SOJA: produtor ainda segue cauteloso e retraído

Vandre Dubiela
Vandre Dubiela

 

#souagro | Enquanto os Estados Unidos mantêm-se apreensivos com a questão do clima em torno da soja, no Brasil, o produtor ainda não mudou a postura. A avaliação é de Camilo Motter, analista de mercado da Granoeste. Ele [produtor] ainda observa a movimentação de mercado. Neste mesmo período do ano passado, o produtor brasileiro participou intensamente das vendas antecipadas com a entrega nessa temporada, com até 60% das vendas antecipadas, principalmente no caso do Mato Grosso. “Depois disso, o agricultor adotou a postura de lentidão dos negócios. O pico de preços foi nos meses de abril e maio, com os preços no Porto de Paranaguá acima de R$ 190 a saca”, recorda. Mas hoje, apesar de certa melhora nos últimos dias, especialmente na semana passada por conta do câmbio, que chegou a R$ 5,40 e neste semana caindo consideravelmente para R$ 5,20, mesmo assim, os preços chegaram a R$ 175 na região oeste do paraná e R$ 178 no Porto de Paranaguá. “Hoje, os preços estão na faixa de R$ 167, R$ 168 na região oeste e de R$ 172, R$ 173 em Paranaguá”.

Conforme Motter, é um preço que por enquanto não interessa ao produtor. “A estratégia será a de aguardar, pelo menos até passar o período da entressafra”, prevê. Esse cenário se deve a duas razões simples: a escassez da oferta interna do grão e a retenção dos lotes remanescentes.

No Mato Grosso, por exemplo, esse momento é observado de forma constante e permanente, diferentemente do Paraná, que somente por questões pontuais e momentâneas estabeleceram negócios acima da paridade.  “Eventualmente, algumas indústrias precisaram abastecer seus estoques e arremataram o lote por preços entre R$ 2 a R$ 3 a saca, acima dos valores de exportação”.

Sobre a soja da safra nova, os produtores ainda optar por um comportamento reticente na venda. “Os negócios futuros ainda estão muito raros. Na nossa corretora, por exemplo, o volume de negócios de hoje comparado ao mesmo período do ano passado representa um décimo da movimentação anterior”. Os negócios estão muito lentos, com o produtor especulando. O preço ideal da saca de soja na região oeste para fevereiro está em R$ 163 e em março, a R$ 160. O mercado segue muito lento para a nova safra.

 

Exportações de grãos oscilando

Levantamento da Associação Nacional dos Exportadores de Cereis mostra que as exportações de soja em grão devem oscilar entre 5,99 milhões e 6,5 milhões de toneladas em agosto. No mesmo período do ano passado, as exportações bateram 5,57 milhões de toneladas. No mês passado, o Brasil embarcou perto de 8 milhões de toneladas. Os números atuais representam uma queda de 18% a 24% nos embarques em comparação com o mês passado e maiores que agosto de 2020, entre 7% e 14%. Em relação ao acumulado do ano, a Anec indica um acumulado no embarque de até 74,97 milhões até o fim de agosto.

Nesta quinta-feira pela manhã, a Companhia Nacional de Abastecimento, apresentará a perspectiva de área, produção, produtividade, exportações, importações, consumo e preços da safra 2021/22 para as culturas da soja, algodão, arroz, feijão e milho.

(Vandré Dubiela/Sou Agro)

 

Foto: Christian Rizzi

 

(Vandre Dubiela/Sou Agro)

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