Araucária: árvore-símbolo do Paraná pode ser extinta em 2070
O deputado Luiz Claudio Romanelli destacou o esforço do professor Flavio Zanetti na preservação da araucária, árvore símbolo do Paraná. Engenheiro-agrônomo, doutor em Fitotecnia e professor da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Zanetti usou o quintal da própria casa onde mora como laboratório na criação de uma técnica de produção.
O professor criou uma técnica de clonagem com ciclo de crescimento acelerado e alta produtividade. “Há 35 anos, o professor Flávio Zanetti dedica a vida no estudo da araucária e esse esforço apresenta resultados que vão fazer com que a árvore símbolo do Paraná sobreviva e não seja extinta nem vire peça de museu”, disse Romanelli.
Estudos apontam que, caso o processo de derrubada de matas nativas continue no ritmo em que se encontra atualmente, em 2070 a Araucária angustifólia será definitivamente extinta. “Uma perda considerável para o meio ambiente e para o Paraná, uma vez que a araucária é uma espécie rentável e que pode gerar emprego e renda ao produtor rural”, acrescenta.
Descoberta
Na técnica utilizada, o professor Zanetti faz enxertos com o material genético da araucária de caçador, que ficou conhecida pelo recorde de produtividade. Para se chegar a resultados conclusivos e satisfatórios, o professor observou que, como em outras espécies de árvores produtivas, a exemplo da maçã, da uva e do pêssego, em que o processo de clonagem garante resultados imediatos e permanentes, o potencial de enxerto da araucária também apresenta resultados surpreendentes.
“Foi aí que eu pensei em desenvolver a enxertia de araucária e busquei outras técnicas de clonagem para clonar indivíduos superiores para formar uniformidade de pomares”, justifica o professor.
Com a pesquisa, o professor Zanetti, descobriu que é possível que esta seja a maior produtividade já conhecida até hoje no Brasil e no mundo. Em 2015, quando ele iniciou o experimento, a árvore gerou mais de 600 pinhas, resultado três vezes maior que a média de um pinheiro normal. Em 2017 os resultados dos clones começaram a aparecer. Agora, cada planta matriz apresenta 45 ramos.
“Os primeiros da base têm três ou quatro de botões florais para cada uma. Em cinco plantas temos pelo menos 55 botões, uma confirmação de que a característica genética da matriz de caçador se reproduz e se repete na sua clonagem em cima de porta-enxerto comum”, explica. Para ele, nesses 30 anos de pesquisa, ele observou que a araucária é um dom da natureza.
“É uma planta que ainda tem muito a ser explorada e estudada porque esses fenômenos que estão ocorrendo são indicativos de que a araucária ainda tem muito para nos dar, sendo mais conhecida e mais plantada. Eu não diria só preservada, porque um dia vai morrer e, se não plantar vai desaparecer”, estima.
Ainda segundo a pesquisa do professor, com a precocidade na floração, normalmente os botões começam a aparecer nas araucárias entre o fim de agosto e início de setembro. Mas, nos enxertos, eles surgiram em fevereiro, praticamente seis meses antes do normal. São esses botões florais que vão dar origem as espinhas e os pinhões. Para o professor, ainda é cedo para afirmar que essas flores precoces irão formar pinhões, pois isso depende de fatores como pólen e clima. “Mas é um bom indício do potencial dessas plantas. O importante é saber que o ciclo de crescimento acelerado e alta produtividade podem estimular o plantio da araucária nos estados e garantir a preservação da espécie”, conclui.
Preservação
Para incentivar a preservação da árvore, os deputados paranaenses aprovaram a lei 20223/2020 que incentiva o plantio sustentável de araucária com fins comerciais da planta. A autoria da lei é dos deputados Romanelli, Emerson Bacil (PSL) e Hussein Bakri (PSD), que ganhou amplo apoio dos demais parlamentares, ambientalistas e entidades que atuam na preservação do meio ambiente.
Romanelli explica que, com a lei já aprovada e em vigor no Paraná, toda pessoa que plantar Araucaria angustifolia em imóveis rurais para fins de exploração dos produtos e subprodutos madeireiros e não madeireiros oriundos do plantio, deverá cadastrar a plantação e declarar a exploração como para fins de controle de origem, devendo a propriedade ou posse rural estar devidamente inscrita no CAR (Cadastro Ambiental Rural).
A lei incentiva também a certificação florestal voluntária dos produtos madeireiros e não madeireiros oriundos dessas plantações de araucária. Ainda segundo Romanelli, pela lei, “é permitida a formação de cooperativas de agricultores para o plantio e exploração de plantação de araucária, bem como a educação do campo e ambiental dos agricultores sobre espécies em extinção e a importância da preservação dos remanescentes naturais”.
“Essa lei promove um avanço significativo na preservação da araucária, porque, além da madeira, a exploração vai permitir a utilização de seus subprodutos. Isso é importante como atividade econômica. Construímos um texto incontroverso. O Paraná vai poder plantar e explorar a araucária com toda segurança jurídica”, observa.
O plantio de árvore para fins de exploração econômica na modalidade direta não poderá ocorrer, e, nem tampouco ser registrado em APPs (Áreas de Preservação Permanente), em áreas de reserva legal e nem áreas de remanescentes de vegetação nativa onde o desmatamento de vegetação nativa do bioma Mata Atlântica tenha ocorrido de forma ilegal.
Fonte: ALEP