Setor aponta discrepância em estimativas de safras
Frequentemente, analistas, profissionais do ramo e produtores rurais se deparam com os contrastes nas estimativas de safra de órgãos federais. Hoje, os principais levantamentos no Brasil são feitos pela Conab e IBGE, que além de apresentarem diferenças, são absolutamente defasados. “Além de não termos segurança e transparência na informação, isso prejudica a remuneração do produtor e a elaboração de políticas públicas do setor”, afirmou o vice-presidente do Sindicato Rural de Cascavel, Modesto Daga.
Modesto se refere principalmente ao último relatório divulgado, especificamente referente ao milho. Em termos comparativos, a Conab estima a colheita de 106 milhões de toneladas no Brasil; o IBGE estima 102,5 milhões e o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), prevê 102 milhões de toneladas. “A sensação que temos é que as entidades não se conversam”, opinou Daniel Galafassi, presidente da Apepa (Associação Paranaense de Planejamento Agropecuário).
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As diferenças também são alvos de críticas de corretoras de grãos. “Está absolutamente defasado. Acredito que precisa ser revista a metodologia e as divulgações de dados, que mudam muito na hora que eles são colhidos até a hora que são divulgados”, analisou Camilo Motter, da Granoeste Investimentos.
Outro problema grave da Conab está relacionado à soja. Desde dezembro de 2019, a entidade não divulga dados de demanda e estoque remanescente da oleaginosa. “Precisamos ter credibilidade e confiança no levantamento desses dados. Essa situação do milho é a mais recente, mas também temos o problema da soja. O Brasil é maior produtor e exportador de soja do mundo, e essa é a mensagem que passamos? Não temos credibilidade alguma desta forma”, afirmou Modesto.
A falta de unificação de dados, além de prejudicar o setor em si, prejudicam o produtor rural. “Nosso interesse não é somente na remuneração do produtor rural, que realmente está defasada. O que nos preocupa é que somos uma economia altamente dependente do agronegócio, e não ter um critério correto, de dados factíveis e reais, é além de errado, vergonhoso”, concluiu Modesto.
(Comunicação Sindicato Rural)