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Erva-mate: produção do PR pode ter reconhecimento internacional

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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Uma visita técnica que percorrerá três municípios durante dois dias (10 e 11 de dezembro) pode garantir reconhecimento internacional ao modo tradicional, agroecológico e familiar de produzir erva-mate no Paraná. Durante este período, propriedades nos municípios de Irati, São João do Triunfo e São Mateus do Sul, no interior do Paraná, receberão representantes da diretoria no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento — além de prefeitos da região, lideranças comunitárias, de sindicatos de trabalhadores rurais, pesquisadores e outros agricultores.

O reconhecimento internacional é concedido pela FAO no âmbito do programa Sistemas Importantes do Patrimônio Agrícola Mundial (SIPAM), coordenado por este braço da ONU. São modelos exemplares que aliam a produção agrícola à manutenção de tradições, valorização social, saberes e técnicas populares, bem como auxiliam na preservação do meio ambiente.

 

Ao redor do mundo, a FAO reconhece 62 sistemas agrícolas, em 22 países. Destes, apenas quatro são na América Latina. O “Sistema Tradicional e Agroecológico de Erva-mate na Floresta com Araucária” é candidato a ser a segunda iniciativa brasileira ao programa SIPAM – a primeira foi o reconhecimento às comunidades apanhadoras de flores sempre-vivas, na Serra do Espinhaço em Minas Gerais.

Candidatura

Os agricultores tradicionais e agroecológicos paranaenses estão trabalhando desde março de 2020 para viabilizar a candidatura da qualificação como sítio do patrimônio agrícola mundial. Durante este período, nem mesmo a pandemia interrompeu diálogos virtuais e a busca de informações para compor um dossiê de mais de 80 páginas com detalhes sobre os sistemas.

 

A mobilização dos agricultores para a candidatura ao SIPAM tem a liderança do Observatório dos Sistemas Tradicionais e Agroecológicos de Erva-mate, lançado em 2019. É uma iniciativa que reúne mais de 20 instituições, como sindicatos de trabalhadores rurais, prefeituras, centros de pesquisa, universidades e organizações do Terceiro Setor.

Erva-mate

A erva-mate é uma espécie nativa de ecossistemas da região, principalmente usada no preparo de bebidas como chimarrão, tererê e infusões (“chá mate”). Além das bebidas, a planta também é usada como ingrediente em outros produtos alimentícios, fármacos e cosméticos.

 

A produção tradicional de erva-mate do Centro-Sul e Sudeste do Paraná envolve aproximadamente 7 mil agricultores familiares e é cultivada em modo agroecológico junto a remanescentes de Floresta com Araucária. Também se desenvolve em comunidades tradicionais, como faxinais e terras indígenas. Os cultivos agregam conhecimentos e saberes tradicionais e ancestrais, e se consorciam com a vegetação nativa, aproveitando a iluminação e sombreamento sobre as plantas, bem como os nutrientes providos pela própria floresta — dispensando, assim, a necessidade de insumos químicos, como agrotóxicos e adubos.

 

(Débora Damasceno/Sou Agro – FONTE: FAO/ FOTO: Embrapa)

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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