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Conheça a cenoura híbrida para o verão e primavera

Liliane Dias
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O primeiro híbrido de cenoura indicado para semeios nas estações de verão e primavera, desenvolvido por uma empresa pública, será lançado no dia 22 de junho no estande da Embrapa na H ortitec 2023 – 28ª Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas , que acontece em Holambra (SP), no período de 21 a 23. A cultivar BRS Carmela  foi desenvolvida pela  Embrapa Hortaliças  (Brasília – DF) em parceria com a empresa Isla Sementes, que já está comercializando como sementes.

O lançamento será às 10h30, no estande da Embrapa, e contará com a presença do pesquisador  Agnaldo de Carvalho , da área de melhoramento genético de cenoura da Embrapa Hortaliças, responsável pelo desenvolvimento da nova cultivar, assim como de representantes da empresa parceira.

Entre os destaques da nova cultivar de cenoura está a resistência à bactéria e aos fungos causadores da queima-das-folhas, a principal doença foliar que ataca a cultura no verão, causando a desfolha da planta. Carvalho explica que a vantagem de um híbrido de verão resistente à queima-das-folhas é o cultivo durante os períodos mais quentes e chuvosos.

“Em virtude dessa característica, a BRS Carmela é capaz de chegar ao fim do ciclo sem nenhum controle químico para doenças foliares. Já os híbridos de verão que estão no mercado são apenas tolerantes. Isso significa que os produtores que usam esses híbridos precisam fazer o manejo integrado com agroquímicos para finalizar o ciclo de produção. Ou seja, podemos inferir que, com o uso da BRS Carmela, o produtor diminui os custos de produção e ainda contribui com a preservação do meio ambiente”, explicou.

A nova cultivar da Embrapa também apresenta tolerância ao nematoide-das-galhas, característica que, agregada à resistência à queima-das-folhas, possibilita o cultivo do híbrido em regiões onde as temperaturas são mais elevadas.

O período indicado para semearadura da BRS Carmela é entre os meses de outubro a março nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A colheita tem início 85 dias após a semeadura e se estende até 115 dias. Ela apresenta porte ereto, folhas verdes intensas e a altura da planta atinge cerca de 45 centímetros (cm). “O porte ereto favorece o arejamento das plantas, criando uma condição desfavorável para o agravamento de doenças foliares”, detalha Carvalho.

A nova cultivar foi testada em condições de cultivo nas principais áreas produtoras de cenoura, abrangendo quase todas as regiões brasileiras. Durante os ensaios entre cultivares, a BRS Carmela mostrou-se competitiva em relação aos híbridos disponíveis no mercado. O rendimento produtivo superou 60 toneladas por hectare (t/ha) de raízes comercializáveis

Cenoura só podia ser produzida sob clima ameno

A BRS Carmela torna-se mais um marco para a área de melhoramento genético de cenoura da Embrapa, que foi responsável pelo desenvolvimento da cenoura Brasília, cultivar de verão, na década de 1980. O pesquisador lembra que, originalmente, a hortaliça era produzida apenas em regiões de clima ameno e durante o inverno. “Desde então, a Embrapa desenvolveu diversas cultivares de polinização aberta até alcançar o híbrido BRS Carmela para o cultivo de verão, que deve incrementar a cadeia produtiva, uma vez que ele mostrou ser um material competitivo com os híbridos de verão disponíveis no mercado”, conta Carvalho.

A cultivar nova possibilita uma semeio nas estações de primavera e verão nas condições climáticas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Para a semeia no Nordeste não há restrição de mês ou de estação.

Para Carvalho, esse complemento entre cultivares de verão e de inverno permite semear e colher a hortaliça nas áreas de produção durante todo o ano. Isso explica porque a cenoura está disponível nos doze meses e, na maioria das vezes, com preços acessíveis aos consumidores. Do lado do produtor, colheitas contínuas possibilitam o fluxo de caixa para manter as despesas diárias sob controle.

O pesquisador reforça que os híbridos de verão são materiais diferenciados e responsáveis ​​por incrementar as raízes de raízes mais desejadas pelo mercado, quando cultivados em condições ideais, se comparados com cultivares de polinização aberta, conhecidas como OP. “Vale destacar que os híbridos só são aprovados quando aliados a outras tecnologias durante o cultivo. Caso contrário, não apresentar vantagem competitiva em relação às cultivares de polinização aberta”, ressalta.

Outro fator favorável ao uso do híbrido é a uniformidade que se manifesta desde a germinação até a colheita, facilitando também o manejo nas fases de cultivo e de colheita. O resultado são raízes mais uniformes e com proporção de tamanhos mais valorizados pelo mercado.

A principal doença foliar da cenoura

A queima-das-folhas é considerada a principal doença foliar da cultura da cenoura nos períodos mais quentes e chuvosos do ano. Ela é causada por um complexo de patógenos que pode envolver dois fungos,  Alternaria dauci  e  Cercospora carotae , e uma bactéria,  Xanthomonas hortorum pv. carotae , cujas predominâncias variam em função da região e da estação de cultivo. Os patógenos podem ser encontrados em múltiplos na mesma dor, planta ou lesão.

(Com Embrapa)

(Liliane Dias/Sou Agro)

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