Safra de Trigo 2025: Estado reduz plantio e moinhos dependem de importações

Metade da produção de farinha do PR é destinada a outros mercados, reforçando a necessidade de suprimento contínuo

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Foto: Abitrigo

O Workshop Moageiro Moatrigo, que acontece no dia 18 de março, em Curitiba, promovido pelo Sinditrigo-PR – Sindicato da Indústria do Trigo no Estado do Paraná –, trará uma análise detalhada sobre os cenários e desafios da safra de trigo no Brasil, com foco no Paraná.

Um dos destaques da programação será a palestra do analista da consultoria Safras & Mercado, Elcio Bento, que abordará as perspectivas e desafios para a safra de trigo de 2025.

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Na análise de Bento, o cenário brasileiro é marcado por disparidades regionais. Enquanto estados como Goiás, Minas Gerais, Bahia e Mato Grosso do Sul devem ampliar as áreas plantadas, impulsionados pelos bons retornos do trigo irrigado, no Paraná, a expectativa é de uma leve retração.

Na projeção de fevereiro, esperava-se uma queda de 4,3% na área plantada no estado. No entanto, com a recente elevação das cotações do trigo – que estão até 30% acima do mesmo período do ano passado –, a estimativa foi revisada, e a redução deve ser bem menor, de 0,7%. “É uma leve retração, muito próxima da manutenção. Estamos trabalhando com uma área de 1,142 milhão de hectares no estado”, explica Bento.

Ele completa que essa redução é influenciada pela preferência do produtor pelo milho safrinha – cultura que apresenta uma relação de troca com insumos mais favorável e maior liquidez no mercado. “Sempre que falamos em área plantada, é importante lembrar que o Paraná já vem de uma retração no ano passado. Ou seja, há uma previsão de queda em cima de uma área que já era menor, e o principal fator é o milho safrinha, mais atrativo e lucrativo para o produtor”, afirma.

Uma exceção no estado é a região dos Campos Gerais, onde a área plantada com trigo deve crescer. Nessa região, não se cultiva milho safrinha, e o trigo compete basicamente com a cevada.

“É justamente essa recuperação nos Campos Gerais que deve compensar as quedas em outras regiões, como norte e oeste do Paraná, onde o milho safrinha é predominante”, pontua Bento.

No entanto, o analista destaca que a estimativa de potencial produtivo para 2025 no Paraná é quase 60% superior à do ano passado, quando as condições climáticas foram muito adversas à cultura do trigo. “O ano passado foi terrível para o trigo no Paraná. As geadas causaram perdas enormes, mas, se o clima colaborar este ano, teremos uma safra muito mais robusta”, afirma.

Importação recorde e desafios para os moinhos de trigo

Daniel Kümmel, presidente do Sinditrigo-PR, assinala que os moinhos de trigo do Paraná são responsáveis por 30% da moagem de trigo no Brasil e vivem um momento de ajustes e planejamento diante de um panorama marcado pela quebra da safra de 2024 – severamente impactada por condições climáticas adversas- e a necessidade de importação recorde de trigo para suprir a demanda.

Com uma produção de 2,5 milhões de toneladas, abaixo dos 3,8 milhões inicialmente previstos, o estado precisará importar cerca de 1,7 milhão de toneladas até a próxima safra, que ocorre entre agosto e setembro de 2025.

Metade da produção de farinha do Paraná é destinada a outros mercados, reforçando a necessidade de um suprimento contínuo e competitivo de matéria-prima.

Aumento de custos pressiona preço da farinha

Segundo Kümmel, o Paraná precisará recorrer a importações. Os principais fornecedores serão Paraguai, Argentina e Rio Grande do Sul, além de outras origens pontuais, como Santa Catarina e Cerrado”, cita.

Kümmel destaca  que a necessidade de importação e  a retração dos vendedores impactam os custos do trigo, com reflexo direto no mercado da farinha. A taxa de câmbio também adiciona um fator de encarecimento, tornando as importações mais onerosas.

“Diante desse cenário, os moinhos devem se preparar para um mercado sustentado em patamares elevados nos próximos meses, com impactos diretos na precificação da farinha e nos custos operacionais. A gestão de estoques, a diversificação de fornecedores regionais e um acompanhamento atento do mercado serão decisivos para mitigar riscos e garantir competitividade”, afirma Kümmel.

(Com Sinditrigo-PR)

(Fernanda Toigo/Sou Agro)

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