Fertilizantes serão insuficientes para Safra de Verão, alerta Dilvo
#souagro | Fertilizantes insuficientes: o conflito no leste europeu entre Rússia e Ucrânia entra no 14º dia, com um saldo nada positivo em relação às negociações de um possível cessar-fogo. Enquanto isso, o mundo acompanha atônito as imagens de civis e soldados mortos pelas ruas da capital ucraniana Kiev e outras cidades do entorno e na fronteira. O agronegócio mundial também sente na pele os efeitos dessa devastação física e moral.
Ao participar da reunião da Sociedade Rural do Oeste do Paraná, nesta semana, em Cascavel, o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, resumiu em uma palavra a situação envolvendo a logística e comercialização de fertilizantes nestes países estratégicos e exportadores mundiais destes importantes insumos para a agricultura: gravíssima.
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INSUFICIENTES
“A situação é gravíssima. Teremos sérios problemas no Brasil sobre a questão dos fertilizantes. Temos (Brasil) fertilizantes disponíveis dentro do País para a segunda safra de milho, safra de inverno, porém, não vamos dispor de fertilizantes suficientes para atender a Safra de Verão 2022/23, por intermédio da exploração do cultivo de soja, milho, feijão e arroz, enfim, todas as grandes culturas nacionais”, descreve Dilvo Grolli.
No Brasil, as culturas respondem por 72 milhões de hectares. “Serão plantados 55 milhões de hectares a partir de outubro. O preocupante é que a matéria-prima do fertilizante não está no Brasil e não existe estoque anual”, aponta o presidente da Coopavel. “Ela (matéria-prima) é extraída das minas do Canadá, da Rússia, que por sua vez embarca para os navios, descarrega no porto, leva até as indústrias de fertilizantes, faz a composição, vai para o produtor, que realiza o plantio e inicia um novo ciclo de aquisição posteriormente. Essa é a roda viva da economia”.
Conforme Dilvo Grolli, a Rússia tem uma presença marcante no mundo e exporta milhões de toneladas de fertilizantes para os países. “O Brasil importou 85% dos fertilizantes utilizados nas safras do ano passado, ou seja, utilizamos 46 milhões de toneladas”, enfatiza o presidente da Coopavel. A guerra está provocando um boicote econômico de outros países à Rússia. “Quem vai buscar esses fertilizantes lá?”, questiona. “É a forma encontrada pelo mundo para dar o troco neste genocídio liderado pela Rússia contra uma nação livre e democrática”.
Outro agravante apontado por ele: as companhias de seguro deixaram de realizar as apólices nos países em guerra. “Não resta dúvidas, vai faltar fertilizantes no mundo”. Mesmo que a guerra acabe hoje, os reflexos serão sentidos por muito tempo. “Estão destruindo pontes, estradas, dificultando a logística de transporte. A Ucrânia é uma grande produtora de trigo e milho e essa produção não terá como ser escoada em virtude dos gargalos provocados pela guerra”. Além do mais – continua Dilvo -, a safra de lá está comprometido pois os produtores estão cedendo o combustível reservado para os cultivos para o governo ucraniano abastecer seus veículos para enfrentar os russos. “Teremos um ano de 2022 muito difícil para o agronegócio mundial, com fertilizantes insuficientes e com a recessão batendo à porta”.
(Vandré Dubiela/Sou Agro)