Aviação agrícola ajuda no combate a incêndios no Brasil
Em 2021, a aviação agrícola brasileira voou mais de 4 mil horas em operações de combate a incêndios pelo País, realizando 10,9 mil lançamentos contra as chamas. O que, por sua vez, representou 19,5 milhões de litros de água usados para proteger biomas naturais, lavouras e até instalações e residências dentro das áreas de incêndio.
As operações envolveram em torno de 30 aeronaves, além de cerca de 45 pilotos e 40 profissionais de apoio nas bases. Uma força que também ajudou a garantir a segurança de centenas de brigadistas e voluntários nas equipes que atuaram em solo contra os incêndios.
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O cálculo é do Sindag (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola) e foi feito com base em informações repassadas pelas próprias empresas que atuaram nesse tipo de operação durante o ano. Além de dados da Transparência de órgãos como o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), a Secretaria de Meio Ambiente da Bahia e o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), que contratam empresas aeroagrícola para a temporada de chamas.
Segundo o diretor-executivo do Sindag, Gabriel Colle, os dados refletem principalmente operações para proteger reservas naturais, como o Pantanal no Mato Grosso do Sul, Chapada dos Veadeiros, em Goiás; Serra da Canastra, em Minas Gerais; Chapada Diamantina, na Bahia, e Parque Nacional de Brasília. Além de áreas de Cerrado e Caatinga no Nordeste e áreas de proteção em São Paulo. Em muitos locais, com aviões tendo que retornar depois de algum tempo, devido ao surgimento de novos focos de incêndios.
“Além disso, mais uma vez tivemos uma demanda forte por parte de produtores rurais, que há cerca de quatro anos têm apostado mais no apoio aéreo para o pessoal que combate às chamas em solo”, ressalta Colle. O que ocorre principalmente no interior de São Paulo e no sudoeste goiano. Nesses locais, a ferramenta aérea integra os planos de contingência de produtores principalmente de cana e milho.
COMBATE A INCÊNDIO
O aumento das horas voadas em combate a incêndio pelos pilotos agrícolas ocorreu mesmo com a diminuição do número de focos de incêndios no país, no comparativo entre as temporadas das chamas de 2020 e 2021. “Acreditamos que isso ocorre devido a dois fatores. Um deles é que mais produtores rurais estão fazendo uso desses serviços – além de proteger instalações e lavouras nos incêndios das plantações, para evitar que as chamas atinjam reservas naturais em suas propriedades (o que, além das perdas materiais, gera multas)”, destaca o diretor do Sindag.
O outro fator, segundo Colle, é que em 2021 as operações aéreas de combate a incêndio continuaram com certa intensidade até a metade de outubro. Ou seja, já dentro do tempo em que, em outros anos, as empresas aeroagrícolas estariam voltando ao trabalho em lavouras, com o fim da entressafra. Isso também ajudaria a explicar por que houve aumento no combate a incêndios com aeronaves mesmo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) tendo registrado cerca de 21% menos de focos de incêndios em 2021, em relação ao ano anterior. Segundo dados do órgão, entre julho e outubro foram 145.867 focos de incêndio detectados no País no ano passado, de julho a outubro. Contra 177.295 focos em 2020, no mesmo período. “Em outubro, que ainda teve maior quantidade de aviões entrando o mês trabalhando contra chamas, contabilizou-se 28.342 focos de incêndios no Brasil”, assinala Colle.
Proteção a casas, mulher piloto
e celebridade enviando socorro
O diretor-executivo do sindicato aerogrícola também lembra que 2021 teve ainda algumas situações dramáticas, como o caso do piloto agrícola que, no último instante, conseguiu salvar uma casa de ser atingida pelas chamas, no Pantanal. Foi no início de setembro, quando o piloto Renato Oliveira Coelho, 57 anos, estava prestes a lançar água em um foco de incêndio isolado (longe das equipes de terra). No último instante ele percebeu as chamas chegando perto de uma casa mais adiante, abortou o lançamento, subiu e manobrou para atingir o novo alvo com quase 2 mil litros de água. “A gente reza para acertar e deu certo. Já baixou a chama e o pessoal da casinha conseguiu chegar perto para apagar o resto do fogo”, recordou. O fato se somou às suas mais de 1 mil horas de voo contra chamas em sua carreira.
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No balanço de 2021 o Brasil também ganhou a primeira mulher piloto agrícola atuando em combate a incêndios. Em 20 de agosto a gaúcha Joelize Friedrichs, 31 anos, teve seu batismo de fogo (literalmente) em uma operação no município de Campo Alegre de Lourdes, no norte da Bahia. Ela integrou uma força de quatro aviões agrícola que garantiram suporte a equipes com cerca de 60 bombeiros e brigadistas. As chamas ali castigaram uma região de caatinga e de ventos fortes, alastrando-se para sete localidades no interior do município.
O uso da aviação agrícola contra as chamas foi mais lembrado até no meio artístico. Em setembro, o humorista Whindersson Nunes contratou uma empresa aeroagrícola da Bahia para ajudar no combate a um incêndio de grandes proporções no Piauí. Mais precisamente em São Raimundo Nonato, onde o trabalho protegeu casas em fazendas e um corredor ecológico na região da Serra da Capivara.
(Sindag)