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Seca vai reduzir arrecadação de municípios, diz AMP

Vandre Dubiela
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#souagro | Os prejuízos decorrentes de uma das mais severas estiagens das últimas décadas no Paraná vão fazer despencar em pelo menos 30% a arrecadação dos pequenos municípios paranaenses, muito dos quais têm a espinha dorsal financeira alicerçada pelo ICMS gerado pelos produtos agropecuários. O alerta é do presidente da AMP (Associação dos Municípios do Paraná) e prefeito de Jesuítas, Júnior Weiller, em entrevista concedida ao jornalista Vandré Dubiela, do Portal Sou Agro.

Júnior Weiller, presidente da AMP, cumprimenta ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em Cascavel
Júnior Weiller, presidente da AMP, cumprimenta ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em Cascavel. Foto Vandré Dubiela

“A região oeste é o celeiro agrícola do Paraná e um dos maiores do Brasil. Nas últimas três safras seguidas, vem sofrendo duramente os efeitos provocados pelas intempéries climáticas”, comenta Weiller. Na safra de 2020, segundo ele recorda, não choveu no momento mais importante da cultura, gerando atraso no plantio da soja e consequentemente, gerando reflexos no zoneamento do milho. “Alguns colheram razoavelmente bem, mas outros, pouco em comparação com as safras anteriores”.  Na safra de inverno, a geada forte aumentou ainda mais os prejuízos ao agricultor, reduzindo para menos da metade a expectativa de colheita. “E agora, na safra de verão, as perdas são muito maiores que em 2020. Apesar da chuva na hora do plantio, na fase de pendoamento do milho, na formação de vagens, não caiu uma gota de água sequer”.

Na macrorregião de Cascavel, as perdas chegam a 60% dos grãos e em Toledo, esse índice sobre para 65%. Na região de Assis Chateaubriand as perdas são mais drásticas ainda, totalizando 90%. “E os grãos que ficam nas plantas são de má qualidade, por conta do déficit hídrico. Não servem nem para suprir a carência nutricional dos animais”, avalia o presidente da AMP.

A quebra no campo não afeta diretamente os produtores. Conforme o líder municipalista, vai ecoar inclusive nas cooperativas da região oeste e de outras regiões do Estado, dependentes do insumo básico para alimentação da ave e dos suínos. “A alternativa de buscar os grãos em outros estados vai encarecer ainda mais a cadeia e custo de produção, gerando ainda mais gastos por parte do produtor”.

 

 

O oeste paranaense é o maior produtor de frango e peixe do Paraná e o segundo em bacia leiteira. Júnior Weiller aproveitou a presença da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em Cascavel, na semana passada, para sensibilizá-la a olhar com mais atenção para os pequenos produtores, que criam o suíno e o frango para as integradoras. “90% dos produtores tem menos de quatro módulos fiscais e acabam ficando sem acesso ao Pronaf”, aponta.

Para Weiller, outro segmento carente de uma maior atenção é a agricultura familiar. “Não é justo que eles fiquem de fora, pois também produzem o alimento que chega à mesa de todos nós”. De acordo com ele, os produtores de leite carecem também de um maior incentivo, pois enfrentam tempos difíceis nos últimos anos. “A geada acabou com a silagem do produtor. Quando ele começou a se reerguer, veio a seca a acabou com tudo novamente”, disse Weiller, que presidiu a AMOP (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná) em três gestões e conhecer bem a realidade da agricultura regional e agora, do Paraná.

 (Vandré Dubiela/Sou Agro)

 

(Vandre Dubiela/Sou Agro)

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