Potencial produtivo da soja é afetado por distribuição irregular de chuvas

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Foto: Marcela Buzatto

A distribuição espacial irregular das precipitações manteve as disparidades no potencial produtivo da soja. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado nesta quinta-feira (13/03), em regiões de menor pluviosidade, especialmente no Noroeste e Planalto Médio, a combinação de uma onda de calor intensa (de 03 a 08/03) e a umidade insuficiente no solo ampliou as perdas. Os cultivos apresentaram sintomas de estresse hídrico e térmico.

De modo geral, no Estado, a colheita ainda está em fase inicial, em ritmo lento (5%). Outros 33% estão em maturação; 48% em enchimento de grãos; 12% em floração e 2% em germinação e desenvolvimento vegetativo. Os resultados preliminares confirmam a grande variabilidade no potencial produtivo, influenciada pelo volume de chuvas ao longo do ciclo, pela época de semeadura e pela resposta característica de cada cultivar.

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As chuvas de distribuição irregular, registradas no final de fevereiro e no último dia 09/03, beneficiaram os cultivos de soja em regiões onde os volumes foram adequados para reposição da umidade na capacidade de campo do solo. Nessas áreas, observou-se a recuperação da turgescência foliar e a interrupção dos danos fisiológicos decorrentes do déficit hídrico anterior.

Os produtores prosseguiram as aplicações de fertilizantes foliares à base de macro e micronutrientes para estimular o desenvolvimento vegetativo nos cultivos de implantação tardia. Em lavouras estabelecidas em dezembro, priorizou-se a aplicação de reguladores fisiológicos para fixação de vagens e otimização do enchimento de grãos, visando mitigar perdas produtivas residuais.

A área de cultivo inicialmente projetada pela Emater/RS-Ascar totalizava 6.811.344 hectares. No entanto, houve redução de área de 1,2%, ou seja, 6.729.354 hectares em razão principalmente da dificuldade de implantação no momento recomendado. Também em função da estiagem, a produtividade média projetada inicialmente em 3.179 kg/ha sofreu redução (20,3%) para 2.240 kg/ha. A escassez hídrica também ocasionou redução de 17,4% na produção, estimada em 15,07 milhões de toneladas

MILHO

A colheita progrediu brevemente e atingiu 69%, pois os produtores priorizam a operação em outros cultivos, como soja e arroz. Outros 14% estão em maturação; 9% em enchimento de grãos; 4% em floração e 4% em germinação e desenvolvimento vegetativo.

Em decorrência da estiagem, a produtividade foi reestimada pela Emater/RS-Ascar em 6.866 kg/ha, correspondendo à redução de 3,5% nos 7.116 kg/ha projetados na época de plantio. Apesar dessa frustração, a produtividade deverá ser 21,6% maior em comparação aos 5.646 kg/ha, alcançados em 2023/2024 (IBGE).

As lavouras implantadas no final de dezembro e janeiro foram beneficiadas pelas chuvas recentes, embora apresentem, em parte do Estado, sinais de déficit hídrico. Para a Safra 2024/2025, a Emater/RS-Ascar estimou inicialmente o cultivo de 748.511 hectares, reavaliados para 696.587 hectares efetivamente plantados. Assim, a produção do cereal deverá alcançar 4.782.704 toneladas.

MILHO SILAGEM

A colheita do milho de silagem está em estágio avançado, e aproximadamente 80% da área cultivada foi ensilada. Restam 10% das lavouras em desenvolvimento vegetativo, semeadas em safrinha, e 10% entre as fases reprodutivas e o ponto ideal de corte. A maior ocorrência de chuvas desde final de janeiro permitiu a formação adequada de grãos, favorecendo a qualidade da silagem. Contudo, a falta de chuvas entre o final de dezembro e a primeira quinzena de janeiro provocou a diminuição do porte das plantas em algumas lavouras, limitando a produtividade em termos de massa verde.

A produtividade média para safra 2024/2025 foi reavaliada em 36.760 kg/ha, representando redução de 6,8% nos 39.457 kg/ha estimados na ocasião do plantio. Apesar da redução na avaliação inicial, o volume está 17,4% superior ao obtido na Safra 2023/2024 (31.323 kg/ha). Para a Safra atual, a área efetivamente plantada é de 336.531 hectares.

ARROZ

A colheita do arroz avançou para 20% da área cultivada em decorrência das reduzidas precipitações no período, que minimizaram as interrupções operacionais e otimizaram o acesso às lavouras.

A distribuição fenológica atual indica 41% das áreas em fase de maturação, 33% em enchimento de grãos e 6% em floração. Nas parcelas em estágios reprodutivos (floração e enchimento), mantém-se o monitoramento fitossanitário com aplicações preventivas de fungicidas e inseticidas, especialmente em produções com maior investimento tecnológico.

Segundo o Instituto Rio Grandense de Arroz (IRGA), a área efetivamente plantada foi reavaliada para 970.194 hectares. A Emater/RS-Ascar procedeu à reestimativa da produtividade média para 8.376 kg/ha, registrando convergência entre dados observados e projetados. Houve apenas redução de 0,9% em relação aos 8.478 kg/ha estimados na fase pré-implantação das lavouras.

FEIJÃO 1ª SAFRA

A colheita da primeira safra do feijão atingiu aproximadamente 65% da área cultivada no Estado. As lavouras remanescentes, de semeadura tardia, localizam-se nos Campos de Cima da Serra, e seguem na fase de enchimento de grãos e em início de maturação. Algumas áreas foram dessecadas para uniformizar a maturação e facilitar a colheita. As lavouras apresentam sanidade adequada e mantêm o potencial produtivo, que deverá ficar em torno de 2.400 kg/ha. Para a Safra 2024/2025, a Emater/RS-Ascar reestimou a área cultivada para 27.149 hectares e, e produtividade média no Estado para 1.838 kg/ha.

FEIJÃO 2ª SAFRA

A implantação da segunda safra do feijão registrou retração devido principalmente ao déficit hídrico crítico durante a janela ideal de semeadura e à baixa recarga hídrica dos reservatórios, impedindo a irrigação contínua ao longo do ciclo fenológico. Complementarmente, a desvalorização dos preços reduziu a atratividade econômica, desincentivando investimentos. Estima-se que foram efetivamente semeados 11.913 hectares, o que corresponde a uma redução de 46,5% de área em relação à safra anterior. A produtividade está avaliada em 1.527kg/ha.

(Com Emater/RS-Ascar)

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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