Cargas agropecuárias ficam paradas por conta de mobilização de auditores fiscais

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Foto: Reprodução/ Agência Brasil

Os auditores fiscais federais agropecuários estão em mobilização desde o dia 22 de janeiro, mas nesta semana o movimento ganhou força e vem impactando nas operações do setor privado. Em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, quase 2 mil caminhões aguardam na fila para liberação de entrada ou saída do país, tanto no lado brasileiro quanto no paraguaio. Pelo menos 240 processos estão acumulados, aguardando a liberação dos servidores federais para que as cargas possam seguir viagem.

Esses caminhões estão transportando produtos como: milho, soja, trigo, arroz, farinha de trigo, óleo vegetal, frutas, vinho, frutas cristalizadas, produtos lácteos, carne bovina, suína e de frango, peixes e rações. Esses produtos são destinados tanto à exportação quanto à importação. As atividades na aduana foram interrompidas nesta terça-feira (20), e apenas alguns produtos perecíveis foram fiscalizados.

A direção da Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) e representantes do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) estão tentando negociar uma solução para o impasse. Em 2022, ações semelhantes dos auditores fiscais da Receita Federal já haviam causado situações similares nos postos da fronteira entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, no Paraguai.

Além disso, a mobilização, chamada de “operação padrão”, está causando atrasos na rotina dos frigoríficos de aves, suínos e bovinos em todo o país. A emissão de certificados para exportação nas plantas com selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) está demorando mais do que o habitual, de acordo com relatos de empresários do setor.

Grandes empresas da indústria de carnes já alertaram o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, sobre a gravidade da situação. Recentemente, uma carga de exportação de ovos férteis no aeroporto de Guarulhos (SP) foi retida devido a questões documentais que costumavam ser resolvidas antes da mobilização.

Fávaro deverá se reunir com representantes do Anffa Sindical nesta quarta-feira (21). Embora o setor produtivo entenda e apoie as reivindicações dos auditores, é importante evitar que os impactos se transformem em prejuízos.

A temperatura da situação aumentou nesta semana, com os auditores intensificando a operação após considerarem “absurda” uma proposta do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). Espera-se que os reflexos da mobilização sejam sentidos até o final desta semana também no Porto de Santos e nas escalas de abate dos frigoríficos.

Os auditores afirmam que a operação não é uma greve; eles estão simplesmente cumprindo os prazos regulamentares dos serviços e não realizando horas extras, o que acumula a demanda e atrasa as operações. Algumas áreas, como a liberação de cargas perecíveis e cargas vivas, bem como o diagnóstico de doenças e pragas controladas oficialmente pelo Ministério da Agricultura, não são afetadas. A emissão de certificados veterinários para o embarque de animais de estimação em viagens também continua prioritária e sem alterações.

A categoria reivindica melhorias salariais e reestruturação na carreira. No entanto, a proposta apresentada pelo MGI no dia 15 de fevereiro desagradou os servidores. A insatisfação é alta na base e tem sido difícil para as lideranças controlarem os “excessos” da categoria. Há reclamações sobre o tratamento dos auditores agropecuários em comparação com outras carreiras, que receberão aumentos mais significativos, como os servidores da Receita Federal e da Polícia Federal. Em alguns casos, os salários poderão chegar a R$ 40 mil em 2026, enquanto para os auditores fiscais agropecuários, o Executivo propôs um teto de R$ 25 mil.

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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