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Plantas podem gerar o próprio adubo interagindo com bactérias
Muito reconhecida pela comunidade acadêmica dentro e fora do país, Johanna Döbereiner é uma das cientistas que ajudaram o Brasil a se tornar um dos maiores produtores do agro. Nascida em 1924 na antiga Tchecoslováquia (hoje República Tcheca e a Eslováquia), imigrou para o Brasil em 1950, em meio à instabilidade e perdas deixadas pelo fim da Segunda Guerra Mundial na Europa. Por aqui, dedicou toda a sua vida à ciência, liderando pesquisas de microbiologia do solo a partir a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), até o final de sua vida, em 2000. Sempre com foco em sustentabilidade, em uma época em que o tema era pouco debatido, Johanna demonstrou que é possível eliminar o uso de adubo químico poluente e caro em culturas como a soja, aproveitando-se somente do que já existe na natureza.
Mas foram os estudos de Johanna, a partir da década de 1950, que mostraram como usar as bactérias a serviço da agricultura, já que nem todas têm capacidade de transferir o nitrogênio para as plantas, explica a agrônoma Vera Baldani, aluna, colega de trabalho e amiga muito próxima da cientista.
"A Johanna e os pesquisadores que embarcaram na ideia dela descobriram que as bactérias Rizóbio fazem uma simbiose perfeita com a soja: elas se alimentam da seiva da planta e, em troca, fornecem o nitrogênio para a soja. Uma tecnologia limpa", conta Vera.
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Os estudos derrubaram a crença da época de que os fertilizantes químicos eram insubstituíveis. A descoberta, ao reduzir os custos de produção, ajudou a transformar a soja nacional em um dos principais produtos de exportação do Brasil.
Estima-se, inclusive, que a fixação biológica de nitrogênio no plantio da soja gere uma economia de US$ 2 bilhões por ano com adubos químicos, segundo a Embrapa.