Brasil fará 1º combustível de hidrogênio a base de etanol do mundo

Fernanda Toigo

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Foto: João Vitor Ferreira/Quatro Rodas

A Universidade de São Paulo (USP) vai produzir o primeiro hidrogênio verde a base de etanol do mundo. O primeiro teste em um carro real deve acontecer apenas em 2024 e será realizado em um modelo único, equipado com células de combustível que transformam hidrogênio em eletricidade. 

Além da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), o projeto conta com a parceria da Shell Brasil, Hytron, Raízen e o Senai CETIQT. Juntas, essas empresas criarão a primeira estação experimental de abastecimento de hidrogênio renovável do mundo a partir do etanol. Até o momento, o produto está sendo chamado de “hidrogênio verde e amarelo”. 

Para a realização do projeto, a Shell investiu R$ 50 milhões. Já a Raízen irá ceder o etanol necessário para a produção do hidrogênio. 

Entre todos os componentes da estação, a Hytron fornecerá o principal: o reformador a vapor de etanol. Através de um processo chamado químico chamado “reforma a vapor”, o etanol é submetido a temperatura e pressão específicas, reagindo com a água dentro do reator, convertendo assim o combustível em hidrogênio. 

“Nossa estimativa no momento é de que o custo da produção de hidrogênio a partir de etanol é comparável ao custo do hidrogênio de reforma do gás natural no contexto brasileiro. Já as emissões são comparáveis ao processo que realiza a eletrólise da água alimentada com energia elétrica proveniente de fonte eólica”, afirma Julio Meneghini, diretor científico do RCGI (Research Centre for Greenhouse Gas Innovation) da USP. 

O etanol chega para ser uma solução mais barata. A ideia é que, através da popularização das estações de reforma, o combustível feito a base de cana-de-açúcar possa ser transportado para diferentes lugares e países, usando uma infraestrutura já existente e menos custosa. 

De acordo com a Shell, atualmente, os caminhões tanque são capazes de transportar 45 mil litros de etanol, que podem ser usados para produzir até 6.000 kg de etanol. Esses mesmos veículos, se fossem usados para transportar o hidrogênio comprimido, poderiam levar uma carga de somente 1.500 kg, ou seja, quatro vezes menos. 

Além de mais viável financeiramente, o hidrogênio derivado do etanol também é uma alternativa mais ecológica, já que trata-se de um combustível de origem renovável. Na Europa e no resto do mundo, grande parte do H2 é obtido do gás natural, um derivado do petróleo, que libera uma grande quantidade de CO2 na atmosfera durante o processo. 

Para realizar os testes, a Toyota está cedendo à Universidade de São Paulo um Mirai, movido por célula de combustível capaz de usar hidrogênio e o ar atmosférico para gerar energia elétrica para alimentar o motor de 182 cv do sedã. Como resultado desse processo chamado eletrólise, há somente a liberação de água em forma de vapor. 

Além do Mirai, haverão outros dois ônibus, também movidos a células de combustível, cedidos pela EMTU. Todos os veículos rodarão exclusivamente dentro do campus da Cidade Universitária, na zona oeste de São Paulo.

(Reportagem – João Vitor Ferreira/Quatro Rodas)

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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