Saiba o que são pulses, os superalimentos do futuro
#souagro | Grão-de-bico, ervilha, tremoço, feijão, homus, lentilha, fava. Sabia que esses alimentos têm um nome específico. Sim, são conhecidos como Pulses, já classificado como o alimento do futuro, por conter um elevado teor nutricional. Quem fala um pouco mais sobre o assunto é o presidente do Ibrafe (Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses), Marcelo Lüders (foto abaixo).
A FAO, Organização para a Alimentação e Agricultura, braço da ONU (Organização das Nações Unidas), declarou 2016 como o ano internacional das pulses. Primeiro, porque consideram uma emergência alimentar o mundo. Em segundo, o estímulo ao consumo e a uma alimentação mais saudável e em terceiro, pois tratar-se de uma questão de sustentabilidade. “E o menor uso de recursos naturais por quilo de proteína entregue”, comenta Lüders, acrescentando que existe uma tendência mundial de consumo a alimentos menos industrializados.
Veja o vídeo produzido pela FAO em 2016, considerado o Ano das Leguminosas:
Hoje, os principais consumidores de pulses no mundo são os veganos e vegetarianos. A aquafava é um dos alimentos que podem ser extraídos do grão-de-bico. É a água do cozimento desta pulse, com capacidade emulsificante. “É como uma clara de ovo, virando um suspiro”. Inclusive, é possível produzir sorvete de aquafava, em substituição ao ingrediente leite e recomendando para quem tem tolerância à lactose.
As pulses fazem parte da Revolução Verde 4.0. Recente publicação internacional aponta que, em 2050, seremos 9 bilhões de pessoas no mundo e para suprir a carência de proteína dessa população, não haverá outra alternativa a não ser os alimentos nuts, inclusive o amendoim e o pistache. “Em 2050, cada ser humano para se alimentar, precisará ingerir o dobro de pulses que o brasileiro consome atualmente”.
Marcelo Lüders comenta que o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, tem uma definição fantástica quanto ao alimento. “Comida é pasto”, e as pulses se encaixam perfeitamente nessa nomenclatura.
Fome x guerra
Nem mesmo a guerra é capaz de estimular que os povos deixem as cidades de origem. Porém, a fome, é um dos motivos causadores do efeito migratório. Um dos exemplos claros dessa realidade é a Venezuela. Sem comida, muitos abandonam tudo em busca de melhores condições de vida e de alimentação ao cruzar as fronteiras de seus países. A guerra também levou os sírios a invadir a Europa, a partir do momento em que os pratos começaram a ficar vazios. “A preocupação da FAO é evitar que os países tenham comida suficiente para evitar as ondas migratórias, causando o desequilíbrio institucional. É uma questão de sobrevivência e não meramente de nutrição”.
As pulses também têm uma pegada social e são extremamente viáveis para o pequeno produtor e ao sustento financeiro. “Há mais de dois mil produtos derivados das pulses”. O Brasil possui uma série de fatores favoráveis para a exploração e cultivo das pulses, como o clima e a tecnologia. “Somos realmente competitivos”. Cascavel já conta com áreas experimentais de pulses e pode se tornar, no futuro, a capital das pulses no Brasil.
(Vandré Dubiela)
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