“Valor não será suficiente e estimamos que não chega a setembro”, diz Abimaq sobre Plano Safra
#souagro| O Governo Federal lançou o Plano Safra 2022/23 com liberação de R$ 340, 88 bilhões o volume de recursos foi comemorado pelo setor, mas também gerou muitas dúvidas e questionamentos, principalmente quando se fala em juros. Mas além disso, para alguns setores a preocupação é que o valor não será suficiente para atender a demanda, como é o caso das máquinas e implementos agrícolas.
Do total de recursos disponibilizados, R$ 246,28 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização, uma alta de 39% em relação ao ano anterior. Outros R$ 94,6 bilhões serão para investimentos e tiveram aumento de 29%. De acordo com João Carlos Marchesan, presidente do Conselho de Administração da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), mesmo com o aumento significativo, ainda não será suficiente para o setor.
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“Temos que levar em conta que 50% das máquinas agrícolas no Brasil estão defasadas, envelhecidas e precisam ser renovadas. O Moderfrota, ano passado, foi destinado a um valor de 8 bilhões e foram liberados 7,5 bilhões. Esse recurso acabou rapidamente, entrou em vigor em 1 julho e terminou em outubro”, explicou.
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Com esse recurso não sendo suficiente, a estimativa da Abimaq é que esse valor não chegue até setembro.
“Vínhamos numa situação de preços altos e custos controlados no plano safra anterior, o agricultor tomou recursos por outras fontes como bancos particulares que tinham taxas não iguais ao Moderfrota, mas semelhantes. Nesse plano Safra, porém, o valor de 10 bilhões com uma taxa de 12,5% ao ano, ela é alta, mas em comparação aos bancos particulares, ele é menor porque hoje a gente fala entre 15 e 18% de juros ao ano para investimento em máquinas agrícolas. Este valor de R$ 10 bilhões em função dos custos que se elevaram pela inflação, não será suficiente e estimamos que ele não chega ao mês de setembro, mesmo porque a implementação do plano safra está atrasada. Foi anunciado no finalzinho de junho, no dia 29, e até agora não foi aprovado ainda os recursos para a equalização das diferenças de taxas de todo plano safra que é 320 bilhões, isso já está impactando negativamente no agronegócio como um todo porque os agricultores precisam comprar fertilizantes, sementes e precisam realizar investimentos. Assim, os recursos são muito poucos”.
(Débora Damasceno/Sou Agro )
(Foto de capa: Envato)