Cevada começa a fazer frente ao trigo no Paraná

Sirlei Benetti
Sirlei Benetti

 

No ano que vem, o produtor Edenilson Luiz Martincoski, de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, pretende dedicar metade da área com cevada na propriedade de 300 hectares. Atualmente, ele destina 20% das lavouras de inverno para o cereal. Há cinco anos trabalhando com o grão da cerveja, Martincoski está animado com a futura instalação de uma maltaria na região, fruto de um investimento conjunto de seis cooperativas (Bom Jesus, na Lapa; Capal, em Arapoti; Castrolanda, de Castro; Coopagrícola, de Ponta Grossa; Frísia, em Carambeí; e Agrária, de Guarapuava) que deve ampliar a demanda do grão na região. “A expectativa é grande”, revela.

Em todos os anos em que cultivou o cereal, Martincoski obteve bom padrão de qualidade dos grãos, o que garantiu lucro com a comercialização da produção. “Quando se planta cevada, a intenção é fazer 100% da produção que possam ir para a maltaria. Se você consegue uma boa germinação, vai obter reembolso maior pela qualidade do grão”, explica.

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Até então sua produção era encaminhada para a maltaria da Agrária, localizada no distrito de Entre Rios, em Guarapuava, que atualmente responde por toda demanda de cevada no Estado. A produção é destinada à fabricação de malte cervejeiro, fornecido para todas as cervejarias do Brasil. “Desde o pequeno cervejeiro até grandes empresas como Ambev e Heineken”, afirma o gerente comercial da cooperativa, Jeferson Caus. Com produção de 360 mil toneladas de malte por ano, trata-se da maior maltaria da América Latina, que atende cerca de 30% da demanda da indústria de cerveja no Brasil. Hoje o mercado brasileiro de malte é de 1,7 milhão de toneladas.

 

Escolha de inverno

A ampliação do mercado para a cevada do Paraná deve mudar o mapa das lavouras de inverno. Hoje, o trigo é a principal cultura, o que faz do Paraná o maior produtor nacional. Para efeito de comparação, na última safra paranaense de trigo ocupou 1,1 milhão de hectares, enquanto a cevada apenas 67 mil hectares. Por outro lado, a evolução da área destinada ao cereal da cerveja vem crescendo a olhos vistos no Estado.

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Outras vantagens da cevada dizem respeito ao seu comportamento agronômico. Segundo o pesquisador da Embrapa Trigo, Aloísio Vilarinho, a cultura é mais rústica que outras de inverno em termos de necessidade hídrica. “No ano passado quando teve estiagem, não chegou a comprometer a produção. E a qualidade foi lá em cima”, aponta. Segundo o especialista, uma preocupação que deve estar no horizonte dos produtores é o cuidado com o solo, uma vez que a cevada não tolera solos ácidos.

 

Fonte: FAEP

(Sirlei Benetti/Sou Agro)

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