Na foto, não datada, equipe cirúrgica examina o rim de porco em busca de sinais de rejeição. O órgão foi implantado fora do corpo para permitir a observação e amostragem de tecido durante o período de estudo, de 54 horas, na NYU Langone em Nova York, EUA. — Foto: Joe Carrotta para NYU Langone Health/via Reuters

Rim de porco é transplantado com sucesso em humano

Amanda Guedes
Amanda Guedes
Na foto, não datada, equipe cirúrgica examina o rim de porco em busca de sinais de rejeição. O órgão foi implantado fora do corpo para permitir a observação e amostragem de tecido durante o período de estudo, de 54 horas, na NYU Langone em Nova York, EUA. — Foto: Joe Carrotta para NYU Langone Health/via Reuters

Pela primeira vez, um rim de um porco foi transplantado em um humano sem provocar rejeição imediata pelo sistema imunológico do paciente, em um potencial avanço que pode ajudar a aliviar a escassez de órgãos humanos para transplante.

O procedimento feito no Langone Health, da Universidade de Nova York (NYU), envolveu o uso de um porco cujos genes foram alterados para que seus tecidos não contivessem mais uma molécula conhecida por provocar uma rejeição praticamente imediata.

A receptora do transplante foi uma paciente com morte cerebral com sinais de disfunção renal e cuja família consentiu ao experimento antes que ela fosse retirada dos equipamentos de suporte à vida, afirmaram os pesquisadores à Reuters.

Na foto, sem data, um rim de porco geneticamente modificado é limpo e preparado para transplante em um humano na NYU Langone Health em Nova York, nos Estados Unidos. — Foto: Joe Carrotta para NYU Langone Health/via Reuters

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Por três dias, o novo rim foi ligado às suas veias e artérias sanguíneas e mantido do lado de fora de seu corpo, garantido acesso aos pesquisadores.

Os resultados do teste de função do rim transplantado “pareciam bem normais”, disse o cirurgião do transplante, Robert Montgomery, que liderou o estudo.

O rim produziu “uma quantidade de urina esperada” de um rim humano transplantado, e não houve evidências de rejeição vigorosa e quase imediata que já foi vista em rins suínos não modificados que foram transplantados para primatas não humanos.

O nível anormal de creatinina do receptor – um indicador de função renal deficiente – voltou ao normal após o transplante, disse Montgomery.

O porco geneticamente modificado, apelidado de GalSafe, foi desenvolvido pela unidade Revivicor da United Therapeutics Corp. Foi aprovado pelo Food and Drug Administration (agência reguladora dos EUA), em dezembro de 2020, para uso como alimento para pessoas com alergia a carne e como uma fonte potencial de terapêutica humana.

Os produtos médicos desenvolvidos a partir de porcos ainda requerem aprovação específica do FDA antes de serem usados ​​em humanos, disse a agência.

Outros pesquisadores estão considerando se os porcos GalSafe podem ser fontes de válvulas cardíacas a enxertos de pele para pacientes humanos.

O experimento de transplante de rim da NYU deve abrir caminho para testes em pacientes com insuficiência renal em estágio terminal, possivelmente no próximo ano ou dois, disse Montgomery, ele mesmo um receptor de transplante de coração.

Na foto, equipe cirúrgica examina o rim de porco em busca de sinais de rejeição. O órgão foi implantado fora do corpo para permitir a observação e amostragem de tecido durante o período de estudo, de 54 horas, na NYU Langone em Nova York, EUA. — Foto: Joe Carrotta para NYU Langone Health/via Reuters

Esses ensaios podem testar a abordagem como uma solução de curto prazo para pacientes criticamente enfermos até que um rim humano esteja disponível, ou como um enxerto permanente.

O experimento atual envolveu um único transplante, e o rim foi deixado no local por apenas três dias, então quaisquer testes futuros provavelmente irão descobrir novas barreiras que precisarão ser superadas, disse Montgomery.

Os participantes provavelmente seriam pacientes com baixa probabilidade de receber um rim humano e um prognóstico ruim em diálise.

“Para muitas dessas pessoas, a taxa de mortalidade é tão alta quanto é para alguns tipos de câncer, e não pensamos duas vezes antes de usar novos medicamentos e fazer novos testes [em pacientes com câncer], quando isso pode levar alguns meses mais da vida”, disse Montgomery.

Os pesquisadores trabalharam com especialistas em ética médica, especialistas da área jurídica e religiosos para examinar o conceito antes de pedir a uma família acesso temporário a um paciente com morte cerebral, disse Montgomery.

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FONTE – REUTERS

(Amanda Guedes/Sou Agro)

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