Da fazenda ร  ceia: Saiba de onde vem os alimentos mais tradicionais no Natal

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Imagem: Gettyimages A ceia do natal comeรงa com cultivos e criaรงรตes

O final de ano chegou e com ele vieram as comidas tรญpicas das festas de Natal e de Ano Novo. Apesar de estarem na mesa do brasileiro todo ano, poucos sabem de onde vem cada alimento consumido nesta รฉpoca. Peru e o frango Chester, as principais proteรญnas das festas, sรฃo produzidos no Brasil, mas tratando-se das frutas natalinas, como pรชssego e cereja, nem todas sรฃo produzidas aqui. Confira a seguir tudo sobre as comidas tรญpicas das festas de final de ano.

As Carnes do Natal

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O chester do Natal vem majoritariamente do Sul do paรญs

Chester
Por um longo tempo pairava um mistรฉrio sobre o Chester, porque a Perdigรฃo, marca que registrou o nome da proteรญna, nรฃo divulgava dados sobre ela. Mas as dรบvidas foram esclarecidas: o Chester nada mais รฉ do que um frango com mais peito, veio por meio do melhoramento genรฉtico animal.

O Chester do Natal โ€” e a carne de frango do ano inteiro โ€” vem majoritariamente do Paranรก, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Segundo dados da Associaรงรฃo Brasileira de Proteรญna Animal (ABPA), a agroindรบstria paranaense รฉ responsรกvel por abater 39,47% dos frangos criados no paรญs, seguido por Santa Catarina (13,8%) e Rio Grande do Sul (11,4%).

Para 2024, a ABPA estima uma produรงรฃo de atรฉ 14,9 milhรตes de toneladas de carne de frango. Alรฉm do mercado interno, sobra para exportaรงรฃo, liderando as vendas globais. Atรฉ novembro foram embarcadas 4,8 milhรตes de toneladas. O maior comprador de carne de frango รฉ a China, que, no perรญodo, importou 508,7 mil toneladas.

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O peru pode ter sido domesticado por povos indรญgenas astecas

Peru
Nรฃo existe Natal sem peru, para muita gente que preza pela tradiรงรฃo da data. A ave, que nรฃo รฉ natural do Brasil, tem presenรงa registrada na ceia. O motivo รฉ incerto, mas sabe-se que o peru foi domesticado por povos indรญgenas astecas no centro e no sul do Mรฉxico hรก sรฉculos e por outras tribos no sudoeste dos Estados Unidos, onde a proteรญna se tornou sรญmbolo das รฉpocas festivas.

Hoje, o peru da ceia dos brasileiros รฉ 100% produzido no paรญs, principalmente nos estados da regiรฃo Sul. No ano passado, foram cerca de 133,3 mil toneladas e 47,6% desse volume รฉ destinado ao abastecimento interno. A carne de peru brasileira tambรฉm รฉ consumida lรก fora. Em 2024, o paรญs exportou 58,5 mil toneladas, por US$ 140,9 milhรตes (R$ 862,4 milhรตes na cotaรงรฃo atual). Os principais compradores sรฃo paรญses da Amรฉrica, รfrica e Uniรฃo Europeia.

Frutas de Final de Ano

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Cesta de frutas para a ceia รฉ sempre obrigatรณria

Pรชssego
Uma mesa de Ceia de Natal precisa das cores das frutas dessa รฉpoca. O pรชssego, com seu tom rosado e alaranjado, รฉ uma das frutas essenciais das festas de fim de ano. Originรกrio da China e do sul da รsia, o pรชssego conseguiu fincar raรญzes na Serra Gaรบcha, no Rio Grande do Sul, onde encontrou as condiรงรตes climรกticas ideais para se desenvolver.

Nรฃo ร  toa, o municรญpio Pinto Bandeira รฉ o maior produtor da fruta de casca macia. A estimativa do municรญpio รฉ fechar em 2024 com atรฉ 20 mil toneladas da fruta. Sรฃo Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Paranรก e Espรญrito Santo tambรฉm sรฃo produtores. Em 2023, o paรญs produziu 200,7 mil toneladas, mas nรฃo รฉ suficiente para abastecer o mercado interno. Neste ano, entre janeiro e novembro, o Brasil comprou 1,2 mil toneladas da fruta fresca por US$ 1,4 milhรฃo (R$ 8,5 milhรตes). Sรณ da Argentina, foram 815 toneladas por US$ 1 milhรฃo (R$ 6,1 milhรฃo).

Cereja
Na sua Ceia tem chuchu ou cereja? A pergunta faz alusรฃo ao fato de que muitas vezes, o chuchu รฉ camuflado como cereja em doces da ceia. A prรกtica dรก um spoiler sobre a produรงรฃo de cerejas doces no Brasil: nรฃo existe. Por conta do clima tropical do Brasil, o paรญs ainda nรฃo possui variedades de cerejas doces, fruta de origem asiรกtica. Em naรงรตes de clima mais frio como Argentina e Chile, principais produtores na Amรฉrica do Sul, ela รฉ mais comum.

ร‰ dos paรญses vizinhos que vem a verdadeira cereja servida na Ceia de Natal. Turquia, Estados Unidos, Canadรก, Uzbequistรฃo, Irรฃ e Japรฃo e paรญses europeus tambรฉm estรฃo entre os maiores produtores de cereja. Entre janeiro e novembro de 2024, o Brasil importou 1,5 mil toneladas de cereja, equivalente a US$ 6,5 milhรตes (R$ 39,5 milhรตes).

Damasco
O Damasco รฉ uma fruta natalina facilmente encontrada nos supermercados, mas nรฃo em volume nos pomares comerciais no Brasil. A origem do damasco ainda รฉ especulativa, com rumores de que foi cultivado no norte da China e na Sibรฉria hรก milhares de anos. Hoje, os maiores produtores da fruta sรฃo Turquia, Irรฃ e Itรกlia. O cultivo do damasqueiro requer um clima moderado e frio, e a planta sofre com o excesso de sol. No paรญs, apenas as regiรตes frias de Minas Gerais e o Rio Grande do Sul produzem a fruta, mas em pequena escala.

De janeiro a novembro, o Brasil importou 768 toneladas de damascos secos, equivalente a US$ 3,8 milhรตes (R$ 23,2 milhรตes). Apenas da Turquia, foram 747 toneladas, totalizando US$ 3,7 milhรตes (R$ 22,5 milhรตes).

Uva-passa
ร‰ quase impossรญvel nรฃo encontrar alguma uva passa em pratos da Ceia. Hรก quem ame, hรก quem odeie. A fruta desidratada que divide opiniรตes รฉ originรกria da regiรฃo do Mar Mediterrรขneo, no continente europeu. Atualmente, 65% das uvas-passas que o brasileiro consome sรฃo produzidas na Argentina. As uvas vรชm do paรญs vizinho por causa do clima quente e seco, o que permite a secagem ao ar livre por 15 dias ininterruptos. No Brasil, esse processo precisaria ser feito de forma industrial, o que encareceria seu valor.

De janeiro a novembro de 2024, o Brasil importou US$ 9,5 milhรตes em uvas-passas (R$ 58 milhรตes). Desse total, US$ 7,2 milhรตes (R$ 44 milhรตes) vieram da Argentina, contabilizando 3,2 toneladas.

As Bebidas da Ceia

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As bebidas sรฃo para celebraรงรตes

Vinhos
Tinto ou branco, o vinho รฉ uma tradiรงรฃo nos brindes ร  vida e ร  saรบde prรณspera. O Rio Grande do Sul concentra a maior produรงรฃo da bebida.
Em 2023, a produรงรฃo de vinho no Brasil foi estimada em 3,6 milhรตes de hectolitros, representando um aumento de 12% em relaรงรฃo a 2022 e de 31,4% em comparaรงรฃo com a mรฉdia dos cinco anos anteriores.

Hora de reconstruรงรฃo, a estimativa para 2024 รฉ que o paรญs produza 2,7 milhรตes de hectolitros, o que representa uma diminuiรงรฃo de aproximadamente 25%.ย Essa queda รฉ atribuรญda a condiรงรตes climรกticas adversas, como secas e temperaturas extremas, que afetaram negativamente os vinhedos em diversas regiรตes produtoras do paรญs, mas principalmente as enchentes no Sul do paรญs.

Espumantes
A origem dos espumantes remonta ร  regiรฃo de Champagne, na Franรงa, no sรฉculo 17. Inicialmente, a efervescรชncia dos vinhos era considerada um defeito, mas, com o tempo,ย  se tornou uma qualidade. A empresa Peterlongo, fundada em 1915 em Garibaldi (RS), foi pioneira na produรงรฃo de espumantes no Brasil. Em 1974, ela ganhou o direito de usar o termo โ€œchampagneโ€ no paรญs, atรฉ que o uso foi restringido por questรตes de denominaรงรฃo de origem.

O Brasil consolidou sua posiรงรฃo como um grande produtor de espumantes, com destaque para a regiรฃo do Vale dos Vinhedos e Serra Gaรบcha.
Eles se destacam por seu frescor e acidez equilibrada, favorecidos pelo clima da serra, mas hรก outras regiรตes com produรงรตes importantes, como o Vale do Sรฃo Francisco, em Pernambuco e Bahia, onde o clima quente permite colheitas atรฉ duas vezes ao ano. Hoje, os espumantes representam cerca de 80% das exportaรงรตes de vinhos brasileiros, sendo considerados o carro-chefe da indรบstria vinรญcola nacional.

(Com Forbes)

 

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciรชncias Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veรญculos de comunicaรงรฃo impressos. Atuou na Assessoria de Comunicaรงรฃo para empresas e eventos, alรฉm de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuaรงรฃo. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relaรงรฃo com o Jornalismo especializado, com รชnfase no setor do Agronegรณcio.

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