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Contra a gripe aviária: PR continua unindo forças para evitar que vírus chegue ao estado

Débora Damasceno
Débora Damasceno

#souagro| A gripe aviária não chegou ao Brasil, mas está na América do Sul e tem gerado preocupação por aqui. A ocorrência do vírus já foi confirmada no Peru, Colômbia, Chile, Venezuela, Equador, Bolívia, Argentina e Uruguai o que coloca o nosso país em estado de alerta sanitário máximo para a doença, já que somos um dos maiores produtores e exportadores de produtos avícolas do mundo. E é justamente por isso que os métodos de prevenção não param. Muitas medidas já foram adotadas para evitar que o vírus chegue ao Brasil e esse cerco se fecha cada vez mais.

“O Brasil é um dos três maiores produtores do mundo, o maior exportador mundial. O Paraná, maior produtor, 34% da produção, 9 milhões de cabeças por dia, 40% das exportações brasileiras de carne de frango presentes em mais de 150 países do mundo. É um baita desafio, porque isso pode afetar um setor que é o segundo gerador de valor na propriedade rural. É um setor que gera bilhões de dólares anualmente nas exportações. Felizmente, estamos ilesos. Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Uruguai, Chile, Argentina, todos tiveram problemas, muitos deles de baixa patogenicidade e alguns de alta patogenicidade. Nós estamos mostrando ao mundo por que fizemos inquérito, mais de 40.000 amostras, fizemos dezenas de eventos  integrando o produtor rural maior interessado, integrando indústria, cooperativas, os governos, as forças sanitárias locais, regionais, estaduais, nacional, numa pegada única para evitar o ingresso”, detalha Norberto Ortigara, secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná.

Segundo o secretário, o estado não está livre, mas está preparado para atuar caso o a gripe aviária chegue ao Brasil.

“Nós não estamos imunes, provavelmente venhamos a ter em algum momento. Mas nós trabalhamos com essa capacidade de vigilância ativa e passiva também. Mas nós trabalhamos com plano de contenção. Vai que tenhamos e é preciso habilidade, destreza, agilidade para a intervenção e circunscrever o problema ao aquele tamanho, aquele raio de ação objeto dessa eventual entrada. Trabalhamos de forma transparente e unidos. Também temos um fundo parcial, óbvio que se entrar numa escala gigantesca, não há fundo que pague essa conta e será um baque para a economia. Trabalhamos com protocolos com os países produtores do mundo e com os países importadores para entender qual é o jogo, caso tenhamos”

Outra opção seria separar o Brasil em blocos, para evitar que a produção aviária seja afetada caso a gripe chegue ao país.

“Nós temos grandes produtores do mundo que não suspenderam exportações, mesmo com a presença da influenza aviária. Estados Unidos é um exemplo. Então nós estamos nesse momento com a Organização Mundial de Saúde Animal e no Ministério da Agricultura discutindo isso. Se a gente separa o Brasil em fatias, em blocos para perder o status, caso tenhamos problema localmente ou se nós vamos manter a mesma pegada, aí não entendimento diplomático e sanitário com os demais países. E esse é o momento que estamos vivendo, possivelmente possamos evoluir para termos dois ou três blocos como nós temos para a peste suína clássica aqui no Paraná. E aí o nosso status só seria derrubado se houvesse a ocorrência aqui no Paraná, caso tenhamos a ocorrência apenas em em aves silvestres ou em galinha caipira, provavelmente como a produção comercial está com muita biossegurança e aí foi reforçado esse trabalho, talvez a gente não perca o status. É esse o jogo sanitário que a gente está fazendo com a autoridade sanitária mundial. Então, com medo ou com receio, mas trabalhando todos nós, produtor, indústria, governos para evitarmos o ingresso ou já com um plano de contenção, o plano de contingência elaborado para, se tivermos que intervir, que façamos com profissionalismo e com transparência, que faz bem para os negócios”,

Para o chefe geral da Embrapa Suínos e Aves, o Brasil está muito bem preparado para evitar que a gripe aviária chegue ao Brasil. E caso ela infelizmente entre no país, também há planos de contingência para enfrentar o vírus.

“O Brasil é um país surpreendente. Além de todas as capacidades que esse país tem de superar desafios e a capacidade de produzir. O Brasil também é um país muito competente no sentido de se preparar para desafios que surgem assim de uma maneira muito repentina. A influenza aviária para nós como continente sul americano, era algo que não acontecia aqui e acreditávamos que poderíamos continuar com essa perspectiva. Surpreendentemente, de uma maneira muito rápida, esse vírus veio para a América do Sul e se disseminou pelos países vizinhos aqui na América do Sul. O Brasil, por certamente seu zelo em termos de biosseguridade, mitiga muito fortemente esse risco. Mas acredito também que o Brasil, ele tem características geográficas que protegem a entrada desse vírus no Brasil.  Veja tem no Uruguai, na Argentina e no Chile. Então nós temos também um pouco de vantagem geográfica. O que nós imaginamos agora, com a chegada do inverno, essa questão das aves migratórias tende a diminuir gradativamente e desaparecer momentaneamente. Então, acreditamos que nós temos chances de escapar, mas eu não posso deixar de mencionar aqui um trabalho imenso, extremamente profissional, que vem sendo feito por vários elos da cadeia de produção desde o ministério, a coleta de amostras, o serviço veterinário oficial, assim, com trabalho incansável, inúmeras reuniões de conscientização, de nivelamento com prefeituras, enfim, com entes e de todo o tipo de contribuição com a cadeia de produção de aves”, disse o chefe geral da Embrapa Suínos e Aves, Everton Luis Krabbe.

O desafio é grande, mas a expectativa é que o Brasil se mantenha livre da gripe aviária, já que o cenário avícola é sempre desafiador.

“Nós sabemos que é um desafio grande e que precisa ser exatamente assim. Nós temos que mostrar nosso profissionalismo e nossa capacidade de lidar com esses desafios. Torçamos para que não aconteça. A gente está fazendo um trabalho exaustivo de monitoramento e os números estão mostrando de que a gente está conseguindo escapar ileso dessa influenza e faço votos que continuemos assim e que a gente tenha um 2023 tranquilo. O nosso negócio nunca é tranquilo. Com Influenza ou sem influenza é sempre desafiador ou é custo de de matéria prima por questões logísticas, enfim, tem muitos desafios. E a influenza a gente precisa muito que ela não entra no nosso país. Então todos nós temos que fazer a nossa parte, desde o produtor mais até mesmo o turista que vai visitar outros países precisa estar atento e evitar ao máximo o risco de trazer esse vírus para dentro do nosso país”, finaliza Everton.

 

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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