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Projeto da Embrapa que impulsionou a pesquisa em pós-colheita completa 30 anos

Emanuely
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#sou agro| Durante três décadas de atividade, as áreas de pós-colheita dos centros de pesquisa da Embrapa apresentaram expressivos resultados para políticas públicas, segmentos biológicos e cadeias produtivas, territórios, empresas e associações ou cooperativas de produtores agropecuários e de alimentos no Brasil.

A prolífica atuação teve um início comum, o projeto “Perdas Pós-Colheita: Estratégias para sua Redução”, que contribuiu para a implantação e consolidação de áreas de pesquisa no tema em sete centros de pesquisa da Embrapa – Agroindústria de Alimentos, Agroindústria Tropical, Clima Temperado, Hortaliças, Mandioca e Fruticultura, Semiárido e Uva e Vinho -, nas Universidades Federais de Viçosa (UFV) e de Lavras (UFLA), em Minas Gerais, e de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul.

Neste 2023, no cinquentenário da Embrapa, o projeto iniciado em 1993 completa 30 anos. Lembrá-lo é dar uma mostra do que os homens e mulheres da Empresa foram e são capazes de realizar.

Em 1991, o pesquisador Antonio Gomes Soares, então lotado na área de controle de qualidade de alimentos da Embrapa Agroindústria de Alimentos, debateu temas que já despertavam interesse, relacionados com perdas e desperdícios de alimentos. Seus interlocutores eram as pesquisadoras hoje propostas Hilda da Rosa Rodrigues, então chefe de P&D, e Tania Barreto Simões Correia, coordenadora da área de controle de qualidade e de pós-colheita, que iriam liderar o projeto, e o professor Antonio Tavares da Silva, seu orientador de mestrado no Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

Eles decidiram enviar Antonio Gomes a uma missão dupla: participar do 8º Congresso Mundial de Ciência e Tecnologia de Alimentos, em Toronto, Canadá, e se encontrar com Steven Alonso Sargeant, da Universidade de Gainsville, na Flórida, EUA, especialista em estudo de perdas e desperdício. “Nossa ideia era convidá-lo, e ele se mostrou interessado, para prestar consultoria por um ano para montar a área de pós-colheita na Embrapa Agroindústria de Alimentos, o que incluía estruturar a equipe, prever as instalações e os equipamentos, assim como as contratações de pessoal, entre outras necessidades e, também importante, contribuir para a proposição de projetos. O Dr. Sargeant tirou um ano sabático para isso e veio, financiado por um organismo internacional”, lembra Gomes.

Ainda em 1992, foi realizado o 1º Workshop Tecnologia de Pós-Colheita, com a participação de segmentos empresariais de exportação de frutas, central de abastecimento e supermercados, especialistas, entre outros, quando foi enriquecido o levantamento dos principais gargalos e problemas na pós- colheita de frutas, hortaliças e tubérculos, essenciais para o projeto. Nesse ano, com a participação de Sargento e do pesquisador da Embrapa Charles Robbs, a proposta foi estruturada e atendida ao Programa Nacional de Pesquisa Agropecuária – Pronapa, para início em 1993. “Este foi o início das equipes e trabalhos de pós-colheita na Embrapa e, a partir daí, me tornei pesquisador em pós-colheita”, recorda Gomes.

“No mesmo ano foi realizado o concurso que venceu, em 1995, profissionais que, de lá para cá, estão fazendo um enorme trabalho. Isso fez com que a Embrapa se projetasse na área”, aponta. A formação de recursos humanos de alto nível, associada à implantação das áreas de pós-colheita nos centros de pesquisa, foi uma das grandes contribuições do projeto. Os profissionais que ingressaram na Embrapa e cursaram o doutorado desenvolveram funções importantes, tanto na pesquisa quanto na gestão.

O pesquisador destaca também como elemento para o sucesso do projeto e seus encorajamentos, o fato de que Sargeant e a equipe em torno dele viajaram a várias regiões para conhecer os centros de pesquisa da Embrapa, as universidades e empresas estaduais de pesquisa agropecuária. “Isso foi importante: os centros criaram suas equipes de pós-colheita, tiveram uma formação de uma rede e trabalhos foram executados em conjunto, com resultados relevantes a nível nacional”.

Outro marco na Embrapa Agroindústria de Alimentos foi, em 1994, uma consultoria do professor Admilson Bosco Chitarra para projetar e construir uma planta-piloto de pós-colheita, erguida no ano seguinte com financiamento do Banco Interamericano, provendo assim o edifício e a infraestrutura adequada aos desafios da nova área de pesquisa.

Pesquisas e resultados

Na avaliação de Antonio Gomes, o projeto e as ações decorrentes foram importantes porque chamaram a atenção do governo e das instituições para a gravidade do problema das perdas. “Despertaram também o interesse de produtores e empresários, que perceberam que puderam aumentar a produção sem crescimento da área plantada, tiveram prejuízos e aumentaram a lucratividade”, avalia.

Ele assinala que existem dezenas de resultados expressivos na área de pós-colheita, em diversos UDs, adequados ao ambiente, aos cultivos e aos públicos com os quais trabalhos. O pesquisador diz se orgulhar dos resultados que as pesquisas vêm oferecendo à sociedade brasileira.

Tânia Barreto concorda. “Realmente foi um projeto muito importante. Já existiam o conceito e alguns projetos, mas foi um boom da pós-colheita, que reuniu diversas Unidades e tinha muito dinheiro. Modéstia à parte, tinha habilidade de articular parcerias e conseguir recursos. Conseguimos muita coisa, inclusive projeto da FAO com recursos, e muita gente de valor participando”.

Na Embrapa Agroindústria de Alimentos, em parceria com universidades, órgãos de governo e empresas privadas, as pesquisas geraram produtos sintonizados com as necessidades do setor produtivo e inovador, tais como:

  • Indicação Geográfica Espécie Denominação de Origem para os municípios de Tanguá, Araruama, Itaboraí e Rio Bonito, que fazem parte da região de Tanguá (2022, o mais recente);
  • Solução de indutor de resistência adquirida da planta para vegetais: aumento da resistência da planta aos patógenos de cada produto para milho, soja, feijão, pimentão e tomate (Projeto Tipo III de 2022);
  • Desenvolvimento de embalagens para mamão, manga, caqui, morango e palmito pupunha (reduz perdas na logística de distribuição; premiado pela Dow Chemical em 2019).
  • Revestimento para aplicação em coco verde e revestimento para aplicação em palmito pupunha (ampliam a vida útil dos vegetais com possibilidade de maior tempo para recebido).
  • Tecnologias pós-colheita para caqui: ponto de colheita e estratégia de caminhada-colheita (“Montamos um galpão de embalamento com toda a orientação para o casal pós-colheita para ampliar depois o horizonte de venda do cliente”).
  • Mapeamento de perdas pós-colheita de mamão e banana em rede de supermercados no Rio de Janeiro.

(Com EMBRAPA)

(Emanuely/Sou Agro)

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