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Com dificuldade para escoar por Paranaguá, cooperativas do Oeste levam produtos para outros portos

Tatiane Bertolino
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Com o problema logístico para  levar a produção do Oeste do Paraná para o Porto de Paranaguá e a demora na chegada desses produtos – o que já mostramos aqui no Sou Agro -, as cooperativas do Oeste encontram, como alternativa, levar o que é preciso para outros portos, para cumprir os prazos com os clientes.

Isso tem acontecido com os congelados que saem daqui da nossa região, como alternativa quando o prazo aperta para conseguir atender os clientes e não perder contratos, nem gerar prejuízos. “O nosso canal de saída de mercadoria é o Porto de Pranaguá. Quando a situação fica muito crítica, optamos também, de forma estratégica, pelos portos vizinhos, como Santa Catarina. Mas isso ocorre em situação excepcional, porque concentramos em Paranaguá”, explicou Edson Vidal, que é gerente do Terminal de Congelados da Cotriguaçu.

O grupo Cotriguaçu é formado por cinco cooperativas: Coopavel, Copacol, C.Vale, Lar e Frimesa. São 1.200 conteineres por mês pelo terminal ferroviário de Cascavel e mais 800 pelo terminal de cambé apenas de congelados. “Qualquer coisa que impeça a descida dos produtos das cooperativas até o Porto de Paranaguá gera impacto e congestionamento”, lamentou.

O mercado de exportação é muito dinâmico no quesito carnes e quem tem necessidade do produto compra por que precisa e não pode ficar adiando. Por isso a preocupação em escoar de forma rápida estes itens. “Os contratos internacionais precisam e devem ser cumpridos, garantidos na íntegra, por que geram muitos empregos e também refletem muito na economia. O Brasil demora anos para conseguir novos contratos internacionais e dias para perdê-lo, então, precisamos encontrar alternativas”, comentou.

Segundo ele, não houve ainda reflexo nos contratos por que a rodovia está com capacidade de descida até o porto, mesmo que reduzida. “Mas se não tiver solução, a coisa vai ficar péssima. As associações portuárias se mobilizam e se posicionam enquanto a isso. Já estamos pedindo atenção especial aos governantes para uma melhora imediata, não podemos parar de jeito nenhum”, alertou.

E como o custo para enviar para outros portos é maior, com certeza reflete nos preços dos produtos. Qualquer aumento de custo é refletido no preço para ser absorvido pelas indústrias para repasse posterior.

O caos nas estradas do Paraná, em especial na ligação Curitiba-Paranaguá via BR-277, tem potencial para causar prejuízo bilionário ao agronegócio estadual. Considerando apenas a logística da soja (sem envolver outras cadeias produtivas), o gasto a mais caso o escoamento tenha que ser feito pelo Porto de Santos (SP) pode passar de R$ 600 milhões, segundo cálculo do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP/SENAR-PR.

Nos últimos meses, por diversas vezes, a BR-277 esteve interditada de forma total ou parcial por queda de barreiras, rachaduras na pista e risco de desmoronamento. Com base nisso, a projeção leva em consideração o cenário de interrupção total da BR-277, única estrada que comporta o tráfego de cargas pesadas até o Porto de Paranaguá. Neste caso, a produção teria que sair por outro complexo portuário.

Para além do cenário hipotético, o Paraná já enfrenta perdas significativas com a produção de soja e a dificuldade em escoar pelo Porto de Paranaguá. Mesmo quem consegue chegar ao complexo, também amarga prejuízos. Os portos trabalham com o pagamento de uma taxa de incentivo (ágio) ou desincentivo (deságio) ao transporte de determinadas mercadorias. Nesse momento, para se exportar oleaginosa pelo complexo portuário paranaense está se praticando um deságio (desconto) de R$ 1,15 por saca. Ou seja, um prejuízo de R$ 241,31 milhões, caso seja aplicado às 15 milhões de toneladas de soja que devem ser exportadas.

Com informações da Faep

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)

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