Mercado de grãos: soja e milho em situações distintas
#souagro | A semana começa com reflexos remanescentes do relatório trimestral do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no mercado de grãos. A cotação da soja mostra uma sensível queda e o milho, estabilidade, atribuída muito por conta do trigo.
O analista de mercado da Granoeste, Camilo Motter, afirma que os preços da soja caíram bastante no mercado americano e no Brasil, o câmbio ainda tem compensado. “Os preços da soja caíram muito nos Estados Unidos por consequência do aumento dos estoques da soja e do milho”, avalia.
Pelo menos quatro vezes ao ano, o USDA divulga o seu relatório trimestral de estoques. Há cera de um mês, ocorreu a mudança da temporada 2020/21 para 2021/22. Nessa transição, o estoque de passagem americano fechou em 6,97 milhões de toneladas de soja. Isso representa mais de dois milhões de toneladas acima do esperado. O mercado esperava 4,68 milhões de toneladas. “Esse cenário provocou um impacto negativo, tanto que a soja perdeu entre quinta e sexta-feira, de 3,5% a 4% do valor na Bolsa de Chicago”, salienta o analista de mercado.
Em setembro de 2020, os estoques de passagem na transição da temporada foram de 14,3 milhões de toneladas de soja e em 2019, um total de 24,7 milhões de toneladas. “A partir de setembro e outubro do ano passado o mercado ganhou força, diante da previsão de estoques menores”. Os estoques também tiveram o aporte de pelo menos dois milhões de toneladas de soja vendidos, mas não embarcados, e contabilizados a partir dos estoques para este início de temporada. Ainda assim, os estoques de passagem atuais permanecem abaixo dos últimos quatro anos neste mesmo período.
Milho e trigo
Em relação aos estoques de passagem do milho, também ficou acima do esperado, com 31,4 milhões de toneladas, enquanto a expectativa girava em torno de 29,6 milhões de toneladas. No ano passado, neste mesmo período, os estoques de passagem do milho totalizaram 48,7 milhões de toneladas e em 2019, bem superior, com 56,4 milhões de toneladas. Se a soja desvalorizou entre 3,5% e 4% nos últimos dias, o milho mante-se estável, muito por conta do trigo. “O milho não sofreu preço porque o trigo ajudou. Os Estados Unidos utilizam 25% desse cereal como ração e no mundo, 20%”. Esse valor do milho foi sustentado pelo trigo, que apresentou redução em seus estoques.
(Vandré Dubiela/Sou Agro)