Ortigara

“2021 perdemos muita safra e não será surpresa se acontecer em 2022”, diz Ortigara

Débora Damasceno
Débora Damasceno
Ortigara

#souagro| 2021 foi um ano muito desafiador para a agricultura paranaense. Muitas situações marcaram o trabalho no campo. Com a proximidade de 2022 o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, falou sobre os resultados deste ano e também das perspectivas para o ano que está chegando.

PERDAS EM 2021

“Este ano foi marcado por uma profunda crise climática. A continuidade da crise hídrica já começada em 2020 é uma das mais severas da história e pelo menos três eventos de geadas severas. No conjunto, esses dois problemas: falta de água e geadas provocaram aí uma perda bilionária. Nós perdemos, por exemplo, mais de 9 milhões de toneladas do milho da segunda safra, mas também perdemos aveia, trigo, cevada, cana, laranja pelo terceiro ano seguido, hortifrutigranjeiros, enfim um conjunto grande de perdas que superam R$ 13 a 15 bilhões”, detalha Ortigara.

 

AUMENTO DE CUSTOS

O ano 2021 também foi marcado pela elevação dos custos o que também afetou muito a agricultura: “Mais dinheiro para fazer as mesmas coisas. A pandemia ela acabou subtraindo ou desarticulando as cadeias mundiais de suprimento que junto com questões de geopolítica, briga entre países e também pela desvalorização do nosso real, acabou aumentando drasticamente custos, preço de máquina, implementos, equipamentos agrícolas, fertilizantes por exemplo, caros demais. Então é um custo que tá chegando, o agricultor normalmente não forma o preço, ele recebe o preço pelo mercado. Quando ele não tem domínio nem de custo, nem de preço a coisa fica ruim”, diz Ortigara.

 

REPOSICIONAMENTO SANITÁRIO

Mas 2021 também foi marcado por resultados importantes no Paraná, foi um ano do reposicionamento sanitário do estado: “E depois de muito tempo, nós trabalhando mais de cinco décadas, conseguimos carimbar no mundo o nosso conceito de área livre de febre aftosa sem vacinação. E também o isolamento do estado do Paraná para área livre de peste suína clássica como um estado independente, isso significa um passaporte bilionário, e se bem usado, pode trazer muito dinheiro para o Brasil, pois gera oportunidade de nós disputarmos mercados que nós não podíamos disputar porque ainda vacinávamos o nosso rebanho. Então é uma ótima sinalização e está estimulando grandes investimentos no estado do Paraná em agroindústrias, de qualquer tamanho”, explica Ortigara.

 

SUINOCULTURA

Segundo o secretário, o setor de suinocultura tende a crescer até 70% nos próximos 5 anos podendo levar o Paraná a liderança na produção: “Nós abatemos agora cerca de 10 milhões de suínos por ano e vamos chegar a 16, 17 só pelos os anúncios feitos. ”

PISCICULTURA

O Paraná também tem grandes investimentos no setor da piscicultura segundo Ortigara: “Paraná lidera, está expandindo a produção que cresce de 10 a 15% ao ano, está recebendo aí pelo menos mais três bons frigoríficos. ”

SETOR LEITEIRO

O setor de leite também tem recebido muitos investimentos: “Esses investimentos podem qualificar nossa produção de derivados para disputar o mercado mundial”, diz Ortigara.

 

PRODUÇÃO DE MALTE E RAÇÕES

“Há um grande investimento na produção de malte, ampliando a chance de produzir cevada aqui dentro e também investimentos na produção de rações para todos os usos”, detalha Ortigara.

PRODUÇÃO DE FRANGO

“Estamos dando continuidade no processo de expansão da produção de frango de corte, o Paraná que é líder na produção com mais de um terço. Líder na exportação com mais de 40%.”

 

EXPORTAÇÕES

Mesmo que 2021 tenha esse peso do quadro climático difícil, com custos altos, as exportações tiveram resultados interessante: “O Paraná ele é agro dependente. Mais de 80% cento do esforço exportador do Paraná, vem do setor agroagrícola e agroindustrial. As nossas exportações janeiro a novembro cresceram mais de 11% e o setor de carnes em geral quando a gente fala carne é boi, porco, frango, no conjunto cresceram em dólar mais de 18%.

CARNES

“O frango de corte teve uma expansão de volume físico mais de 8% e conseguiu recuperar preços especialmente dos cortes mais nobres do frango e que trouxeram pra cá um crescimento de 20% de receita em dólar. Suinocultura também continua em expansão por força da restrição de produção na China. Aquele país é o maior produtor e consumidor do mundo e por isso a nossa produção está crescendo. Nossas exportações em volume físico cresceram mais de 10% e houve valorização. Nós crescemos pelo menos  13% em dólar”, detalha Ortigara.

 

AÇÚCAR

O açúcar que já havia iniciado uma recuperação interessante em 2020, neste ano continuou expandindo, houve um crescimento de receita de pelo menos 8% em dólar.

SETOR FLORESTAL

O Paraná tem a cadeia mais organizada do Brasil e houve também recuperação de preços junto com expansão do volume físico: madeira cerrada, laminados, placas, celulose, papel, houve um crescimento aí de mais de 40% em valor.

FÉCULA DE MANDIOCA

A fécula de mandioca que o Paraná produz pelo menos 65% da produção brasileira fez crescer suas exportações e houve um crescimento em receita em dólar de mais de 72%: “São riquezas vindas para o Brasil, ajudando aí a manter boas reservas no Banco Central, para não quebrar de vez o Brasil”, diz Ortigara.

 

INVESTIMENTOS NO SETOR

O secretário afirma que 2021 foi o ano de consolidar boas políticas, Ortigara citou os vários programas que foram criados para vários setores do agro, como o Paraná trifásico que deve garantir melhorias na entrega de energia elétrica no campo. O Coopera Paraná que é um programa de incentivo as pequenas cooperativas. A política emergencial na pandemia que é o programa de compra direta com distribuição simultânea de alimentos comprados de pequenas cooperativas e associações de produtores. O banco do agricultor que é uma iniciativa que visa reduzir o custo do investimento especialmente para os agricultores familiares, além da pavimentação de estradas rurais, entre muitos outros anunciados ao longo do ano.

 

PERSPECTIVAS PARA 2022

Ortigara diz que 2022 não será um ano muito diferente: “Em 2021 nós perdemos muita safra e a produção foi encolhida e tínhamos a perspectiva de ter uma boa recuperação. Plantamos toda a safra de primavera verão com expansão diária e perspectiva de crescer bem a produção. Entretanto a ausência de chuvas regulares pelo fenômeno La Niña que é nada mais do que o resfriamento das águas do pacífico que provoca menos chuvas aqui no sul do Brasil. Então estamos enfrentando uma seca danada que está fazendo perder milho de primavera, soja e feijão e outras coisas. Então não será surpresa se a gente tiver perdas em 2022. ”

“Mas temos aí  de fazer uma boa safra de milho, a chamada safrinha que se planta a partir de metade de janeiro, uma segunda, uma terceira safra de feijão, o nosso esforço em expandir a produção de cereais e inverno no Paraná, num apelo aí das cooperativas que tem em moinhos no interior fazendo uso racional do solo no inverno especialmente nessa parte mais centro-sul onde não há onde não há a chance de fazer a produção de milho safrinha e também por força aí já na perspectiva de uma nova maltaria, fazer  ampliação da produção de cevada cervejeira”, ressalta Ortigara.

 

Ainda segundo o secretário, no ano que vem os grandes investimentos agroindustriais em qualquer porte devem continuar: “Uma pequena cooperativa fazendo a sua agroindústria ou uma grande cooperativa, uma grande indústria instalando um novo frigorífico, uma nova indústria de processamento para agregar valor à nossa produção. Ao mesmo tempo em que como já fizemos a partir de setembro desse ano, retomando com cuidado, o turismo rural,  uma fonte boa de receita pros agricultores na forma até de financiamento a juro zero ou 1,5% ao ano para prover o meio rural de boas condições de receber os visitantes, então nós já retomamos vamos continuar em 2022.

BANDEIRAS INTERNACIONAIS

Haverá um esforço de fixar bandeiras paranaenses no mercado mundial de proteínas animais: “Isso é fruto desse esforço da conquista do selo de área livre da aftosa. Esse processo continua, estamos negociando com países, preenchendo os questionários para que o Paraná possa ingressar em mercados que antes ele não tinha acesso”, diz Ortigaram

 

OTIMISMO

“Nós estamos otimistas mesmo que pese o quadro ruim, climático, com essa perspectiva de crescimento da nossa economia a partir da sua principal vocação que é ser agronegócio. É por isso que a gente faz esse esforço, dosando as políticas públicas, incentivando o setor privado a investir, apoiando nas suas necessidades porque é fonte de geração de muitas oportunidades e emprego para os paranaenses.”, finaliza Ortigara.

 

(Débora Damasceno/ Sou Agro)

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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