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Custos de produção de carne de porco nas alturas: quem paga essa conta?

Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino
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Deu pra perceber, enquanto consumidor final, que a carne de porco está mais cara no mercado, não é mesmo? E isso é reflexo do aumento de custo de produção de toda uma cadeia, que precisou absorver esse aumento, desde os materiais da embalagem, até insumos, alimentação, entre outros.

Em entrevista ao Portal Sou Agro, o superintendente da Frimesa Marcelo Cerino falou sobre esse e outros assuntos.

Todos os custos da indústria da carne de porco aumentaram e por isso o preço ao consumidor final também. “É uma cadeia. Além do aumento do preço da própria alimentação do animal, soja e milho, todo custo como embalagens, insumos, equipamentos, aumentou muito. E o preço da carne de porco é reflexo deste todo. Em 2023 não tivemos um indicador de aumento ainda, mas em 2022 sim. Imaginávamos que depois da pandemia, que teve um aumento de custos por falta de produto, conseguiríamos recuperar isso. Mas não aconteceu. Se o preço diminuiu, foi em torno de 10% apenas. E isso não volta mais, por que todos precisaram absorver os custos”, lamenta.

Neste ano, apesar das dificuldades, o setor de produção de carne de porco prevê crescimento. “Temos uma demanda empurrada, então vamos crescer em torno de 30% pelo menos. Essas dificuldades não chegam inviabilizar a produção, mas preciso tentar atingir, no mercado interno, regiões que eu não atinjo”.

Marcelo também relata sobre a demanda interna e a preocupação com os custos de produção. No caso da demanda interna, o ano começou num ritmo lento, a economia paralisou um pouco em janeiro e fevereiro. Março foi um mês melhor, mas ainda está muito aquém de anos anteriores. “O pessoal está meio receoso em consumir e em investir. As coisas estão muito caras e a cadeia produtiva muito cara”.

Problemas logísticos

O problema logístico de bloqueio das estradas enfrentado pelas cooperativas para chegar ao Porto de Paranaguá praticamente não foi sentido pela Frimesa na produção de suínos aqui da região Oeste, embora estes bloqueios tenham trazido um reflexo para o agro da região como um todo, conforme já mostramos (confira a reportagem AQUI).

Tudo isso graças à antecipação do transporte, conforme explica Marcelo Cerino, que é superintendente de divisão logística da Frimesa. “Nosso ritmo de exportação é mais controlado. Transporto 7 mil toneladas por mês. Do que transportamos, 90% é rodoviário e 10% por trem. Dependemos muito do Porto de Paranaguá, mas tivemos mais reflexos no primeiro deslizamento do ano passado que no bloqueio deste ano. Porém, não a ponto de descumprir agendamentos. Mandamos os caminhões antes do que as cooperativas que trabalham com frango, por exemplo, e os conteineres ficam menos dias no porto, por que meu volume é menor que o deles”.

Ele fala também sobre os materiais que são exportados da Frimesa. “95% das nossas exportações são carne suína congelada para o mercado asiático. E por isso, basicamente, não precisamos usar outros portos. Temos uma restrição de mercado na carne suína por que alguns países no oriente médio, por exemplo, não consomem este tipo de carne por conta da religião. Então nosso mercado externo é um pouco mais limitado, mas isso também me permite trabalhar com antecedência. Tanto que não sentimos reflexo de aumento de demanda por conta do embargo da exportação da carne bovina, devido ao caso de vaca louca. Foi apenas um mês de embargo e costumamos fazer as vendas com antecedência”, complementa.

Sobre os bloqueios nas rodovias

Em meados de março, emrazão dos níveis pluviométricos na região da serra na BR-376, a rodovia foi interditada no dois sentidos – Paraná e Santa Catarina – para segurança dos usuários da rodovia. Os pontos de interdição ocorreram no km 648 da BR-376, em Guaratuba e no km 01 da BR-101, na praça de pedágio em Garuva (SC).A BR-376 é a principal estrada que liga Santa Catarina ao Paraná e com isso a situação ficou ainda pior para escoamento da safra, o que já estava ruim por conta do bloqueio parcial da BR-277 no litoral do estado.

A BR-277 apresentou um grave afundamento da pista na primeira semana de março e desde então o trânsito começoua fluir por meio de um desvio operacional. As trincas apareceram na pista no km 33,5 em Morretes, no sentido Litoral do Estado.

Nos últimos meses, por diversas vezes, a BR-277 esteve interditada de forma total ou parcial por queda de barreiras, rachaduras na pista e risco de desmoronamento.

Além disso, o primeiro grande prejuízo foi com o deslizamento de terra na BR-376, no ano passado (relembre AQUI).

 

 

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)

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