Produção de biogás traz mais sustentabilidade para atividade rural
Dados da Embrapa Suínos e Aves mostram que o potencial de tirar o excesso de carbono do biogás alcançado pela digestão de dejetos suínos, com aproveitamento do biogás e biofertilizante geraria 50% menos impacto em comparação ao uso das chamadas esterqueiras como destinação final dos dejetos. Essa mitigação equivaleria ao plantio de 64 árvores a cada 100m³ tratados, diz o estudo.
A Embrapa é uma das pioneiras na pesquisa em biogás e biometano no País, com pesquisas que tiveram início na década de 70. O analista e coordenador do Laboratório de Estudos do Biogás da Embrapa Suínos e Aves, Ricardo Steinmetz, afirmou que o biogás é um ativo energético, mas também fonte de matéria-prima para outros processos dentro de uma dinâmica de biorrefinaria.
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Steinmetz comentou sobre os biodigestores, tecnologia que faz o processo de geração do biogás, e da circularidade que esse processo promove por meio da possibilidade de fazer a ciclagem dos nutrientes dentro da propriedade agrícola. “A produção de biogás remove carbono dos processos e possibilita a permanência de nutrientes como o nitrogênio, o potássio, o fósforo, que podem ser aproveitados tanto por indústrias de produção de fertilizantes quanto em estratégias de recomendação e manejo para fazer a ciclagem desses nutrientes dentro da propriedade rural”, afirmou Steinmetz. Olhar para os resíduos das cadeias produtivas como substratos também foi outro ponto destacado por Steinmetz .
De acordo com o analista, o modelo de negócio do produtor rural muitas vezes está focado na produção de proteína, leite, ovos, e o biogás entra como algo complementar, mas que exige certa noção do que o projeto contempla e entender as limitações de ter ou não um biodigestor e usar o biogás para diferentes fins dentro da propriedade. “O biogás pode ser utilizado para a geração de energia elétrica mas também pode ser utilizado para fazer a ambiência dos animais, o aquecimento de um piso, dentro de um aviário, algo que pode retornar em abatimento de custo para o produtor”, explicou.
Steinmetz falou ainda dos modelos de plantas de biogás que estão sendo adotados no Brasil, um cenário característico do nosso sistema produtivo que é ter o biodigestor dentro da propriedade/unidade industrial ou o cenário em que os resíduos são coletados em diferentes locais e encaminhados para uma unidade central onde será feita a conversão da matéria orgânica em biogás. “Outro modelo que está sendo difundido no Brasil é o modelo em que a produção de biogás é descentralizada e o biogás é canalizado para um região central para ser beneficiado e utilizado. Já há projetos no oeste do Paraná caminhando nesse modelo de estruturação”, afirmou.
Para finalizar, Steinmetz lembrou das funções ambiental e social do biogás que a tecnologia do biodigestor promove em locais onde há dificuldade de acesso a alimentos e combustíveis, em geral propriedades rurais localizadas principalmente no semiárido. “São locais onde muitas vezes as pessoas não têm acesso a saneamento básico nem ao gás de cozinha ou mesmo energia elétrica, e então o biodigestor desempenha um papel social muito importante”, afirmou.
Ele também apresentou modelos de biodigestores de diferentes níveis tecnológicos e alertou que a escolha da tecnologia deve ser feita com base no substrato.
Com Embrapa