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SOU AGRO MULHER

“Agronegócio está debaixo da unha, na sola do pé”, diz produtora que deixou a cidade e voltou para o campo

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Débora Damasceno
Débora Damasceno

#souagro| Sair do campo para ir para cidade, isto é mais comum do que sair da cidade e voltar para o campo, não é mesmo? Bom, aos poucos essa realidade está mudando e muita gente tem voltado às origens para viver na roça. É o caso da Jenifer Feuser lá de Palotina, no Oeste do Paraná. Ela saiu de casa para estudar e montou a vida na cidade grande, mas com o pai doente, voltou para a propriedade de família, onde permanece até hoje.

“Eu fiquei quinze anos fora de Palotina. Eu nasci em Palotina, essa propriedade ela tem basicamente a minha idade, eu desde cedo eu sempre sempre quis vir pro sítio, vir pra fazenda e meu pai com essa história de que mulher não vem é homem, quem vem, então eu fiquei sempre com o gosto na boca pelo verde. Por onde eu andei, que eu vivi, eu sempre procurei morar em verde e quando finalmente eu pude vir cuidar do meu pai eu tive o meu lar de volta que é esse campo que é esse sítio aqui. Quando eu voltei foi por uma necessidade, meu pai adoeceu, ele estava com 85 anos. Então assim, ele não estava mais em condições de dizer que mulher não poderia ficar com ele ali, cuidando da roça, né?  então eu resolvi voltar pra cuidar dele e cuidei dele durante três anos, em três anos ele passou pra nós a terra e finalmente eu pude voltar pro meu lar”, disse Jenifer.

 

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“Agronegócio está debaixo da unha, na sola do pé”, diz produtora que voltou para o campo

Nesse mês especial de julho, mês do agricultor estamos contando histórias especiais de superação e de incentivo. A Jenifer está apostando no turismo rural, mas não é um turismo comum como se vê por aí, ele é mais voltado para a gastronomia.

“Eu fiz uma troca, eu troquei a as vacas de leite que eu herdei do meu pai numa atividade de quarenta anos aqui nessa propriedade. Eu troquei numa fase que teve o boom da subida de preço dos grãos. Então eu tive que fazer uma opção. E eu optei por trabalhar com o que eu conheço, com o que eu sei realmente. Que é a gastronomia e todo chefe de cozinha, o sonho dele é ter sua horta, o sabor ele é diferente. A partir do aroma, você anda, você percorre e você planta, você vê germinar. Eu sempre falo assim, porque o agricultor ele é o homem do campo que coloca comida na minha mesa.  E eu pego essa comida que eu mesma planto hoje e eu produzo. Então eu falo assim que é um privilégio poder trabalhar com isso. Não é um privilégio. É uma diversão pra mim”, detalha Jenifer.

 

A Jenifer tem muitas variedades diferentes de plantio, com uma produção diferenciada, como é possível ver no vídeo da reportagem. A ideia é receber as famílias com uma culinária especial e única, em um espaço agradável e aconchegante.

“É uma extensão da nossa casa. Eu praticamente moro aqui. Eu passo meus dias aqui. Então quando você gosta da coisa, você faz por você, você faz pela família e você faz pelo planeta. E quando você faz pelo planeta, muito mais disso vem pra você. Então eu diria para o agricultor, essa atividade da agricultura ela é a que nos alimenta. Ela é a comida da nossa mesa. E nós temos que ter a visão da alegria de ser agricultor, de trabalhar com alegria em cima desse setor. Eu acho fabuloso. Eu falo assim que eu estou no meu melhor momento e eu estou fazendo a minha casinha aqui pra plantar o que eu quiser”, disse Jenifer.

 

Gastronomia e agronegócio juntos para um turismo rural que deve estar disponível em breve no Oeste do Paraná. Com a alegria da Jenifer ao falar do orgulho que sente em estar construindo o que sempre sonhou no campo e também em poder participar de um grupo de mulheres onde tem a oportunidade de trazer cada vez mais a presença feminina para o agro.

“O agronegócio está embaixo da nossa unha, na sola do pé. Ele sempre esteve no nosso pé encardido e esse grupo de mulheres que é filiado ao Sindicato Rural Patronal. Essa equipe, essa comissão, ela está com muita energia boa. E nós queremos muitas mulheres do agro adeptas ao nosso grupo. Esse grupo está se estendendo quer promover muita ação legal. Eu diria que se houver necessidade de inovar e ter uma atividade paralela ao turismo rural é uma atividade que você pode começar com muito pouco investimento financeiro e quanto mais paixão você puder envolver no que você tem hoje ou numa nova atividade que você puder absorver, mais os seus filhos vão continuar nessa e vamos continuar produzindo com tamanho e amor que você tenha”, finaliza Jenifer.

(Texto: Débora Damasceno – Reportagem de vídeo: Sirlei Benetti)

 

(Foto: Débora Damasceno)

(Débora Damasceno/Sou Agro)