Mandioca: oferta cresce, mas cotação segue em alta
Muitos mandiocultores consultados pelo Cepea seguiram afastados do mercado na semana passada, enquanto aqueles com necessidade de “fazer caixa” e/ou liberar áreas arrendadas da mandioca– e também atentos aos atuais patamares de preços e à melhora no teor de amido – estiveram mais ativos, o que resultou em crescimento da oferta.
A demanda pela matéria-prima, por sua vez, esteve firme, especialmente por parte das empresas que ainda visam reforçar os estoques dos derivados. Quanto aos preços, seguem em alta na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea. A média semanal a prazo da mandioca posta fecularia foi de R$ 683,66/tonelada, elevação de 0,8% frente à anterior.
Demanda externa e dólar impulsionam exportações de mandioca
Enquanto as negociações internas envolvendo derivados de mandioca (farinha, fécula e amidos modificados) estão lentas, as exportações de alguns destes produtos vêm apresentando excelente desempenho neste ano. No mercado brasileiro, a baixa liquidez pode estar atrelada a quedas das vendas no varejo e da produção industrial. De acordo com cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em outubro, o consumo aparente de fécula de mandioca caiu 57% frente ao mês anterior, e no acumulado do ano, 2,2%. Já no front externo, os embarques de fécula de mandioca e dos amidos vêm sendo impulsionados pela demanda externa aquecida e pelo dólar elevado. Além disso, o Brasil tem sido um dos poucos países com excedente para exportação.
Dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e compilados pelo Cepea mostram que, em outubro, o Brasil exportou 4,3 mil toneladas de fécula, um recorde, considerando-se a série histórica da Secex (iniciada em 1989), sendo expressivos 72,3% acima da quantidade escoada em setembro/21 e quase três vezes mais que as vendas de outubro/20. Na parcial de 2021 (até outubro), os embarques deste derivado somam 28,5 mil toneladas, 107% acima do volume do mesmo período do ano passado e um recorde.
Quanto ao preço médio de exportação, caiu neste ano, o que também favoreceu a inserção do derivado brasileiro em novos mercados. Como comparação, em outubro do ano passado, o valor médio da fécula brasileira estava 51% acima do derivado do Paraguai (o principal exportador da América do Sul), e em outubro deste ano, o produto nacional passou a ser negociado 10,8% abaixo da média paraguaia. Mesmo com essa queda no preço, o alto volume exportado garantiu receita recorde. Dados da Secex mostram que, de janeiro a outubro, o montante adquirido com as vendas externas de fécula de mandioca somou US$ 18 milhões, 73,6% a mais que no mesmo período de 2020.
As exportações de dextrina e de outros amidos e féculas modificados (que podem ser originados a partir de outras matérias-primas amiláceas) também cresceram na parcial deste ano: 92% frente ao mesmo período de 2020. Ressalta-se que esses produtos têm maior valor agregado.
A sustentação desse bom desempenho das exportações no longo prazo vai depender da continuidade da demanda externa, sobretudo por parte de países que são atendidos pelo produto da Tailândia (o principal produtor e exportador mundial e que teve 83% das suas vendas destinadas ao mercado chinês em setembro. Além disso, a sinalização é de menor oferta de mandioca no Brasil na próxima temporada, o que reduziria o volume excedente exportável, ao mesmo tempo que diminuiria a competitividade dos preços da fécula frente a outras fontes de amidos, sobretudo o de milho.
(FONTE: Cepea)