Crise na suinocultura afeta cadeia produtiva e gera preocupação
#souagro| A gente vem acompanhando nos últimos meses a crise enfrentada pelos suinocultores. Os produtores de suínos pedem por mudanças e melhorias para que o setor possa continuar as atividades sem tantos prejuízos.
A conquista do certificado de área livre de febre aftosa sem vacinação pelo Paraná, que completou um ano, é comemorada pelas lideranças do estado e integrantes da cadeia produtiva da agropecuária. Para o médico veterinário, empresário e suinocultor Francisco “Chico” Dalcastel, são avanços significativos, especialmente na ampliação dos mercados internacionais, tanto para a carne suína, como bovina. “Abriu-se uma grande porta para o Brasil em países com regimes sanitários mais exigentes, como na Europa”, diz.
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Mas essa comemoração é contida pelo momento de crise que afeta a suinocultura. Chico Dalcastel revela sua preocupação quanto aos custos de produção da suinocultura, que estão muito acima dos preços praticados pelo mercado, em uma conta que não fecha e causa prejuízos incalculáveis para os produtores. “Se nada ocorrer de mudanças ao longo dos próximos sessenta dias, as coisas ficarão muito mais complicadas, não só para os produtores paranaenses, como de outros estados também”, comenta, afirmando que os custos do milho e farelo, componentes da ração, estão muito altos, enquanto o preço da carne suína está com valores baixos demais.
Dalcastel tem negócios em Toledo, maior produtor de suínos do Brasil, com 1,2 milhão de animais, de acordo com a o último levantamento da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), do IBGE.
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A maior das crises
Para Chico, a suinocultura viveu historicamente várias crises, mas nenhuma comparada com o momento atual, em que o produtor tem em média R$ 200 de prejuízo por animal. “Isso causa reflexos em toda a cadeia produtiva e para a economia em geral. Já acontece na loja, com a queda nas vendas de produtos, além de observarmos o crescimento da inadimplência”, diz.
Ações dos governos na tributação e controle da produção
Para o médico veterinário e empreendedor, os governos em todos os níveis precisam agir em auxílio dos produtores. Essa ação, segundo ele, passa por questões tributárias em auxílio ao setor neste momento de grave crise, como também de atitudes no sentido de se limitar a produção para que não haja tanto excedente no mercado, que é um dos fatores do quadro atual. “Hoje, ocorrem aumentos dos plantéis sem critérios, é tudo muito fácil, mas chega uma hora que tudo isso extrapola, contribuindo para o quadro de crise. Deveria haver limites de produção, como acontece em outros países, levando em conta as áreas disponíveis para a destinação dos dejetos e os locais de venda da produção excedente”, opina.
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Dalcastel prevê consequências catastróficas se não tiver mudanças do quadro atual, começando pela diminuição de matrizes, do consumo de milho e farelo, até o encerramento de atividades por muitos produtores. O resultado seria um efeito em cadeia, com prejuízos inestimáveis para os municípios, especialmente no Oeste do Paraná onde a suinocultura tem um peso muito forte na arrecadação de receitas. “Sem dinheiro, o produtor compra menos roupas, equipamentos, veículos, eletrodomésticos e até o que ele vai por na mesa no almoço e no jantar. O agronegócio praticamente comanda o país. Em havendo crise num dos setores importantes do agro, todos perdem”, finaliza.
(Débora Damasceno/Sou Agro com Assessoria APS)
(Foto: Agência Brasil)