MST volta a ocupar áreas da Embrapa em Petrolina e exige ações do governo

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Foto: MST

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)  reocupou uma área de pesquisa da Embrapa Semiárido em Petrolina (PE), e uma segunda área da Codevasf, também utilizada pela Embrapa em Petrolina.

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Este ato é parte da Jornada Nacional de Luta em Defesa da Reforma Agrária, realizada neste mês em repúdio ao massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido no Pará em 1996.

O movimento alega que a área de 1.500 hectares é “improdutiva, ociosa e abandonada”, e reivindica sua desapropriação para assentamento.

A ocupação aconteceu pouco antes do anúncio do governo federal do Programa Terra para Gente, que visa acelerar o assentamento de famílias no país.

O programa, prometido no ano anterior pelo Governo Federal, busca identificar terras improdutivas e devolutas para serem destinadas à reforma agrária e demarcação de terras quilombolas, com o intuito de conter a previsão de invasões pelo movimento neste mês.

Uma das áreas invadidas pertence à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, ou seja, do governo federal. O MST também mantém a ocupação de uma área de pesquisa da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), em uma fazenda em Itabela, no extremo sul da Bahia. No ano de 2023, o movimento já havia ocupado áreas da Embrapa Semiárido.

A propriedade ocupada, considerada improdutiva pelo movimento, é a Estação de Zootecnia do Extremo Sul (Essul), ligada à Ceplac, que realiza pesquisas com gramíneas e pastagens há mais de quatro décadas.

A Embrapa se manifestou sobre o ocorrido por meio de uma nota.

Nota da Embrapa

“Na madrugada de 14 de abril de 2024, a Embrapa Semiárido teve duas áreas correspondentes a campos experimentais ocupadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Uma das áreas é a mesma que foi ocupada em 2023, onde há terras agricultáveis e de preservação do Bioma Caatinga. Nessa área, o uso contempla trabalhos de conservação e multiplicação de sementes e mudas de cultivares lançadas pela Embrapa; produção de plantas forrageiras para alimentação dos rebanhos de bovinos, caprinos e ovinos que são utilizados nas pesquisas para a pecuária do Semiárido; áreas de reserva para alimentação dos animais na forma de silos; experimentos com frutas, em particular o umbuzeiro, e outras sob irrigação; estudos relativos à diversidade das espécies da Caatinga, subsidiando estratégias de conservação e manejo; e o espaço de 20 hectares destinado à realização bianual do maior evento de agricultura familiar e tecnologias para convivência com o Semiárido, o Semiárido Show.

Esse evento disponibiliza, compartilha e promove o intercâmbio e interação de experiências e tecnologias apropriadas aos agricultores familiares da região, atingindo um público cada vez maior de produtores e sendo referência em transferência de tecnologias para a região Nordeste. Para que sua realização seja possível, a Embrapa mantém no local uma estrutura permanente, além de cultivos temporários, que são instalados meses antes do evento. O calendário regular do evento decorre da consolidação de sua importância, atraindo público de toda a Região Nordeste e do norte de Minas Gerais.

A segunda área é utilizada pela Embrapa Semiárido há mais de 40 anos em regime de comodato, sendo de posse da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). O espaço que foi ocupado pelos integrantes do MST corresponde à parte do Campo Experimental de Caatinga destinada ao manejo dos rebanhos, particularmente ao pastejo em área de vegetação natural, associado ao regime de criação extensiva.

A diversidade de usos das áreas e a rotatividade dos enfoques são normais em uma instituição de ciência e tecnologia como a Embrapa, que lida com os desafios do campo e cujo desenvolvimento de soluções requer necessariamente experimentos conduzidos em terras destinadas à pesquisa. Essa característica é fundamental para que a instituição permaneça conectada com a realidade da agricultura e da pecuária, considerando os diferentes perfis de produtores e realidades sociais e econômicas. A existência dessa infraestrutura é que nos permite a geração de tecnologias voltadas para a melhoria da qualidade de vida das populações rurais.

A Embrapa reafirma seu compromisso histórico com a agricultura familiar e com a produção sustentável de alimentos, está aberta ao diálogo e adotando as medidas cabíveis para solucionar a situação.”

 

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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