guerra

Guerra gera impactos, mas também dá oportunidades ao agro do PR

Débora Damasceno
Débora Damasceno
guerra

#souagro| Desde que a guerra entre Rússia e Ucrânia começou, a gente vem acompanhando os reflexos que o conflito trouxe para o Brasil. Muito se fala sobre o aumento nos preços e a falta no abastecimento de vários produtos.

Quando falamos em agronegócio, os fertilizantes estão aparecendo muito nas manchetes, afinal existe preocupação com a falta desses produtos. Por conta disso, a jornalista Sirlei Benetti conversou com Salatiel Turra, chefe do Deral Paraná sobre os reflexos no agro paranaense, durante uma live.

ASSISTA A LIVE COMPLETA: 

 

Durante a conversa, Salatiel destacou vários pontos importantes que estão na live completa. Mas alguns pontos serão destacados aqui como por exemplo, o que o Paraná tem de relação com os países em guerra: “Os fertilizantes são um dos principais insumos para aumentar a produtividade dos nossos produtos, principalmente da soja, do milho, trigo e feijão. A Rússia é a principal exportadora de fertilizantes, o Paraná e o Brasil como um todo importam aproximadamente 80% dos fertilizantes. Isso pode impactar diretamente na economia do nosso estado, 26% dos fertilizantes importados pelo Paraná são da Rússia, em uma guerra que está ocorrendo hoje traz consequências para as pessoas que estão vivenciando aquilo, sociais como um todo, mas também consequências econômicas, seja de um modo direto ou indireto. Para o nosso estado especificamente nós temos relações comerciais principalmente na aquisição de fertilizantes, mas nós também temos trocas de produtos, principalmente Rússia, mas também Ucrânia. Com a Rússia, nosso estado exporta café, açúcar e também carne bovina, não muito expressivo, mas tem essa relação. Com a Ucrânia no sentido de importação de cigarros, exportação do Paraná de café e açúcar. Então esses dois países têm uma importância significativa, principalmente nos fertilizantes. Nós já estávamos sentindo, temos também uma relação com a Bielorrúsia e lá se produz 1/4 de toda produção de potássio nacional. Então nós já tínhamos dificuldade de trazer os fertilizantes deste país e aí veio Covid que também favoreceu essas dificuldades, e agora a questão da guerra que também trouxe dificuldades”, detalha Salatiel.

 

Ainda no bate papo, Salatiel explica que essas dificuldades se dão principalmente pelas sanções econômicas que a Rússia sofreu depois de invadir a Ucrânia: “A restrição de compra nos produtos que a Rússia produz, ou seja, nós não estamos conseguindo trazer esses produtos para cá. Além disso, o mar negro que é utilizado para logística, também está sendo evitado por conta desse momento de guerra, então esses fatores trazem uma consequência bastante direta para o nosso estado porque vai aumentar o custo, já que vamos ter que achar fontes alternativas para trazer esse produto”, explica Salatiel.

Sobre a safra, o chefe do Deral garante que para a safra em andamento não haverá dificuldades com abastecimento de fertilizantes: ” Os produtores e as cooperativas têm uma certa antecedência na compra desses fertilizantes e tem um estoque acumulado para garantir a safra. Agora para o próxima safra 2022/23 eu não diria que faltaria o produto, mas nós vamos ter dificuldade. Vamos pagar muito caro, os custos de produção serão bastante significativos  e os reflexos serão em toda economia. O consumidor vai pagar mais”, explica Salatiel.

OPORTUNIDADES

A guerra tem muitos reflexos negativos, mas também dá ao Paraná novas oportunidades de mercado: “Nós podemos aumentar o mercado ainda mais de exportação para Arábia Saudita de frango. Temos também os preços significativos recebidos pelos produtores quando comparados a outros momentos. Um exemplo é a soja a R$200,79 a saca na média do estado, tem balcões pagando mais. Milho R$ 97 a saca de 60 kg, o feijão R$300 a saca de 60 kg e o trigo nós chegamos a R$ 100 a saca de 60 kg. Claro que as ameaças existem e devem ser destacadas, só que eu acredito que aquele produtor que tem uma condição de fazer um planejamento da sua propriedade, essa pessoa vai conseguir ter uma margem de lucro maior, mesmo tendo um alto custo de produção. O milho ele também pode ser utilizado como alimentação para proteína animal. Outra oportunidade é a cana de açúcar e o milho para produção do etanol, uma vez que o combustível aumenta, então pode ser que aumente a área plantada e seja uma oportunidade para os produtores dessas commodities, esses são as principais oportunidades”, finaliza Salatiel.

 

Governo se reúne com setor produtivo para discutir impactos da guerra – (AEN)

Paralelo a live do portal Sou Agro, representantes do Governo do Paraná, da indústria e do setor produtivo estiveram reunidos para discutir as consequências e impactos diretos à economia do Estado da invasão russa na Ucrânia. A guerra já dura 15 dias e tem impacto direto nas relações comerciais entre os países envolvidos e o Paraná.

O chefe da Casa Civil, João Carlos Ortega, convocou uma reunião para alinhar com os setores soluções práticas para o enfrentamento da crise econômica. Participaram do encontro o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Carlos Walter Martins, o superintendente do Sistema Ocepar, Nelson Costa, o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, o presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE, Wilson Bley Lipski e o diretor-geral da Casa Civil, Luciano Borges.

 

Para Ortega, é essencial que governo e setores trabalhem juntos na busca de recursos que possam mitigar os impactos da guerra no Estado. “A iniciativa do Governo do Paraná para atrair soluções conjuntas aos setores reforça o protagonismo do Estado e a disposição do governador Ratinho Junior na gestão de crises. Estamos diante de um momento histórico, com impactos que ainda não podemos dimensionar em sua totalidade, mas que certamente pedem medidas conjuntas e assertivas, no sentido de encontrar os meios necessários de superação”, afirmou o secretário.

As relações econômicas e comerciais entre Paraná, Rússia e Ucrânia são extensas e o fechamento de portos do Leste Europeu, assim como as sanções da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), atingem os principais indicadores econômicos que interferem diretamente nos preços do barril do petróleo, nas commodities, nos insumos agrícolas e outros setores.

As atividades econômicas devem sofrer impactos em diversas frentes, como o aumento na taxa de juros, a falta de insumos e a desvalorização do câmbio.

À frente da pasta da Agricultura, Norberto Ortigara apresentou o cenário do agronegócio no Estado, que já vem enfrentado a crise da estiagem desde de 2019. Um relatório atualizado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, estima prejuízo prévio de R$ 25,6 bilhões na safra de grãos do Paraná em 2021/22 em razão da crise hídrica que atinge o Estado de forma severa.

 

“A falta de insumos agrícolas, principalmente do setor de fertilizantes, tende a agravar a situação do agronegócio. É fundamental que neste momento estejamos alinhados em buscas das alternativas práticas e viáveis para socorrer o setor”, explicou.

Os reflexos da crise também preocupam os empresários paranaenses. O setor industrial deve sentir diretamente o aumento nos preços do ferro, alumínio e cobre. Os fretes devem sofrer uma alta impulsionada pela recente disparada do preço do barril de petróleo. No campo, a preocupação é com os insumos e as exportações agrícolas.

“Tenho certeza que encontraremos soluções. Vamos olhar para todos os setores envolvidos em busca de alternativas imediatas que devem se estender a toda a população paranaense”, arrematou Ortega.

 

 

(Débora Damasceno/ Sou Agro)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

Entre em um
dos grupos!

Mais Lidas

Notícias Relacionadas