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Saiba quais fatores mais influenciam nas negociações da soja brasileira

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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As negociações de soja continuaram aquecidas em junho. Isso porque, com a entrada da segunda safra de milho, cooperativas e cerealistas influenciaram produtores a liquidarem parte do remanescente da safra verão, no intuito de liberar espaço nos armazéns. Esse cenário elevou a liquidez da oleaginosa no mercado brasileiro, mesmo a preços menores. A desvalorização do dólar frente ao Real reforçou a pressão sobre os valores no Brasil. A moeda norte-americana registrou quedas de 2,7% entre as médias de maio e junho e de 9,7% na comparação com jun/22, a R$ 4,844 no último mês.

De acordo com a Secex, embora as exportações da soja tenham recuado 11% frente a maio, os embarques somaram 13,8 milhões de tonelada de soja em junho, um recorde para o mês. No primeiro semestre deste ano, o Brasil embarcou quantidade recorde de 62,89 milhões de toneladas da oleaginosa, 18,6% superior ao verificado no mesmo período do ano passado.

 

Importadores, por sua vez, foram atraídos pela queda no prêmio de exportação no Brasil. Com base no porto de Paranaguá (PR), o prêmio de exportação da soja para embarque em julho/23 passou de -45 centavos de dólar/bushel no início de junho para -130 centavos de dólar/bushel no final do mês. Vale ressaltar que, devido à maior atratividade da soja brasileira, as cotas para embarque em julho são poucas. Com isso, os agentes intensificaram as comercializações para embarques em ago/23. Para este contrato, os prêmios passaram de + 40 centavos de dólar/bushel no início do mês para -65 centavos de dólar/bushel no final do período.

Em junho, a média mensal do Indicador da soja ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá (PR) foi de R$ 136,45/sc de 60 kg, a menor desde fev/20, em termos reais (as médias foram deflacionadas pelo IGP-DI de maio/23), com baixas de 1,2% na comparação com maio/23 e de 25,5% em relação a jun/22.

O Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná caiu 2,1% na comparação mensal e expressivos 28% na anual, com a média de junho a R$ 128,43/sc de 60 kg – a mais baixa desde mar/20, em termos reais. Entre maio e junho, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores cederam 2,4% nos mercados de balcão (pago ao produtor) e de lotes (negociações entre empresas). Na comparação anual, as quedas foram de 32,8% e de 32,2%, respectivamente.

DERIVADOS

Grande parte dos consumidores domésticos esteve afastada das aquisições, apostando em novas baixas, devido à desvalorização da matéria-prima. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços do farelo de soja recuaram 3,7% de maio para junho e 0,3% entre jun/22 e jun/23, em termos reais.

O preço do óleo de soja bruto degomado (com 12% de ICMS incluso), negociado na região de São Paulo (SP), foi de R$ 4.998,25/tonelada em junho, a menor média desde abr/20, em termos reais, com quedas de 3,4% na comparação mensal e de expressivos 42% na anual. Na última semana de junho, entretanto, os preços do óleo de soja voltaram a subir no mercado brasileiro, impulsionados por expectativas de firme demanda por parte do setor de biodiesel e pela valorização externa.

FRONT EXTERNO

Os futuros do óleo de soja subiram na Bolsa de Chicago (CME Group). A Indonésia, maior exportadora global de óleo de palma, sinalizou possível aumento na mistura obrigatória do biodiesel ao óleo diesel, que pode passar de 35% para 40%. Vale lembrar que o governo da Indonésia já havia feito alterações em fevereiro deste ano, quando a mistura obrigatória passou de 30% para 35%. Caso esse cenário seja confirmado, a disponibilidade do óleo de palma da Indonésia para exportação deve se reduzir (o país é o principal exportador mundial deste subproduto). Como consequência, a demanda global por óleo de soja deve aumentar – esses derivados são concorrentes diretos.

Do lado da oferta, a Argentina (maior exportadora mundial de derivados de soja) deve disponibilizar ao mercado global apenas 3,75 milhões de toneladas do coproduto nesta temporada, de acordo com o USDA, a quantidade mais baixa em 22 anos. A menor oferta, por sua vez, se deve à quebra na produção de soja no país, em decorrência do clima desfavorável no período de cultivo da oleaginosa.

Assim, agentes de mercado esperam maior procura global pelo derivado nos Estados Unidos e no Brasil. Isso pode aumentar a disputa entre consumidores domésticos e externos, visto que o USDA projeta que as demandas internas de ambos países sejam recordes na safra 2022/23. Na CME Group (Bolsa de Chicago), o contrato Jul/23 do óleo de soja teve média de US$ 0,5586/lp (US$ 1.231,51/t) em junho, significativa alta de 12,5% em relação a maio. Já entre junho/22 e junho/23, observa-se queda de 26,8%, em termos nominais.

Influenciados pela alta do óleo e pelas chuvas irregulares no Hemisfério Norte, o contrato de primeiro vencimento da soja avançou 3,3% entre os dois últimos meses. Na comparação anual, entretanto, observa-se recuo de 15,3%. Já o primeiro vencimento do farelo de soja registrou queda de 2,6% em relação ao mês anterior e de 5,2% em um ano.

(Com Cepea)

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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