Produtores do Sul protestam por renegociação de dívidas rurais

Fernanda Toigo

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Foto: Reprodução

Produtores das regiões Norte e Noroeste do Rio Grande do Sul se mobilizaram nesta quarta-feira (13) em uma manifestação em defesa da renegociação das dívidas rurais, em meio aos prejuízos causados pela estiagem que atingiu o Estado e afetou a safra de verão.

A mobilização dos produtores teve início por volta das 9h na BR-386, no km 213, em Tio Hugo, no Norte do Estado. Agricultores de outros 16 municípios da região também participaram do protesto na rodovia, formando um grupo de aproximadamente 120 pessoas. Segundo um dos participantes, Diemerson Borghardt, o principal objetivo é pressionar por uma securitização das dívidas, uma medida que facilitaria o acesso ao crédito e traria alívio financeiro aos agricultores que enfrentam dificuldades.

“Nosso movimento de produtores é para chamar a atenção do governo federal. Não temos uma liderança única, é uma mobilização de todos os produtores. Chegamos ao limite, estamos cansados de esperar que as coisas mudem”, afirmou Borghardt.

Apesar do grande número de produtores  participantes, o trânsito na rodovia não foi interrompido durante a manifestação.

Na mesma manhã, em Cruz Alta, no Noroeste gaúcho, outros produtores também participaram de uma ação semelhante. O protesto começou às 10h no entroncamento da BR-377 com a BR-158, reunindo cerca de 50 pessoas.

Além dessas regiões, outras 10 cidades gaúchas tiveram manifestações nesta terça-feira, incluindo Júlio de Castilhos, São Sepé, Pantano Grande, São Pedro do Sul, São Vicente do Sul, Cacequi, Guarani das Missões, Vila Nova do Sul, São Gabriel e Formigueiro.

Porém, nem todos os representantes do governo estão abertos à ideia de securitização. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que a proposta de securitização compromete o fundo do Plano Safra, previsto para ser lançado em junho. Ele também destacou que há desigualdade na aplicação dessa medida, já que nem todos os agricultores precisariam renegociar suas dívidas.

Questionado sobre alternativas, o ministro disse que irá reunir entidades do setor para discutir possíveis soluções, mas deixou claro que a ideia de securitização não é considerada viável no momento.

Nota da Farsul

A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) publicou uma nota lamentando e tornando pública a sua preocupação com a falta de ações efetivas do governo federal em relação às perdas ocorridas no Rio Grande do Sul. Confira na íntegra:

“Como é bastante conhecido pelo governo federal, o Rio Grande do Sul enfrenta uma crise de perdas decorrentes do clima sem precedentes na sua História, o que gerou um atraso econômico irrecuperável em relação aos demais estados e um endividamento de dimensão e perfil inadministráveis para um grande contingente de produtores gaúchos.

E importante destacar que, apesar de todas as assustadoras informações de perdas e de endividamento relatadas pela Farsul ao governo federal, até este momento não tivemos sequer a publicação do voto do Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizando as instituições financeiras a cumprirem aquilo que já consta no Manual do Crédito Rural (MCR), apesar da reunião extraordinária da sexta-feira passada. Esta premeditada falta de ação tem gerado um verdadeiro caos, pois estamos em época de pleno vencimento de custeios, investimentos e prorrogações e o governo sabe perfeitamente disso, mas ao não votar a prorrogação opta por enviar centenas de milhares de produtores gaúchos para inadimplência ou para busca de soluções com juros de 2% a 3% ao mês.

Além do mais, a maior parte da dívida foi realizada com recursos livres, o que exige a criação de uma linha do Fundo Social do Pré-sal que até agora não se avançou de forma consistente.

O remédio, se chegar, de novo será pequeno, restrito e atrasado, diferente dos discursos e dos “outdoors” espalhados pelo país.”

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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