“Inviabilidade na produção de leite por parte do produtor”, diz Conseleite sobre queda de 17% no valor de referência

Débora Damasceno
Débora Damasceno

#souagro| O ano tem sido marcado por muitas incertezas para o produtor de leite. No começo deste mês trouxemos aqui no Sou Agro, o desabafo de uma produtora sobre o atual cenário do setor: “Tá difícil, tá muito difícil dar conta de pagar todos os boletos. E para complicar, mais uma baixa está por vir. No mês que vem eu não sei até quando nós produtores vamos aguentar. Volto a dizer. Nós, produtores de leite, nós não temos segurança com a nossa produção. Nós produzimos sem saber o preço que vamos receber amanhã”, disse Rosângela Castelli.

E esta situação realmente é preocupante. Para se ter uma ideia, em agosto o  valor de referência do leite entregue em agosto a ser pago em setembro despencou 17%, apontou o Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Paraná (Conseleite-PR). A tendência de queda deve seguir em setembro, conforme projeção baseada nas três primeiras semanas desse mês.

 

“Já esperávamos uma redução no valor de referência, mas nos surpreende o tamanho dessa queda”, alertou o vice-presidente do Conseleite-PR, Ronei Volpi. “Nossos custos de produção não baixaram e não vão baixar. Provavelmente teremos um ano pela frente com cenário de custos que não tem perspectiva de baixa, já que a previsão do tempo é que possa haver chuvas abaixo da média com a La niña, além das pragas ameaçando o sucesso das safras de milho e soja”, completou.

Com a perspectiva de queda aguda pela frente, conforme análise de Volpi, é certo que várias fazendas leiteiras vão passar a trabalhar no vermelho. “Gostaria de solicitar, perante todos das indústrias e dos produtores, que conversem entre si para amenizar no que for possível esse momento. Estamos falando de inviabilidade de produção de leite por parte do produtor, o que vai afetar diretamente na indústria, por causa da redução na oferta de matéria-prima. Precisamos olhar com muita cautela para isso”, recomentou Volpi.

Mercado

Os meses de junho e julho refletiram a aceleração da inflação de lácteos no país, disparidade na oferta e demanda e a conjuntura internacional do pós-pandemia. Os resultados nesse período foram de altas históricas na oscilação do valor de referência do leite, o que respingou no preço pago pelo consumidor. Os clientes chegaram ao supermercado com preços altos e compraram menos lácteos, o que novamente provocou um desequilíbrio oferta e procura.

Agora, as cotações baixas ao produtor e à agroindústria devem persistir até que se chegue a um novo equilíbrio, o que ainda não está no radar de curto prazo.

(Débora Damasceno/Sou Agro com Faep)

(Fotos: Faep e reprodução)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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