegar no meio de março, ao longo de março, começa diminuir de novo. A La Niña não é falta de chuva, é chuva muito mal distribuída. Com semanas de muita chuva e depois para e volta o período seco.”, detalha Coutinho.

E essa irregularidade toda resulta em muitas incertezas para quem depende das condições climáticas, mas acabar com a estiagem, não é algo simples e nem algo que a La Niña vá colaborar: “Para acabar com essa estiagem seria preciso chover de 1 a 2 anos chovendo de 20 a 30% acima do normal, durante todos os meses, por pelo menos 15 dias no mês. Isso vai acontecer? não”, diz Coutinho.

 

A La Niña está fortalecida e não deve ir embora tão cedo, nas previsões ela aparece todos os meses até dezembro. As expectativas não são as mais favoráveis para as lavouras nos três estados do Sul do Brasil: “Nós podemos ter uma situação pior que em 2021. No momento a tendência é que a gente tenha uma safra 2022/23 igual ou pior que essa”, detalha Coutinho que diz que o sul do país precisa torcer para que haja uma mudança nessa perspectiva.

A última La Niña tão intensa foi registrada nos anos de 1986, 87, 88, 89 e 2000 terminando em 2001: “O problema é que estamos 3 anos e meio sem chuva. Chove em anos de La Niña, mas o que acontece quando chove em um estado que tem 3% de mata original, o outro tem 2% e o outro tenha talvez 10%? A água vai, lava não infiltra, ainda leva um pouco da terra boa, o adubo e essa água está lá no Atlântico. Choveu forte nesses três anos de estiagem, nós tivemos enchentes no RS, SC e PR, mas onde foi parar essa água? Ela deveria estar no subsolo. Nós já tivemos muitos dias sem chuva, mas com solo tendo reserva. Agora o solo não tem reserva, por isso que a safra 2022/23 é mais problemática que essa”, detalha Coutinho.

 

Já as previsões para o inverno são bem parecidas com as de 2021 só que deve vir mais acentuada: “A virada de chave na segunda quinzena de março já devem aparecer as primeiras massas de ar frio, inclusive podendo ter alguma geada na área sul da Argentina. No RS, SC e PR nas áreas altas já começa a ter previsão de geada em abril e ao longo de maio e aí pra frente é normal, toda região Sul do Brasil corre riscos”, explica Coutinho.

 

O QUE É A LA NIÑA?

La Niña consiste em uma alteração periódica das temperaturas médias do Oceano Pacífico. Essa transformação é capaz de modificar uma série de outros fenômenos, como a distribuição de calor, concentração de chuvas e a formação de secas.

Quando a alteração da temperatura das águas do Oceano Pacífico aponta para uma redução das médias térmicas, o fenômeno é nomeado de La Niña, basicamente o efeito La Niña está ligado ao resfriamento das temperaturas médias das águas do Oceano Pacífico, representando exatamente o oposto do fenômeno El Niño, que produz um aquecimento anormal de suas temperaturas.

 

(Débora Damasceno/ Sou Agro)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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