Cooperativas confirmam construção de maltaria no Paraná
Seis cooperativas paranaenses se reuniram e projetam investir R$ 3 bilhões na construção de uma fábrica de malte em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. O empreendimento, que conta com apoio do programa de incentivos do Governo do Estado, foi confirmado nesta segunda-feira (7), em reunião virtual entre os representantes das cooperativas com o governador Carlos Massa Ratinho Junior e a prefeita Elizabeth Schmidt.
A construção da Maltaria Campos Gerais inicia ainda neste ano e será feita em duas etapas. A previsão é que a primeira fase seja concluída até 2028 e a segunda parte dos investimentos finalize em 2032. A estimativa é que o empreendimento gere cerca de 3 mil empregos diretos e indiretos, além de beneficiar aproximadamente 12 mil cooperados das seis entidades.
O projeto de intercooperação reúne as cooperativas Agrária Agroindustrial (Guarapuava), Bom Jesus (Lapa), Capal (Arapoti), Castrolanda (Castro), Coopagrícola (Ponta Grossa) e a Frísia (Carambeí). Somadas, elas apresentaram um faturamento de R$ 16,4 bilhões em 2020. Na primeira etapa, a previsão é que a planta produza 240 toneladas de malte por ano, cerca de 15% do volume do consumo atual do País.
O governador Ratinho Junior comemorou o investimento e destacou o processo de agroindustrialização pelo qual passa o Paraná. “Esse empreendimento vai colocar o Estado em outro patamar, aproximando o Brasil de se tornar autossuficiente na produção de malte, hoje ainda muito dependente da importação”, disse. “Desde o início de nossa gestão incentivamos o setor do agronegócio a investir na industrialização, que fortalece o setor e agrega valor aos produtos paranaenses”.
“Com isso, o Estado vai dominar toda a cadeia cervejeira. Ponta Grossa já conta com duas grandes empresas do ramo, que também estão anunciando a ampliação das suas plantas. Já somos o principal produtor de cevada do País e seremos também grandes fornecedores da matéria-prima para a cerveja”, afirmou o governador. “Além do incentivo fiscal, o Estado investe na desburocratização e na melhoria da infraestrutura, o que facilita na atração de investimentos e na redução dos custos de produção”.
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PONTA GROSSA – O diretor-presidente da Cooperativa Agrária, Jorge Karl, afirmou que a escolha por Ponta Grossa ocorreu após inúmeros estudos técnicos por parte das cooperativas envolvidas no projeto. Por fim, a planta será implantada em um terreno próximo à montadora de caminhões DAF. “A questão logística pesou bastante na viabilização do projeto, e Ponta Grossa é privilegiada nesse quesito”, disse.
Em contrapartida, o município, junto com o Estado e a concessionária da rodovia, devem viabilizar a construção de uma via marginal de mão dupla contígua à PR-151, em um trecho de cerca de 150 metros até o trevo de acesso à nova indústria.
“É um projeto bastante robusto, que vai refletir no desenvolvimento da cidade, já bastante industrializada. Além da geração de empregos, também vai gerar receita para nossos cooperados e produtores, o principal motivo para investirmos nesse empreendimento”, ressaltou Karl. “Estamos buscando a industrialização para agregar valor aos cooperados e dar sustentabilidade aos nossos negócios”, completou o diretor-presidente da Frísia, Renato Greidanus.
A prefeita Elizabeth Schmidt reforçou a parceria do Governo do Estado com o município para viabilizar um investimento privado desse porte na cidade. “Quando todos trabalham juntos, todos ganham”, salientou. “Ponta Grossa tem uma conexão com o setor cervejeiro e esse novo investimento consolida essa cadeia produtiva, com impacto na geração de emprego em toda a região dos Campos Gerais”.
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CEVADA – Além do empreendimento em si, o investimento também reflete em toda a cadeia de produção. A área total destinada para o plantio da cevada, que é um dos principais insumos para a produção do malte, pode chegar a 100 mil hectares, alcançando outras regiões do Estado. É equivalente a quase toda a área de cevada cultivada atualmente no Brasil, que chegou a 103,4 mil hectares em 2020.
O Paraná é o principal produtor do grão no País, responsável por 72,4% de toda a produção nacional em 2020, volume que alcança 272 mil toneladas. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, as estimativas para safra 2020/2021 preveem uma colheita de 318.658 toneladas de cevada, volume 17% maior que da safra anterior. A área plantada em 2020 foi de 69,8 mil hectares, 9% superior à da safra 2019.
Ainda segundo o Deral, o Brasil ainda é muito dependente da cevada produzida em outros países, principalmente pela Argentina. Em 2019, o País importou 671 mil toneladas do grão, 62% de toda a demanda nacional. “Além de reduzir a necessidade de importação, o aumento na produção de cevada vai dar uma nova opção aos agricultores paranaenses, principalmente dos Campos Gerais e da região Centro-Sul”, salientou o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.
“Muitos deles optam por não plantar o milho safrinha, e cultivam pasto ou forragem. Ao produzir a cevada eles terão um bom desempenho na safra de inverno, com um alimento que irá direto para indústria, o que agrega valor, reduz os gastos com maquinário e apresenta uma boa opção de renda para os produtores”, ressaltou.
Fonte: AEN – Foto: Jonathan Campos/AEN