FERTILIZANTES

Países árabes podem aumentar oferta de fertilizantes para o Brasil

Débora Damasceno
Débora Damasceno
FERTILIZANTES

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, se reuniu nesta quinta-feira (10) com representantes de países árabes para debater a possibilidade de aumentar a exportação de fertilizantes para o Brasil. Segundo a ministra, com a redução das exportações de Rússia e Bielorrússia, o Brasil precisa trabalhar em uma “diplomacia dos insumos”.

Juntos, os países árabes fornecem 26% dos fertilizantes importados pelo Brasil, segundo a Câmara de Comércio Árabe Brasileira. Entre os principais fornecedores do bloco estão Marrocos, Catar, Arábia Saudita, Egito, Omã e Argélia.

 

A ministra disse que o Mapa vai conversar com empresas e cooperativas do setor agrícola sobre o interesse em aumentar a compra desses produtos dos países árabes. “É muito importante mostrar o potencial dos países árabes para esse suprimento, para que as empresas brasileiras conheçam esse potencial. Vivemos um momento importante de crise mas também de oportunidades para os dois lados”, ressaltou Tereza Cristina, em audiência com embaixadores árabes e representantes da Câmara.

O Brasil importa mais de 85% dos fertilizantes utilizados na agricultura e no caso do potássio são 95% do seu consumo. O governo também trabalha na logística para a importação de fertilizantes. “Já identificamos muitos gargalos nos portos brasileiros e estamos estudando como resolver no curto prazo”, informou a ministra.

 

O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Osmar Chohfi, disse que a entidade também irá trabalhar para aproximar ainda mais as empresas árabes de produtores brasileiros. “Os países árabes são fornecedores importantes de diferentes tipos de fertilizantes para o agronegócio brasileiro, e o Brasil é muito importante para os países árabes em matéria de segurança alimentar”, ressaltou.

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O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Bastos, ressaltou a importância de o Brasil diversificar as origens de suas importações de fertilizantes. “Estamos em um momento em que o Brasil precisa aumentar o volume de importação para se preparar para a próxima safra”, disse.

 

Em conjunto os países árabes são o principal exportador mundial de fertilizantes, seguidos por Rússia, China, Canadá e Estados Unidos. O Brasil é o principal destino das exportações árabes de fertilizantes, seguido principalmente por Índia, Estados Unidos, Tailândia, Turquia e Argentina.

 

Ministra vai levar preocupação com fertilizantes para reunião da FAO

As preocupações do Brasil e da América do Sul com as sanções à exportação de fertilizantes serão levadas à Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e ao Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) na próxima semana. Como presidente da Junta Interamericana de Agricultura, a ministra Tereza Cristina irá apresentar o tema para ser debatido durante a Mesa Redonda sobre Insumos para Sistemas Agroalimentares Sustentáveis da FAO, que acontece no dia 16 de março.

O encontro terá a participação do diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, da Enviada Especial do Secretário-Geral para os Sistemas Alimentares, Agnes Kalibata, e do Diretor-Geral do IICA, Manuel Otero. Segundo a ministra, o objetivo será promover intercâmbio franco e aberto sobre os principais desafios que se impõem ao setor agropecuário dos países das Américas no atual contexto econômico e geopolítico do pós-pandemia.

 

“A imposição de sanções unilaterais à exportação de fertilizantes nos parece grave, pois representa ameaça à segurança alimentar mundial, especialmente dos países mais vulneráveis. Fertilizantes não podem sofrer sanções, porque se o custo de produção aumenta, sobe também o preço do alimento produzido. E quem mais sofre com essa inflação são as nações que, por razões climáticas, geográficas ou econômicas, não podem produzir boa parte dos alimentos que consomem”, argumenta Tereza Cristina. Ela defende que, assim como os alimentos, os fertilizantes devem ser livres de sanções comerciais, para garantir a própria produção de alimentos.

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Nesta quinta-feira (10), a ministra convidou os integrantes do Conselho Agropecuário do Sul (CAS) a participarem da reunião virtual. “Acredito que nossa região deva tomar a iniciativa e capitanear o debate sobre esses temas, a fim de que possamos explorar cursos de ação e soluções conjuntas para minimizar os riscos para o abastecimento global.

 

Conselho Agropecuário do Sul

Tereza Cristina fez sua última participação no CAS enquanto ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil. Ela destacou os avanços do grupo nos últimos três anos, como as ações conjuntas para o enfrentamento da pandemia, que garantiram os fluxos comerciais funcionando na região.

Outro destaque foi a elaboração de uma posição comum das Américas a respeito da Cúpula das Nações Unidas sobre os Sistemas Alimentares. “Reafirmamos a centralidade das realidades locais na busca da sustentabilidade, fortalecemos a ciência como base para políticas públicas relacionadas aos sistemas alimentares, e revigoramos o papel da agropecuária como parte da solução para alcançar a segurança alimentar global e o desenvolvimento sustentável”, lembrou a ministra.

O CAS é um fórum ministerial de consulta e coordenação de ações regionais, formado pelos ministros da Agricultura da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.

 

(Fonte: Mapa)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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