Foto: Embrapa

Saiba como foi possível criar tilápias até dois meses mais rápido que o comum

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| Com condições ideais para a produção, o Tocantins apresenta potencial de produzir tilápias com ciclos produtivos mais curtos em comparação a grandes estados produtores. Além disso, o cultivo é economicamente viável. Essas foram algumas conclusões do primeiro estudo sobre viabilidade técnica e econômica desse peixe no Tocantins, realizado pela Embrapa Pesca e Aquicultura (TO). Desde 2018, a legislação permite a criação da espécie naquele estado.

Para a pesquisadora Flávia Tavares de Matos, responsável pelo estudo, as condições de clima, a qualidade e a quantidade de recursos hídricos disponíveis qualificam o estado para se tornar um dos protagonistas na produção de peixes em nível nacional.

 

A pesquisa verificou, por exemplo, que o ciclo de produção das tilápias no Tocantins é de um mês e meio a dois meses mais curto do que nos estados de maior produção da espécie em tanques-rede do País, como São Paulo e Paraná. Isso porque nessas regiões o inverno é mais rigoroso, enquanto a temperatura média da água no Tocantins é de 29 graus Celsius durante todo o ano.

De acordo com a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Aquicultura do Tocantins (Seagro), os quatro grandes reservatórios federais alocados no Rio Tocantins (São Salvador, Peixe Angical, Lajeado e Estreito) possuem a capacidade de suporte para produção aquícola em torno de 290 mil toneladas ao ano. Dentro desse cenário, as tilápias se destacam como espécie a ser cultivada em reservatórios, devido à sua rusticidade e seu pacote tecnológico próprio bem desenvolvido.

 

“A produtividade de uma piscicultura está relacionada às condições edafoclimáticas da região e do ambiente de cultivo. Portanto, é imprescindível estudos de viabilidade técnica e de sustentabilidade de um sistema de produção nos três pilares: social, econômico e ambiental”, detalha a chefe-geral da Embrapa Pesca e Aquicultura, Danielle de Bem Luiz, ressaltando que o trabalho atende a uma importante demanda do setor produtivo.

A chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Unidade, Lícia Maria Lundstedt, frisa a importância do estudo para a região. “Além de superar os desafios inerentes à implantação da infraestrutura inédita no Tocantins, era de fundamental importância conhecer as respostas zootécnicas e os dados de viabilidade econômica do cultivo perante as condições edafoclimáticas específicas e particulares do estado”, destaca ela, acrescentando que a condução dos estudos se deu com o envolvimento de parceiros e bolsistas, evidenciando a contribuição para a qualificação de mão de obra para atuação no setor.

Vantagens do reservatório de Lajeado

O estado possui o reservatório de Lajeado que é a fio d’água, ou seja, não possui tanta variação de nível, diferentemente do que ocorre com reservatórios de regulação, nos quais são abertas e fechadas as comportas para regular a água dos outros reservatórios que estão em cascata. Em alguns desses reservatórios de acumulação,  a diferença do nível da água na estiagem em relação ao período das águas é tão significativa que grande parte da área inundada se torna seca durante meses. Por isso, para a prática da aquicultura, deve-se evitar que os tanques permaneçam nesses locais.

A pesquisa ainda comprovou que a qualidade da água é excelente, com alta taxa de renovação, ocorrendo a cada 25 dias. Outros reservatórios chegam a levar cerca de um ano para serem completamente renovados. Lajeado também tem a vantagem de não ser tão profundo, apresenta média de dez metros. Reservatórios com maior profundidade têm mais chances de apresentar camadas com diferentes temperaturas ao longo da coluna d’água, fenômeno chamado de estratificação térmica. Essa condição pode levar à inversão térmica, quando a camada superficial da água é rapidamente esfriada e afunda, fazendo com que a água do fundo, de pior qualidade, ocupe seu lugar, podendo levar à mortandade em massa dos peixes

Temperatura favorável

Com o clima quente, a temperatura média anual da água no reservatório do Lajeado (Lago de Palmas) é de 29 graus Celsius – condição ideal para a produção, perfeita para o metabolismo do peixe, para o melhor aproveitamento dos nutrientes e diminuição da conversão alimentar. As tilápias possuem uma faixa ótima de temperatura da água que influencia diretamente na alimentação da espécie. Entre 27 e 31 graus é considerada a temperatura ideal para a alimentação do peixe. Abaixo ou acima dessa faixa, a ração fornecida precisa ser reduzida em cerca de 30%, porque o peixe passa a se alimentar menos.

A pesquisadora informa que grupos empresariais nacionais e estrangeiros têm procurado a região para estudos de implantação de tilapicultura contemplando vários elos da cadeia produtiva. Recentemente, a multinacional GenoMar Genetics, com sede na Alemanha, inaugurou o seu Centro de Reprodução e Melhoramento Genético de Tilápia, instalado no município tocantinense de Monte do Carmo.

Leia o estudo completo da Embrapa AQUI.

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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