Silagem é colhida sem grãos e vacas são descartadas

Vandre Dubiela
Vandre Dubiela

 

#souagro | Silagem sem grãos e vacas para descarte. Imagine você, produtor rural, que trabalha de sol a sol para garantir o seu sustento familiar e levar comida de qualidade para a mesa do brasileiro se enxergar diante de uma situação desoladora diante dos reflexos causados por um dos períodos de estiagem mais severos dos últimos 100 anos testemunhado no Paraná. Isso aconteceu na Família Fracaro, estabelecida há quase quatro décadas no município de Serranópolis do Iguaçu, no oeste do Estado.

Produtores de leite, dona Rosa Fracaro, o marido e o filho, foram obrigados a colher o milho para silagem sem grãos para garantir pelo menos um pouco de alimento para as 35 cabeças de vaca da raça holandesa em Linha Cristo Rei. “Nunca vi uma situação dessas em toda a minha vida”, disse Dona Rosa Fracaro, com a voz embargada. A Fracaro é somente mais uma, de milhares de famílias que estão enfrentado essa situação no campo, por conta da crise hídrica que já vem castigando os municípios paranaenses nos últimos três anos e que atingiu seu grau mais elevado nesta safra. “Mesmo sem formar espigas, temos que aproveitar o que nos resta”.

A última chuva registrada na propriedade ocorreu há cerca de 30 dias e não passou de 20 milímetros. As precipitações mais robustas ocorreram no fim de outubro. “Sem alimento, nos vimos obrigado a descartar para o frigorífico uma de nossas vacas, mas tememos que mais possam seguir o mesmo caminho em virtude da falta de alimento adequado”, admite a produtora de leite. Nesta semana, a família Fracaro gravou um vídeo colhendo a silagem sem grão para abastecer os animais com alimento. “A solução é fornecer para o gado a palha juntamente com ração. Porém, não é o suficiente para atender a carência nutricional diária dos animais”.

Fotos da propriedade rural de Linha Cristo Rei, em Serranópolis do Iguaçu: perdas pela estiagem

A família dedicou um alqueire da propriedade para o plantio do milho para silagem, mas não vingou por conta da seca. Eles também cultivaram uma área de soja, também afetada pela estiagem. “A soja deixamos de ganhar, entretanto, o milho é a fonte de alimento das vacas, responsáveis por gerar a principal renda mensal da família”. Das 35 vacas, 21 têm aptidão leiteira e as demais são novilhas e dois touros.

Na propriedade há uma irrigação em uma área com grama, porém, insuficiente para garantir a alimentação total das vacas. Na área onde a água não chega, as marcas deixadas pela estiagem são visíveis.

No ápice da produção, a propriedade já chegou a produzir nove mil litros de leite ao mês. Além da estiagem, outro fator preocupante é o elevado custo de produção dos insumos. “Não queríamos descartar as vacas, pois temos amor pelos bichinhos”, destaca dona Rosa Fracaro. O plantio da área com o milho com a silagem foi feito em 24 de outubro.

(Vandré Dubiela/Sou Agro)

(Vandre Dubiela/Sou Agro)

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