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PECUÁRIA

Nova planilha ajuda produtores na integração de lavoura e pecuária

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Débora Damasceno
Débora Damasceno

Com o objetivo de auxiliar produtores rurais e técnicos no planejamento de um sistema de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), pesquisadores da Embrapa desenvolveram uma planilha eletrônica que possibilita o cálculo rápido do percentual de ocupação de cada componente do sistema (lavoura, pecuária e floresta) e o quantitativo em termos de área. Já disponível para uso pelos produtores e técnicos, a planilha foi finalizada dentro do projeto Integração Pecuária-Floresta na Região da Campanha no Pampa Gaúcho (IPF-Pampa), apoiado financeiramente pela Associação Rede ILPF, uma parceria público-privada.

Outra novidade é que todas as simulações podem ser salvas na própria planilha para comparações posteriores. O produtor decide as culturas, forrageiras e as espécies florestais, e a ferramenta auxilia no planejamento do sistema. Os resultados obtidos ajudam o usuário na tomada de decisão, com a orientação do melhor desenho do sistema a ser implantado, de forma a otimizar a ocupação da área.

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O engenheiro florestal Alan Felix Falavinha, consultor da empresa Guaranta Engenharia e Meio Ambiente, destaca que a planilha leva em consideração a borda entre as árvores e as culturas agrícolas no cálculo da área, o que diminui a área agrícola, assim como o espaço destinado à manobra de máquinas, o que reduz o número de árvores no sistema e no talhão. Falavinha é um dos idealizadores da planilha. “A ferramenta corrige os cálculos em função desses detalhes de forma a melhorar o planejamento, tornando-o mais próximo do que é executado no campo”, completa Helio Tonini, pesquisador da Embrapa Pecuária Sul (RS).

Além disso, o uso da planilha permite ao produtor ter informações exatas sobre o sistema, de uma maneira mais rápida e confiável, evitando despesas desnecessárias, segundo frisa o pesquisador Ciro Magalhães, da Embrapa Agrossilvipastoril (MT). “Como a planilha dá o número exato de árvores para o talhão, isso auxilia o produtor no cálculo de insumos necessários para a implantação, como a quantidade de corretivos, fertilizantes e mudas”, explica.

A planilha serve para qualquer tamanho de área, qualquer espécie florestal e também permite que sejam feitos os cálculos modificando a orientação do plantio das árvores no talhão. Isso permite uma boa aproximação no caso do plantio em curvas de nível. Na planilha, o produtor pode fazer diversas simulações para otimizar a ocupação da área em função dos seus objetivos.

 

“O produtor decide se irá plantar de forma perpendicular ou paralela ao lado maior ou menor da área, e a planilha gera a informação corrigida de número de árvores a serem plantadas juntamente com o espaçamento,” descreve Tonini.

Como preencher a planilha

O preenchimento é simples e rápido. Para planejar um sistema ILPF utilizando a planilha deve-se informar as dimensões da área destinada ao plantio, o número de linhas nos renques, o espaçamento das árvores entre as linhas, a borda (distância deixada entre as árvores e os cultivos agrícolas ou forrageiras para evitar a competição inicial com as árvores) e a distância necessária para as manobras do maquinário agrícola, que é definida pelo usuário em função das dimensões dos seus equipamentos. “Na própria planilha, o usuário pode visualizar imagens ilustrativas”, destaca Tonini.

A planilha está disponível gratuitamente para os produtores e técnicos e pode ser baixada da internet e aberta em softwares editores como MS Excel, Libre Office ou Planilhas Google.

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O componente florestal

A preocupação com a implantação correta do sistema de integração Lavoura, Pecuária e Floresta deve visar, além da rentabilidade, a otimização do uso do solo, recursos humanos, máquinas e implementos e a conservação de água e solo. Tonini ressalta a importância de entender o papel da árvore nos sistemas e as suas vantagens. “A introdução do componente florestal pode contribuir para o incremento da renda na propriedade rural, tanto pela comercialização do produto florestal como pelo seu uso interno, uma vez que o produtor não necessitará adquirir esses recursos no mercado”, pondera.

 

As árvores sequestram carbono e podem mitigar ou anular as emissões provenientes das atividades agropecuárias. O uso da biomassa arbórea tem efeito direto sobre o tempo de fixação do carbono. “Árvores colhidas para móveis e construção fixam carbono por um maior período do que a biomassa destinada à queima ou ao setor de papel e celulose e, ao agregarem valor ao produto florestal, aumentam a viabilidade e a lucratividade do sistema”, completa o pesquisador.

A ciência vem demostrando que a presença das árvores influencia na disponibilidade de matéria seca e na qualidade da forragem produzida, sendo que, nos locais mais próximos às árvores, a produção de biomassa forrageira diminui, porém, apresenta melhor qualidade nutricional em função do aumento dos teores de nitrogênio na matéria seca. A deposição das folhas, ramos, flores e frutos produzidos pelas árvores torna-se uma importante fonte de matéria orgânica e de nutrientes para o solo, aumentando a ciclagem de nutrientes.

A presença das árvores proporciona, ainda, menor variação de temperatura e umidade relativa do ar e, consequentemente, um ambiente mais estável. As árvores amenizam a temperatura do ar no verão e previnem a formação de geadas no inverno, sendo benéficas para as forrageiras e os animais.

 

(Fonte e fotos: Embrapa)

(Débora Damasceno/Sou Agro)