Estiagem prolongada e calor intenso ameaçam produção de leite

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Foto: Fernando Dias/Seapi

Eventos meteorológicos extremos (ondas de calor e estiagem), que ocorreram no último verão, impactaram significativamente a atividade leiteira. Houve perda de produção; baixo desempenho reprodutivo das vacas; maior suscetibilidade às doenças, como a mastite; e aumento dos custos de produção. Tudo em decorrência da associação de fatores como estresse térmico calórico moderado, deficiente disponibilidade forrageira nos campos e má qualidade da água.

É o que aponta o Comunicado Agrometeorológico 83 – Especial Biometerológico Verão 2024/2025– “Biometeorologia aplicada à bovinocultura de leite no Rio Grande do Sul: condições meteorológicas, índice de temperatura e umidade (conforto térmico) e estimativa de efeitos na produção de leite no verão 2024/2025”, publicado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).

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Segundo uma das autoras da publicação, a agrometeorologista Ivonete Tazzo, o Comunicado analisa as condições meteorológicas ocorridas na estação, como precipitação pluvial, temperatura e umidade do ar. “Utilizando o Índice de Temperatura e Umidade (ITU), o estudo documenta e identifica as faixas de conforto/desconforto térmico às quais os animais ficaram expostos, estimando os efeitos na produção de leite. Além disso, apresenta mapas com a espacialização dos valores médio e máximo do índice no Estado e dos valores estimados da queda de produção de leite diária das vacas em oito níveis, que vão de cinco a 40 quilos”, explica.

Ivonete conta que os registros de temperaturas mínimas e máximas absolutas do ar elevadas ocorridas no trimestre (dezembro de 2024, janeiro e fevereiro de 2025) indicaram situações de estresse térmico calórico para vacas leiteiras, que se agravaram ao longo da estação. “Destacam-se os meses de janeiro e fevereiro de 2025, quando somente 42,6% e 28,3% das horas avaliadas propiciaram conforto térmico aos animais.

Durante o mês de fevereiro, ocorrências simultâneas de ondas de calor, com temperaturas máximas do ar acima de 35°C, e de precipitações pluviais irregulares e de baixo volume foram registradas, principalmente, nas regiões Central, Campanha e Noroeste. Destaca-se que nesta última se concentra a maior produção de leite do Rio Grande do Sul”, exemplifica a pesquisadora.

Outra autora da publicação, a médica veterinária Adriana Tarouco, acrescenta que situações de estresse térmico de leve a moderado foram identificadas na média de 41% das horas avaliadas ao longo do trimestre. “Todas as regiões apresentaram potencial para condição de estresse calórico durante o verão (inclusive regiões que tradicionalmente não costumam apresentar, como a Serra do Nordeste), destacando-se o Vale do Uruguai, o Baixo Vale do Uruguai e a região Missioneira”, diz Adriana.

As duas comentam que os produtores rurais tiveram que ficar atentos à exposição dos animais a estas condições desafiadoras, pois declínios de produção diária de leite entre 24,5% a 28% foram estimados. “Logo, estratégias de manejo tiveram de ser adotadas para minimizar estes efeitos ambientais e, assim, evitar prejuízos econômicos na atividade leiteira”, pontuam Adriana e Ivonete.

A publicação é uma iniciativa do Grupo de Estudos em Biometeorologia, constituído por pesquisadores e bolsistas das áreas da Agrometeorologia e Produção Animal.

(Com Agricultura/RS)

 

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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