Quais as consequências ao agro em uma 3ª Guerra Mundial?

Vandre Dubiela
Vandre Dubiela

 

#souagro | Se a guerra no leste europeu travada há mais de um mês entre Rússia e Ucrânia já estremeceu o mercado internacional de commodities e fertilizantes, imagine os reflexos de uma 3ª Guerra Mundial, em um mundo globalizado e dominado pela tecnologia.

Não restam dúvidas de que um colapso seria estabelecido. Apesar dessa possibilidade estar distante, mas não remota, o Portal Sou Agro tentou entender os efeitos a curto, médio e longo prazos sobre o impacto de um conflito dessa envergadura. Conversamos com Leonardo Martini Lima, consultor da StoneX e especialista na área de gerenciamento de risco.

Embora a palavra cessar-fogo ainda não tenha aparecido nas conversas entre Rússia e Ucrânia, o mundo vê com esperança o resultado das mais recentes negociações em Istambul, capital turca. Mas há quem diga que o fim deste embate está longe do fim. Em contrapartida, a Rússia reduziu drasticamente a ofensiva em Kiev, concentrando os ataques no sul da Ucrânia.

O mercado ainda vive um misto de dúvida e apreensão. “Até agora, observamos uma situação mais contida entre Rússia e Ucrânia, sem extrapolar para os demais países e sem o envolvimento direto dos países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), mas se outros países entrarem na briga, o estresse em relação aos preços será inevitável”.

 

 

Uma 3ª Guerra Mundial faria com que o mundo sentisse a pressão de preços nunca testemunhados na história. “O impacto seria potencializado em relação ao atual momento de mercado, principalmente em virtude da globalização e da interconexão entre os países”, acredita.

Na 2ª Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945, os ataques ficaram mais restritos à Europa, com poucos reflexos absorvidos em outros países. Uma situação bem diferente se isso ocorresse nos tempos atuais. “O efeito seria grave, tanto no campo logístico como de fornecimento. Seria um colapso”.

Entretanto, não há como mensurar a experiência de viver uma guerra mundial atualmente. Hoje, a vários fatores envolvidos. O número de habitantes no planeta é muito maior, o mesmo no que diz respeito à concentração demográfica. “Se estourar uma guerra, geograficamente o Brasil poderá não ser atacado ou bombardeado. Já se os Estados Unidos, maior produtor de milho e segundo maior de soja do planeta, fosse atacado, cessariam a produção e destinação destes produtos ao mercado internacional, afetando os países dependentes”.

A alta do barril de petróleo seria instantânea. “Provavelmente, as negociações nas bolsas seriam interrompidas, até para preservar os participantes do mercado”. Caso eclodisse a 3ª Guerra Mundial, o custo de produção também sofreria impacto com a elevação dos valores dos insumos, já em um patamar exorbitante.

A guerra, conforme o especialista da StoneX, aflorou a discussão sobre o uso das commodities para a produção de combustível em detrimento à utilização para fins de alimentação. “A pergunta que não quer calar é: vamos produzir grãos para combustíveis ou para saciar a forme da população”, questiona. A crise inflacionária é gigantesca, na ótica de Leonardo Martini Lima. “Os países acabam se fechando mais e assumindo uma postura protecionista em relação à produção interna, priorizando o mercado doméstico”. Uma guerra em nível mundial também provocaria desabastecimento, uma vez que hoje a maioria são dependentes uns dos outros, com pouca autossuficiência.

(Vandré Dubiela/Sou Agro)

 

 

 

(Vandre Dubiela/Sou Agro)

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