Mitacoré 25 anos depois: de fazenda-modelo a assentamento
#souagro | De fazenda-modelo a assentamento. A Mitacoré (em guarani: o filho esperado) tinha tudo para ser um centro de pesquisa referência para o Brasil e para o mundo. Entretanto, sucessivos imbróglios e embates judiciais abriram brecha para o MST (Movimento dos Sem-Terra) se mobilizar e invadir a área em 1997. De lá para cá, muita coisa mudou.
Com 1.100 hectares tomando formas de uma meia lua, entre o Lago de Itaipu e a BR-277, a Mitacoré batia recordes de produtividade, por meio do plantio direito e envolvendo as culturas de milho, soja, arroz irrigado, tremoço e aveia-preta. Era visitada regularmente por comitivas brasileiras e estrangeiras e por milhares de acadêmicos de agronomia todos os anos. Mas o modelo, acabou se transformando em ruínas, fruto da ação desmedida dos invasores, que chegaram a cravar um monumento na entrada, caracterizado por um tronco de árvore adornado por facões e foices. Era como se estivessem marcando território. E foi isso que aconteceu. Hoje, quase 25 anos depois da invasão, a área é ocupada por cerca de 80 famílias. Cada uma, usufrui de quatro hectares, sobrevivendo da bovinocultura de leite e de corte, hortaliças e grãos.
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Tudo começou a partir da intervenção do Banco Central junto ao Bamerindus. A família Andrade Vieira perdeu o controle da instituição bancária e automaticamente, desalojada da administração da Mitacoré. Na época da invasão, a fazenda-modelo contava com uma estrutura portentosa, com secador de grãos, 13 tratores, cinco colheitadeiras de última geração, silo com capacidade para armazenar 75 mil sacas de grãos, alojamento, auditório e 26 vacas. Na época, as terras estavam avaliadas em R$ 4,6 milhões.
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Os planos iniciais, antes de invasão dos militantes do MST, era criar na área a Universidade do Agricultor, com o planejamento focado em estudos e pesquisa. O projeto da Universidade do Agricultor, idealizada por fazendeiros, professores universitários e líderes políticos do oeste paranaense, previa a criação de um centro de pesquisas e difusão de novas técnicas de produção que ocuparia toda a área da Fazenda Mitacoré. Em dezembro de 1998, o Banco Central desligou das funções 17 funcionários da Mitacoré.
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Atualmente, a antiga Fazenda Mitacoré se transformou no Assentamento Antônio Companheiro Tavares. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Miguel do Iguaçu, Evandro Ghellere, disse ao Portal Sou Agro que o sindicato auxilia as famílias com a cessão de um técnico para a elaboração dos projetos para obtenção de crédito para investimentos e custeio. As famílias têm em mãos apenas os contratos das áreas e esperam a regularização.
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Em nota encaminhada para o Sou Agro, a Assessoria de Imprensa do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no Paraná, diz o seguinte: “O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) informa que o projeto de assentamento Antônio Companheiro Tavares, localizado em São Miguel do Iguaçu/PR, já está georreferenciado e certificado. Ainda falta o assentimento do Conselho de Defesa Nacional (CDN) por estar localizado em Faixa de Fronteira, e existem ainda algumas pendências administrativas que estão sendo tratadas com prioridade pela superintendência regional do Incra no Paraná”.
(Vandré Dubiela/Sou Agro)
Foto: Reprodução Youtube