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Saiba o que esperar no mercado do milho este ano

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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A temporada brasileira 2021/22 de milho deve se iniciar com preços internos acima da média histórica. No primeiro semestre de 2022, os baixos estoques e a demanda firme podem limitar a possibilidade de
quedas expressivas nas cotações, ao passo que, na segunda metade do ano, pode haver certa pressão sobre os valores, caso se consolidem as projeções de oferta de segunda safra elevada. Por enquanto, as estimativas oficiais indicam produção e exportações recordes no Brasil e no mundo.

As lavouras brasileiras da primeira safra foram beneficiadas pelo clima durante a semeadura e a fase inicial de desenvolvimento. No entanto, o clima seco no Sul do País foi motivo de preocupação no último bimestre de 2021, com agentes já apontando oferta inferior às estimativas. Para a segunda safra, o cultivo da soja mais acelerado e dentro do período considerado ideal deve favorecer a colheita da oleaginosa, permitindo a semeadura de milho na janela mais adequada para o desenvolvimento das lavouras.

 

A depender do clima nos primeiros meses de 2022, a produtividade do milho segunda safra pode ser considerada satisfatória. Por enquanto, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a primeira safra de milho 2021/22 deva atingir 24,78 milhões de toneladas, 0,3% a mais que na temporada anterior, resultado do aumento de 3,8% na área. Esta perspectiva de maior produção é um alento aos consumidores, tendo em vista que, em janeiro/22, os estoques de passagens devem ser os menores desde janeiro/17, sendo equivalente a aproximadamente apenas 10% do consumo anual.

milho

 

As demandas doméstica e internacional devem se manter aquecidas. No Brasil, o consumo segue crescente, estimado em 76,8 milhões de toneladas em 2021/22, 7% superior à temporada passada e 12% acima da média das últimas três temporadas. O aumento no consumo reflete o maior interesse do setor pecuário e também do pujante segmento de etanol de milho do Centro-Oeste. As exportações devem ser favorecidas
pelo dólar valorizado e pelo maior excedente doméstico. A soma da produção do milho verão ao estoque de passagem resulta em disponibilidade de 33,6 milhões de toneladas para o primeiro semestre, o equivalente a 44% do consumo doméstico no ano, contra 48% na temporada passada. Para a segunda temporada, por enquanto, diante os elevados preços dos últimos meses, a Conab estimativa aumento de 5,7% de área em relação à temporada anterior, um recorde. A Companhia prevê expressivo aumento de 34,4% na produtividade média nacional, após a forte quebra na safra 2020/21. Com isso, a produção do milho segunda safra 2021/22 é estimada em 86,25 milhões de toneladas, crescimento de 42% frente à anterior e 31% superior à média das últimas quatro safras, um recorde.

Para a terceira safra, por enquanto, a Conab mantém a estimativa de área e prevê aumento de 17% na produtividade média, resultando em produção de 1,8 milhão de toneladas. Caso as estimativas da Conab se
concretizem, a produção total de milho em 2021/22 deverá atingir 112,9 milhões de toneladas, também um recorde e 30% maior que a temporada 2020/21. A disponibilidade interna brasileira para a próxima safra– referente à soma de estoques iniciais, importação e produção – pode superar as 123 milhões de toneladas, quantidade 22% acima da temporada passada. Por outro lado, o consumo interno deve crescer em menor intensidade e,com isso, a diferença entre a disponibilidade interna e o consumo seria de 46,27 milhões de toneladas, volume 60% maior que o da safra passada e ainda 10% superior à média das últimas três temporadas. Estaquantidade estará disponível para exportação.

 

Por enquanto, a Conab estima que 36,7 milhões de toneladas sejam embarcadas entre fevereiro/22 e janeiro/23 que, se concretizado, seria recorde. Em nível mundial, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a produção seja de 1,206 bilhão de toneladas, recordee aumento de 7,5% em relação à anterior, refletindo os incrementos de 7,1% nos Estados Unidos, de 32% no Brasil e de 7% na Argentina. O consumo deve somar 1,17 bilhão de toneladas, elevação de 3%. Quanto às transações internacionais, o USDA projeta crescimento de 15%, indo para 204,2 milhões de toneladas, também recorde. Por
enquanto, a expectativa é de que os Estados Unidos sigam como principal exportador mundial, com 61,5 milhões de toneladas, seguidos por Argentina, com 41,5 milhões de toneladas, Ucrânia, com 33,5
milhões de toneladas e Brasil, com 31 milhões de toneladas – o período considerado é de outubro/21 a setembro/22. Ainda para 2021/22, o USDA estima que a China siga como a principal importadora, com 26 milhões de toneladas, seguida por México e Japão, com 17,3 milhões de toneladas e 15,6 milhões de toneladas, respectivamente.

 

milho

Com perspectivas de aumento na produção e no consumo, o estoque mundial deverá atingir 303,06 milhões de toneladas, quantidade 3,7% superior à da temporada passada. A relação estoque final/consumo
global para a safra 2021/22 está em 26%, ainda 1 p.p. abaixo da média das últimas quatro safras, o que deve contribuir para a sustentação dos preços internacionais no médio prazo.

 

MERCADO EM JANEIRO

As cotações do milho continuam em alta em janeiro na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea. Mesmo com o avanço da colheita da safra verão, as preocupações com a redução da produtividade sustentaram os preços em muitas praças. Compradores, por sua vez, estiveram restringindo as aquisições, o que acabou limitando os aumentos e/ou resultando até mesmo em quedas pontuais em regiões consumidoras.

 

(FONTE: Cepea)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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