Pesquisas para o desenvolvimento do biodefensivo foram desenvolvidas pelo professor e pesquisador , Admilton Gonçalves de Oliveira Junior, do Departamento de Microbiologia, no Laboratório de Biotecnologia Microbiiana (LABIM), no Campus Universitário. - LOndrina, 13/08/2021 - Foto: UEL

Novo biodefensivo agrícola promete controlar doenças do milho e soja

Amanda Guedes
Amanda Guedes
Pesquisas para o desenvolvimento do biodefensivo foram desenvolvidas pelo professor e pesquisador , Admilton Gonçalves de Oliveira Junior, do Departamento de Microbiologia, no Laboratório de Biotecnologia Microbiiana (LABIM), no Campus Universitário. - LOndrina, 13/08/2021 - Foto: UEL

A Universidade Estadual de Londrina (UEL) assinou um contrato de licença, fornecimento de tecnologia e de material biológico com a Simbiose Indústria e Comércio de Fertilizantes e Insumos Microbiológicos para o desenvolvimento de um novo biodefensivo agrícola à base de Bacillus velezensis.

O acordo foi aprovado pelo Conselho de Administração (CA), em julho, e finaliza um processo iniciado há cinco anos desde as primeiras pesquisas desenvolvidas no Laboratório de Biotecnologia Microbiana (Labim) do Centro de Ciências Biológicas (CCB).

Bacillus velezensis linhagem CMRP4489 é um princípio ativo, um produto microbiológico bastante eficiente para o controle de doenças de plantas como soja e milho. A linhagem foi isolada e desenvolvida pelo grupo de pesquisa do Labim, coordenado pelo professor Admilton Gonçalves de Oliveira Junior, do Departamento de Microbiologia.

Os pesquisadores isolaram a bactéria e conseguiram comprovar a eficiência do material, a ponto de justificar um novo produto para o combate biológico de doenças fúngicas. Os ensaios em laboratório demonstraram que o produto tem grande eficiência, obtendo mais de 90% de controle em doenças como o mofo branco e acima de 80% na ferrugem da soja.

“A nossa bactéria apresenta efeito de controle melhor que os produtos existentes”, disse o pesquisador. Além da eficiência no combate a doenças, o produto apresentou resistência ao calor, sem precisar ser acondicionado em temperaturas controladas. Como consequência, tem longa duração, podendo ser armazenado por até 24 meses.

Outras características importantes, de acordo com o pesquisador, estão ligadas ao alto potencial de colonização da raiz da planta. Os testes demonstraram que o biofungicida forma uma capa de proteção que auxilia no combate a doenças. Os ensaios em laboratórios também indicam o potencial do produto em tornar as plantas mais resistentes às doenças fúngicas. “É como se fosse uma vacina, criando-se então o fenômeno da resistência induzida nas plantas”, disse.

INVESTIMENTO – O professor explica que os estudos tiveram início em 2016, quando a empresa procurou o Labim para o desenvolvimento de estudos de uma nova bactéria para desenvolver um novo biodefensivo. O pesquisador conta que a empresa investiu na compra de equipamentos e de insumos para o laboratório.

Durante o desenvolvimento da tecnologia, vários colaboradores passaram pelo projeto, incluindo o desenvolvimento de recursos humanos diretamente relacionado a esta tecnologia, como a Dissertação de Mestrado em Microbiologia da estudante Julia Pezarini Baptista e a Dissertação de Mestrado e Tese de Doutorado da aluna Maria Luiza Abreu de Jesus.

A parceria previa as pesquisas em laboratório e o repasse de material para os testes em escala, no campo. “A empresa acreditou na ciência. Investiu na pesquisa dentro da universidade, assumindo a responsabilidade com o escalonamento”, disse o professor.

Graças ao investimento, hoje o Labim realiza estudos em frentes para desenvolvimento de produtos para o setor de biológicos, microbiologia aplicada e bioprocessos para aplicações industriais; genômica e bioinformática; e purificação de produtos biotecnológicos.

Integram atualmente a equipe de pesquisa aplicada quatro doutorandos (Rosiana Bertê, Larissa de Medeiros Chagas, Maria Luiza Abreu de Jesus e Gustavo Manoel Teixeira), cinco mestrandos (Alicya Martins Bertoli, Amanda Bordignon Paes, João Paulo de Oliveira, Daniel Vieira da Silva e Guilherme Gonçalves de Godoy), além de quatro alunos de Iniciação Científica (Alex Rodrigues Lopes, Isabela Campidelli Ferreira, Priscila Tiemi Nakada e Rafael Garcia Beluce Siqueira).

 

TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA – O diretor da Agência de Inovação Tecnológica (Aintec) da UEL, professor Edson Miura, explicou que a parceria estabelecida entre a universidade e a Simbiose Agro representa o terceiro contrato de transferência de tecnologia e o primeiro de transferência de know how relacionado a uma tecnologia biológica.

A Aintec atuou em todas as etapas, da negociação à assinatura do contrato, garantindo que o processo cumprisse os trâmites internos e legais.

O aporte realizado pela empresa para o custeio da pesquisa foi formalizado através de uma cooperação tecnológica, com a intervenção da Fundação de Apoio (Fauel), para gestão dos recursos.

“A universidade já formalizou outras cooperações com o setor produtivo, que ainda estão em andamento, para o desenvolvimento de novas tecnologias e posterior licenciamento para a cooperadora, a fim de que a tecnologia chegue à sociedade”, enfatizou o diretor.

INDÚSTRIA – O gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, Artur Soares, explica que o produto está em fase final de registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com previsão de lançamento comercial no próximo ano.

Os ensaios em campo também demonstraram bons resultados com índices acima de 70% de resistência à mancha branca e ferrugem. Ele explica que o biofungicida deverá ser registrado para diferentes fungos patogênicos que atacam a cultura da soja e do milho.

Sobre a parceria feita com a UEL, visando a produção do biodefensivo, o gerente afirmou que a proximidade envolveu três fatores: a proximidade com o coordenador do Labim, Admilton de Oliveira, a infraestrutura e credibilidade da universidade

FOTO: UEL

FONTE: AEN

(Amanda Guedes/Sou Agro)

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