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Produtores relatam dificuldades para se manter na atividade

Vandre Dubiela
Vandre Dubiela
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#souagro | As dificuldades do homem do campo: resiliência é a capacidade de se adaptar a situações difíceis ou de fontes significativas de estresse. Na prática, quer dizer que diante de uma adversidade, a pessoa utiliza sua força interior para se recuperar. Apesar de todos os esforços e da luta diária para se manter no meio rural, muitos produtores já admitem abrir mão de algumas atividades, cansados de tantas adversidades enfrentadas nos últimos tempos. Como se já não bastasse os reflexos provocados pela pandemia do novo coronavirus, das quebras ocasionadas pelas intermpéries climáticas, agora, precisam se desdobrar para enfrentar outras situações adversas, como as sucessivas altas nos preços dos insumos.

Para muitos, a gota d´água nesta semana foi o aumento no preço do óleo diesel, um dos principais componentes da agricultura para garantir logística e produtividade. Essas frustrações têm levado os produtores rurais a inclusive, acenar com a possibilidade de deixar a atividade. É o caso do produtor de leite Valdir Nunes, morador de Linha Silva Jardim, em Cafelândia, no oeste paranaense

Em entrevista concedida ao Portal Sou Agro, ele é um dos que admitiu as dificuldades e de estar disposto a abandonar as vacas e se dedicar única e exclusivamente à suinocultura. “Esta alta do diesel acabou de vez com a esperança de permanecer na produção de leite”, admite ele, que tem 70 vacas em lactação, porém, já iniciou o processo de secagem do leite nas vacas. “O investimento que preciso fazer no diesel não cobre sequer os custos na atividade”, disse o produtor, que trabalha com a produção de leite há 27 anos e nunca havia enfrentado um cenário tão desolador no campo. “Não tem como competir. É só fazer as contas: o preço do litro de leite pago ao produtor é de R$ 1,64 e o custo da ração é de R$ 2,18 o quilo, e agora, para piorar, temos mais esta alta do diesel”, lamenta. Todos os meses, preciso dar conta do prejuízo de R$ 4 mil a R$ 5 mil”. Será questão de dias para seu Valdir Nunes e a esposa deixaram a produção de leite e dedicar atenção apenas aos 1.200 suínos produzidos por meio de integração.

O agricultor Haroldo Stocker, de Linha Centralito, em Cascavel, não fala em desistir da atividade, mas também sentiu os efeitos de mais um aumento nos preços do óleo diesel. Ao conversar com a equipe de reportagem do Portal Sou Agro, ele conta que em janeiro do ano passado, 200 litros de óleo diesel custavam R$ 540. Hoje, o mesmo montante não sai por menos de R$ 1.260,00. “Tem que ser persistente, caso contrário, desiste da atividade. É preciso queimar gordura de todos os lados, mas não sei até quando isso será possível”. Ele conta que ultimamente tem trabalhado há oito meses no vermelho e para “ajudar”, a produção foi fraca por conta da quebra. “Estamos produzindo apenas para pagar os insumos”.

 

 

Ele também utiliza como exemplo os sucessivos aumentos nos preços dos fertilizantes e as dificuldades, devido à escassez e os reflexos da guerra entre Rússia e Ucrânia, que hoje entra no 21º dia de combate. “No ano passado paguei R$ 1.900 pela tonelada e este ano, já tive que desembolsar R$ 4.900 pelo mesmo montante”, comenta. “O pior de tudo, é que não sabemos se vamos receber o produto, por conta dos gargalos logísticos”, diz Haroldo Stocker, que investe no plantio de uma área de 40 alqueires.

(Vandré Dubiela/Sou Agro)

 

(Vandre Dubiela/Sou Agro)

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