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Vendas de suínos aumentam, mas produtor não sente o reflexo positivo

Débora Damasceno
Débora Damasceno
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#souagro| O último levantamento da Associação Brasileira de Proteína Animal, (ABPA) sobre as exportações brasileiras de suínos (considerando todos os produtos, entre in natura e processados), apontou que 146,1 mil toneladas foram exportadas no primeiro bimestre de 2022, volume 1,3% superior ao mesmo período de 2021. Falando em valores, nos dois primeiros meses de 2022 a receita acumulada chegou a US$ 308,2 milhões, número 7,2% menor que  2021, quando foram obtidos US$ 332,2 milhões.

A China é o principal destino das exportações brasileiras de carne suína e importou no primeiro bimestre deste ano 53 mil toneladas (-28,5%). Se consolidando entre os principais importadores, as Filipinas importaram no período 9,6 mil toneladas (+471,6%). Outros destaques foram a Argentina, com 8,1 mil toneladas (+76,6%) e Singapura, com 7,3 mil toneladas (+27,1%).

SUÍNOS

PRODUTORES NÃO SENTEM REFLEXOS POSITIVOS

Quando saem esses resultados positivos dá a impressão de que a situação do suinocultores está melhorando, mas nas propriedades, a realidade é outra. Quem depende da suinocultura para sobreviver tem enfrentado muitas dificuldades, como é o caso do Alexandre Briccius que trabalha com suínos em Toledo no Oeste do Paraná. E na propriedade familiar esse resultado do aumento das exportações ainda não foi sentido diretamente e tem produtor até desistindo da atividade: “Mesmo diante do aumento da exportação, nós produtores ainda não sentimos nos resultados, o beneficio da produção, pelo contrário, a atividade ainda pede socorro. A suinocultura já vem há algum tempo sofrendo penalidades devido ao alto custo para se produzir e nos últimos meses vem se ouvindo produtores mais especificamente que trabalham com o ciclo completo encerrando suas produções de suínos. Hoje o que vem mais impactando é a baixa remuneração, diferente de outras culturas e atividades que estão valorizadas na agricultura, a suinocultura não acompanhou as altas de todo o mercado”, detalha Alexandre.

 

ALTOS CUSTOS NÃO PERMITEM CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO

Para quem trabalha com suínos e pretende permanecer na atividade, um dos maiores desejos é aumentar a produção, mas a alta nos custos inviabiliza que isso aconteça: “A nossa produção é uma produção de terminação. Eu sempre gosto de comentar com o pessoal que hoje nós temos mil animais. Nós alojamos  mil animais, mas a vontade era de aumentar a produção para uns dois mil, três mil até o volume que fosse possível,  porém o custo hoje para você ampliar é muito alto, muito caro e fica totalmente inviável pelo que você recebe. Você fazendo um cálculo é algo que não se paga, a conta não fecha”, explica Alexandre.

“Outro ponto também que que eu gosto de utilizar como exemplo é comparar com a produção de boi. O boi se tornou viável ainda está produzindo, tudo certo por conta que arroba aí chegou a R$ 350, R$380. Então assim, mesmo com os insumos altos para produzir um boi,  o valor subiu também, o valor bem consideravelmente. Dando assim lucro, um baita lucro para a atividade. Mas na suinocultura as coisas subiram, fez um processo totalmente inverso, as coisas subiram e o suíno abaixou, ficou muito complicado”, diz Alexandre.

 

O QUE SEGURA OS PRODUTORES NA ATIVIDADE?

Atualmente quem permanece na atividade geralmente já tem uma segunda renda para conseguir manter os custos da família. Na maioria dos casos se manter na suinocultura, é para não abandonar uma tradição familiar, como é o caso do Alexandre: “O que me segura trabalhando na atividade é a tradição da família em lidar com a suinocultura e ter crescido dentro da atividade criando um amor pela suinocultura. É algo nosso é uma empresa particular nossa, porém deveria ter uma valorização melhor para criar raízes aqui e expandir ainda mais o negócio. Faço isso também por todo amor que meus pais sempre colocaram na atividade, a suinocultura é o xodó deles. Minha ideia é manter continuar e expandir. Quem sabe as coisas melhoram e chegamos lá”, finaliza Alexandre.

 

(Débora Damasceno/ Sou Agro – Fotos: Alexandre Briccius)

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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