Aprosoja: paranaense solta o verbo em defesa do agro
#souagro | Desde o dia 1º de junho, a presidência interina da Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja) passou a ser ocupada pelo agricultor paranaense José Eduardo Sismeiro, 54. Nascido em Goioerê ele filho de comerciantes e agricultores. Está na atividade rural desde 2002, explorando as culturas de soja, milho e trigo nas regiões de Goioerê, Juranda e Manoel Ribas, no Paraná.
Sismeiro participou da fundação da Aprosoja Paraná em 2013, na qual exerceu a presidência por dois mandatos. O paranaense ocupará a presidência interina da Aprosoja até o dia 30 de outubro, no lugar de Antonio Galvan, licenciado para concorrer ao pleito de senador pelo Mato Grosso.
Em entrevista concedida ao jornalista Vandré Dubiela, do Portal Sou Agro, Zezé Sismeiro fala sobre os principais desafios do agronegócio, fertilizantes, políticas governamentais ao setor agrícola, sustentabilidade e o papel do Paraná na evolução da agricultura e pecuária nacional.
Confira a entrevista:
Sou Agro – Mesmo sendo exemplos de preservação do meio ambiente e sustentabilidade, os produtores continuam sendo taxados pela sociedade como vilões. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Zezé Sismeiro – Vejo com tristeza quando colocam o produtor rural como vilão da preservação do meio ambiente. Acredito que muito disso é pela falta de conhecimento da sociedade dos dados atuais. Recebemos há pouco, da Embrapa Territorial, os dados do Brasil, dando conta de que 66,3% do nosso território é coberto por mato, por florestas. Desse total, 33,2% é o produtor quem cuida, ou seja, mais da metade do que existe de florestas no Brasil fica dentro das propriedades rurais adquiridas com recurso próprio do produtor e preservam sem receber nenhuma contrapartida. Fazemos a nossa parte, dentro do espaço territorial brasileiro. Para produzir soja, milho, trigo, arroz, feijão, o setor produtivo ocupa apenas 7,8% do território nacional. Já pastagem, a pecuária utiliza 21,2% e em cima disso, observamos a chance de a lavoura progredir, pode aumentar sua área sem desmatar.
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Sou Agro – As políticas do Governo Bolsonaro voltadas à agricultura e pecuária são eficientes? Caso contrário, quais medidas precisam ser colocadas em prática?
Zezé Sismeiro – O governo federal tem, sim, preocupação com as políticas ligadas a agricultura e pecuária, porém, são insuficientes. Na verdade, a produção brasileira cresce ano a ano. Tanto agricultura como pecuária, requerem mais recursos que precisam ficar disponíveis sem burocracia, para fazer com que o produtor produza com mais responsabilidade e sustentabilidade, a um preço melhor. Tudo que a gente precisa é que não tenha todo o ano esse embate do Plano Safra. Teríamos que ter, por lei, uma quantidade de recursos suficientes a juros condizentes, pois estamos produzindo comida, alimento, não somente para o Brasil, mas enviando o excedente para mais de 200 países. O que a gente precisa? De medidas concretas e que resolvam o problema de uma vez, evitando entrar a cada safra na briga para pedir recursos. É com isso que o governo federal poderia nos ajudar: repito, não só no plano safra, mas em muitas outras ações que estimulariam o produtor brasileiro a produzir mais a um custo menor.
Sou Agro – Qual a sua opinião sobre o papel desempenhado pelo Paraná no contexto de produção agropecuária e desenvolvimento econômico do setor?
Zezé Sismeiro – O Paraná é, sem dúvida alguma, um estado exemplo para o Brasil. Somos um estado relativamente pequeno, comparado ao Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás e Pará. Ocupamos o posto de segundo maior produtor nacional de soja, de milho e de trigo. Somos grandes produtores de frangos e suínos. O produtor paranaense produz muito em pouca área. Temos uma produtividade alta, nos levando a um lugar muito confortável, mas também de muita responsabilidade. Quando produzimos em larga escala, não produzimos meramente o grão, mas também geramos tributos aos municípios, estado e federação e proporcionamos renda a milhares de famílias por intermédio da geração de empregos. O Paraná está de parabéns.
Sou Agro – Aponte o maior desafio do setor produtivo atualmente?
Zezé Sismeiro – Pode parecer até redundante, mas o maior desafio do setor produtivo é produzir. Hoje, produzir com este custo é inviável. Se pegar o custo de produção, principalmente de soja e do milho, com base nos preços recebidos hoje, não compensa produzir. O produtor assume o desafio de alcançar uma produtividade excepcional para poder sobrar algum lucro. Então, infelizmente, produzir hoje é um desafio muito grande.
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Sou Agro – E a questão envolvendo os fertilizantes?
Zezé Sismeiro – Precisamos ter uma resposta das empresas. Entendemos que subiu o preço do frete marítimo, subiu matéria prima, energia, tudo subiu. Mas o problema é que o custo dos fertilizantes também atingiu um patamar elevadíssimo, muito mais do que o verificado fora do Brasil e quando observamos o lucro que as empresas têm apresentado só nos cabe pensar que estamos arcando com um preço além da conta. Por isso precisamos rever esse cenário e estamos pedindo para as empresas que elas sentem com a gente e expliquem o que está acontecendo, pois com o fertilizante nestes preços é muito difícil comprar e conseguir produzir com retorno.
(Vandré Dubiela/Sou Agro)