Semana é marcada por efeito gangorra no mercado de grãos
#souagro | O efeito gangorra deu o tom do mercado de grãos nesta semana em todo mundo. As bolsas de valores iniciaram a segunda-feira estremecidas diante do temor mundial de uma nova onda de infecção pela Covid-19, agora, com o surgimento de uma nova variante, a Ômicron, na África do Sul. Na metade da semana, o mercado esboçou uma recuperação, diante das informações atualizadas sobre a nova cepa, mais transmissível, porém, menos letal.
O analista de mercado da Granoeste, Camilo Motter, comenta que a semana começou com uma queda forte na Bolsa de Chicago, por conta das especulações em torno da nova cepa. Ocorreram perdas dos aditivos financeiros e das commodities em geral. A desmistificação dos boatos gerou alívio no mercado com a subida das commodities.
Outro ponto ressaltado por Camilo Motter é a retomada das compras de soja por parte da China. Os Estados Unidos venderam volumes significativos para outros países, não somente para a China, mas também para o México, Colômbia e países europeus. E o terceiro fator que influenciou o mercado envolve o tempo no Brasil, o monitoramento das questões climáticas também nos países da América do Sul, inclusive a Argentina.
Os noticiários internacionais já reportagem a seca severa enfrentada principalmente pelos estados do Sul, especialmente o Rio Grande do Sul. As perdas em percentuais foram de 2,7% nos dois primeiros pregões da semana e posteriormente, um ganho de quarta-feira em diante, com recuperação nos três últimos pregões. A partir de quara, os ganhos foram de 3,8%. “Na quarta-feira, subiu US$ 0,11 centavos por bushel, na quinta US$ 0,16 centavos e na sexta-feira, US$ 0,21 centavos por bushel”, relata Camilo Motter. A semana começou negativa mas fechou positiva em relação à soja.
Para Motter, a demanda vai se acirrar um pouco mais na semana que se inicia. “Os importadores vão ficar mais firmes. Vejo o mercado com viés de alta. A tendência mostra que teremos ganhos pela frente”. A afirmação tem como base a questão climática, que pode comprometer parte da produtividade dos estados do Sul. “Claro que é muito cedo para se falar em perdas, mas se olharmos para a questão climática, a falta de chuva preocupa”.
As vendas da soja norte-americanas estão atrasadas e a expectativa é de retomada de ritmo nos próximos dias. “Esse atraso levou o Brasil a ocupar espaço, tanto que as exportações de novembro somaram 2,6 milhões de toneladas ante 1,4 milhão de tonelada de milho no mesmo período do ano passado. “Estamos vivendo um período de entressafra e dezembro deve ter um volume de exportação de milho de 2,5 milhões de toneladas”.
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Isso porque o Brasil continua ocupando espaço no mercado internacional até então dominados pelos americanos. Em segundo lugar, isso ocorre porque no Brasil houve lentidão considerável de vendas do ano e existem estoques remanescentes da ordem de 5% a 6% ainda para ser comercializados. “Ainda há um bom volume e isso faz com que os preços que lideram os negócios, sejam preços de exportação e não da indústria”.
Milho com exportações aceleradas
O milho vive uma situação atípica. Diferentemente de outros anos neste mesmo período, o milho tende a retomar a alta dos preços, impulsionada pelas exportações. Em novembro, foram exportadas 2,4 milhões de toneladas, contra 1,8 milhão de tonelada em comparação com outubro deste ano. As exportações estão aceleradas.
Os preços internos caíram bastante, muito acima da paridade, a ponto de viabilizar negócios no Mato Grosso e Goiás, estimulando os embarques. Isso tudo nos convida para uma reflexão: há escassez, mas mesmo assim o milho voltou a abastecer o mercado externa. A escassez é por conta da grande quebra e voltou a sair para exportação em maior volume do que o esperado. “Portanto, as exportações totais do ano que eram esperadas em 15 e 16 milhões de toneladas podem atingir um montante superior a 18 milhões de toneladas quando terminar a temporada comercial brasileira em 31 de janeiro”, estima Camilo Motter.
No ano passado, o milho fechou com safra cheia, totalizando 35,6 milhões de toneladas. Esse ano, teve uma quebra como resultado de seca e geada de pelo menos 25 milhões de toneladas. Assim mesmo, o Brasil deve exportar mais de 18 milhões de toneladas do grão, mantendo os preços firmes.
Outro elemento apontado por Camilo é a quebra na safra de milho verão. No Rio Grande do Sul já se fala em perdas. Paraná e Santa Catarina já apresentam problemas. “Estamos com um cenário ruim para a safra de milho no Sul do Brasil.
Analisando que Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, responde por praticamente a metade da safra de milho do País, o risco de comprometimento de boa parte da safra é notório. Os maiores produtores são, pela ordem, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. A safra brasileira de verão de milho oscila entre 26 e 27 milhões de toneladas.
(Vandré Dubiela/Sou Agro)