Foto: Assessoria de Imprensa do Comando Operacional Sul das Forças Armadas Ucranianas/Divulgação via REUTERS

Armazéns de grãos ucranianos são destruídos em ataque russo; situação é chamada de terrorismo alimentar

Débora Damasceno
Débora Damasceno
Foto: Assessoria de Imprensa do Comando Operacional Sul das Forças Armadas Ucranianas/Divulgação via REUTERS

 O clima de tensão na guerra entre Rússia e Ucrânia continua gerando prejuízos ao agronegócio mundial. Na semana passada mostramos que um dia depois do fim do acordo para exportação de grãos, permitindo o transporte seguro da produção da Ucrânia pelo Mar Negro a Rússia atingiu portos ucranianos, afirmando que atacou o armazenamento de combustível em Odesa e uma fábrica de drones marítimos lá, como parte de “ataque de vingança em massa” em retaliação aos ataques da Ucrânia que derrubaram a ponte rodoviária para a Península da Crimeia ocupada.

Só que nesta segunda-feira (24) mais um ataque deixa o mundo em alerta. Agora, a Rússia destruiu armazéns de grãos ucranianos no rio Danúbio com uso de drones. Os ataques da semana passada atingiram principalmente os portos marítimos de Odesa, mas os ataques antes do amanhecer de hoje atingiram a infraestrutura ao longo do Danúbio, uma rota de exportação que cresceu muito desde o fim do acordo que permitia o trânsito de grãos ucranianos pelo Mar Negro.

“Os terroristas russos atacaram novamente a região de Odesa durante a noite. A infraestrutura portuária no rio Danúbio é o alvo desta vez”, escreveu o governador regional Oleh Kiper no aplicativo de mensagens Telegram. Os contratos futuros globais de trigo e milho subiram acentuadamente devido aos temores de que ataques russos e mais combates, incluindo um ataque noturno de drones em Moscou, possam ameaçar as exportações e o transporte de grãos.

O site de notícias Reni-Odesa citou uma autoridade local dizendo que três armazéns de grãos foram destruídos na cidade portuária de Reni, no Danúbio, durante um ataque de drones.

“Esta recente escalada representa sérios riscos para a segurança no Mar Negro”, disse o presidente romeno Klaus Iohannis no Twitter, chamando a atenção para a proximidade do ataque à fronteira da Romênia. Desde a invasão em grande escala da Rússia em fevereiro de 2022, a Ucrânia expandiu as exportações de grãos via UE para cerca de 1 milhão de toneladas por mês, com grandes volumes sendo exportados de portos romenos e ao longo do Danúbio.

“Nos últimos meses, a Rússia não atacou a infraestrutura de grãos terrestres e fluviais da Ucrânia”, disse um trader europeu. “Qualquer interrupção desse tráfego pode afetar rapidamente o abastecimento internacional de grãos.

Um comerciante francês chamou isso de “grande desenvolvimento e um grande golpe” para as exportações ucranianas, acrescentando: “Sem o corredor do Mar Negro e agora com ataques a rotas alternativas, será difícil levar os grãos ucranianos para fora do país”.

Kiper disse: “A Rússia está tentando bloquear totalmente a exportação de nossos grãos e fazer o mundo morrer de fome.”

‘TERRORISMO ALIMENTAR’

Autoridades ucranianas deram poucos detalhes, mas a polícia disse que armazéns que armazenavam safras de grãos foram atingidos junto com tanques para armazenar outros tipos de carga, causando um incêndio. Sete pessoas ficaram feridas e uma delas está em estado crítico, disse Kiper.

A polícia publicou fotos mostrando as instalações danificadas, e contêineres marcados com o logotipo do Grupo Maersk podem ser vistos em uma das imagens. Alguns meios de comunicação ucranianos relataram explosões durante a noite na área de Izmail, outro importante porto ucraniano do Danúbio, mas não houve relatos concretos de danos.

Foto: Assessoria de Imprensa do Comando Operacional Sul das Forças Armadas Ucranianas/Divulgação via REUTERS

“Ela (a Rússia) tenta extrair concessões mantendo 400 milhões de pessoas como reféns”, escreveu o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, no Twitter. “Peço a todas as nações, particularmente aquelas na África e na Ásia que são mais afetadas pelo aumento dos preços dos alimentos, para montar uma resposta global unida ao terrorismo alimentar.”

(Com Reuters)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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